POLÍTICA AGRÍCOLA: Governo destina mais R$ 55 milhões para seguro rural
Foram empenhados R$ 55 milhões para subvenção ao prêmio do seguro rural no último dia 28 de dezembro, por meio de medida provisória destinada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Com esse crédito extraordinário, chega a R$ 329 milhões o total destinado para subsídio em 2012 – alta de 30% em relação ao ano passado. Inicialmente, estavam previstos para este ano R$ 274 milhões, dos quais R$ 100 milhões foram autorizados na semana passada por meio da Lei 12.752/2012. A verba será disponibilizada para as seguradoras habilitadas no Programa de Subvenção Federal. Para 2013, o Plano Trienal do Seguro Rural (PTSR) do Mapa prevê R$ 400 milhões em recursos, com valores maiores nos anos seguintes (R$ 459 milhões em 2014 e R$ 505 milhões em 2015).
Saiba mais - O seguro rural é, atualmente, um dos mais importantes instrumentos de política agrícola que ajudam a promover o desenvolvimento do setor. Essa modalidade de garantia – que protege as atividades agropecuárias contra os fenômenos climáticos adversos – é indispensável à estabilidade da renda, à geração de emprego, ao desenvolvimento e a maior tranquilidade ao produtor rural. De 2005 a 2011, o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) disponibilizou R$ 963,1 milhões. No ano passado, foram adquiridas por meio dessa modalidade 57.885 apólices, por 40,1 mil produtores, garantindo capitais na ordem de 7,3 bilhões e cobertura securitária para 5,6 milhões de hectares. (Mapa)
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SOJA: Portos paranaenses se preparam para nova safra recorde do grão
Com previsão de novo recorde na safra de grãos, os portos do Paraná se preparam para atender a demanda que, em 2013, deve ser intensa já a partir de janeiro. Com os terminais que atuam no Corredor de Exportação do Porto de Paranaguá, a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) adota medidas para que a safra escoe com segurança e tranquilidade.
Novas rotas - Entre as ações, está a campanha de orientação dos caminhoneiros quanto às novas rotas para a descarga. “As novas rotas começaram a valer em dezembro, mas é preciso reforçar. Por isso, vamos distribuir os mapas nas praças de pedágio e, em outdoors, lembrar que se todos fizerem sua parte, não teremos problemas durante a safra. Sem filas, garantimos o bom fluxo dos grãos e reduzimos a espera – tanto em terra quanto no mar”, afirma o superintendente da Appa, Luiz Henrique Dividino.
Medidas administrativas - Segundo Dividino, sem folga entre a safra de 2012 e a próxima, as medidas administrativas são essenciais. “Ainda estamos escoando a super safra de milho, pensando no recorde da próxima safra de soja. Sem intervalo, vamos mantendo o diálogo e nos alinhando com os operadores para fazer as coisas andarem. A orientação do Governador Beto Richa é fazer de tudo para que todos sejam bem atendidos durante a safra, principalmente o homem do campo que trabalha de sol a sol para ver seu produto chegar ao destino final”, completa.
Previsões – Segundo dados divulgados pela Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab), o Paraná deve colher, em 2013, cerca de 15,27 milhões de toneladas de soja nesta safra, plantados em cerca de 4,63 milhões de hectares. A colheita se inicia entre o final de janeiro e o início de fevereiro, tendo o pico de safra nos meses de março e abril. Até agora, cerca de 35% dessa safra já foi comercializada. No mesmo período, em 2011, esse percentual negociado antecipadamente era de 23%.
Positivo - “O atual cenário é positivo para a soja de um modo geral. Os baixos estoques mundiais garantem preços firmes no médio prazo. O que deve garantir bom retorno financeiro aos produtores paranaenses”, comenta o agrônomo da Seab, Marcelo Garrido Moreira.
Operadores - A Cotriguaçu é uma das empresas que mais exportou grãos pelo Corredor de Exportação do Porto de Paranaguá em 2012. Este ano, deve fechar com um movimento em torno de 2,7 milhões de toneladas de soja, farelo e milho. Para 2013, a expectativa é de continuar quebrando recordes.
Grande exportador - “Com maior área plantada, com uma boa evolução da semente e com a demanda internacional aquecida, principalmente devido à quebra na safra norte americana em 2012, o Brasil está cotado a ser o grande exportador de grãos. Temos que nos preparar para isso”, afirma o gerente Rodrigo Buffara Coelho.
Situação atípica - Segundo ele, o começo de 2013 terá uma situação bastante atípica no escoamento de grãos no Porto de Paranaguá. “Temos bastante milho programado para janeiro e já temos soja, do Mato Grosso, para o final do mês. O porto e os terminais vão trabalhar direto, sem parar. Mas o importante é que estamos conseguindo manter o escoamento e a produtividade em bom ritmo”, garante.
Armazenagem e operação - Para atender a demanda da safra de 2013, a empresa pretende investir em eficiência na prestação de serviços de armazenagem e operação. “As nossas ações serão para proporcionar a descarga mais rápida dos produtos em Paranaguá: tanto de vagões quanto de caminhões; queremos trazer as cargas cada vez mais perto da previsão de chegada do navio, para evitar filas; e devemos investir cada vez mais em tecnologia para agilizar e dar mais segurança ao processo”, adianta o gerente.
Crescimento - Assim como a Cotriguaçu, a Interalli – outro importante operador de grãos do Porto de Paranaguá - espera um crescimento de até 20% no volume a ser movimentado, a partir de janeiro de 2013. A previsão é feita segundo os contratos já fechados. De acordo com o departamento comercial da empresa, a exportação da soja deve começar forte a partir dos primeiros dias de fevereiro. Assim deve seguir até junho, dando espaço ao volume de milho que também deve ser grande.
Movimentação - A empresa deve fechar 2012, com uma movimentação em torno de 2,3 milhões de toneladas dos dois grãos. Para 2013, a Interalli atuará com uma operação comercial mais estruturada. A ideia é dar preferência a situações certas para ganhar produtividade e garantir segurança e tranquilidade para todos os envolvidos. Quando falam em operações mais estruturadas, falam “em volumes e cadência previamente acordados, assim como os modais definidos e navios locados”. (AEN)
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TRIGO: Índia pretende exportar 2,5 milhões de toneladas no semestre
As empresas estatais da Índia pretendem exportar 2,5 milhões de toneladas de trigo recentemente liberados dos estoques do governo nos próximos seis meses, disseram nesta quarta-feira (02/01) dois executivos das companhias. “Nós podemos embarcar mais de 500 mil toneladas por mês, se os preços foram justos”, disse um executivo à Dow Jones Newswires. “Os preços devem começar a ceder em junho, quando o trigo da Europa começa a chegar ao mercado”, afirmou.
Cota adicional - Em dezembro, o governo da Índia concordou em liberar uma cota adicional de 2,5 milhões de toneladas de trigo para exportação de seus estoques, acima dos 2 milhões de toneladas autorizados no início do ano passado. Na Índia, o trigo é negociado a US$ 324 a tonelada, perto dos preços pagos aos agricultores. Com a liberação adicional de exportações, os enormes estoques do governo serão reduzidos. (Dow Jones Newswires / Valor Econômico)
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INSUMOS: Concentração na área mais do que dobra em 20 anos
Mais da metade das vendas globais de sementes, defensivos, máquinas agrícolas e produtos de saúde e genética animal está nas mãos de apenas quatro empresas em cada segmento, reflexo do movimento de concentração da agroindústria nas últimas duas décadas. É o que mostra a última edição da "Amber Waves", publicação técnica do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Conforme os autores do estudo, os índices de concentração praticamente dobraram no período analisado, resultado das "forças de mercado, da emergência de novas tecnologias e de políticas governamentais".
Sementes e biotecnologia - O segmento de sementes e biotecnologia é o que mais se concentrou. Em 1990, ano-base da pesquisa, os quatro maiores grupos da área respondiam por 21,1% das vendas mundiais. Essa fatia saltou para 32,5%, em 2000, e 53,9%, em 2009. Grande parte dessa concentração foi consequência da aquisição de pequenas e médias empresas de biotecnologia (muitas delas, nascidas dentro de universidades dos Estados Unidos entre os anos 1970 e 1990) pelos grandes conglomerados do setor químico.
Empresas - De acordo com o levantamento do USDA, das 27 pequenas e médias empresas de biotecnologia criadas entre 1985 e 2009, 20 foram parar nas mãos de Syngenta, Bayer, Basf, Dow, DuPont e Monsanto.
Transgênicos - A concentração no segmento de biotecnologia também é explicada pelo processo de mudança tecnológica associado aos transgênicos, no qual algumas empresas saltaram à frente - por causa do gene Roundup Ready (que tornou as plantas resistentes a um potente herbicida), mais de 90% da produção de soja de Brasil e Estados Unidos paga royalties à Monsanto. Mesmo assim, só nos anos 2000 a companhia americana arrematou cerca de 20 companhias de sementes e biotecnologia, entre as quais as brasileiras CanaVialis e Alellyx, que desenvolvem pesquisas na área de genética para cana-de-açúcar.
Defensivos agrícolas - O mercado de defensivos agrícolas também passou por uma forte concentração. As quatro maiores empresas do ramo, responsáveis por 28,5% das vendas em 1994, viram sua participação crescer para 41%, em 2000, e 53%, em 2009. O movimento reflete, em parte, a fusão das divisões agrícolas da AstraZeneca e da Novartis, em 2000. O negócio deu origem à Syngenta, que hoje é a líder em vendas de químicos para agricultura. "O setor de químicos parece ter sido grandemente afetado por mudanças regulatórias nas áreas de saúde, segurança e meio ambiente, às quais grandes empresas parecem estar mais preparadas para atender", observam os autores do estudo.
Máquinas agrícolas - Na indústria de máquinas agrícolas (tratores e colheitadeiras), o índice de concentração saltou de 28,1% para 32,8% ao fim da primeira década analisada, e a 50,1% na seguinte - com a colaboração da fusão entre New Holland e Case IH, em 1999, e a compra da Valtra pela AGCO, em 2003. Para o USDA, perdas financeiras causadas por recessões prolongadas na agricultura foram a principal causa da concentração na área.
Saúde animal - Já em saúde animal - que atravessou um complexo processo de fusões e aquisições nos últimos anos - as empresas-líderes detinham 32,4% das vendas em 1990. Essa participação evoluiu para 41,8% e 50,6% nos anos 2000 e 2009, respectivamente.
P &D - De acordo com o estudo do USDA, uma das consequências desse processo foi a concentração dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) - ainda mais intenso do que o das vendas. No segmento de sementes e biotecnologia, por exemplo, oito empresas, detentoras de 63,4% das vendas globais, responderam por 76% de todo o gasto em P&D em 2010.
Tendência - Tendência semelhante foi observada nos demais segmento avaliados: no de defensivos, cinco empresas aplicaram 74% de todo o gasto mundial em P&D. No de máquinas, quatro companhias arcaram com 57% desse investimento. No de saúde animal, oito grupos foram responsáveis por quase 66% da pesquisa e desenvolvimento do ramo.
Multinacionais - "Todas essas companhias são multinacionais com instalações de pesquisa e desenvolvimento posicionadas em todo o mundo. Essas redes de pesquisa permitem que grandes empresas desenvolvam e adaptem novas tecnologias às condições locais e atendam às exigências regulatórias para a introdução de novos produtos", explicam os autores do estudo.
Preços - A outra consequência é uma maior pressão sobre os preços desses produtos. "Nos últimos anos, os insumos agrícolas vêm subindo mais do que os preços recebidos pelos produtores por suas safras." Os preços das sementes, exemplifica o USDA, mais do que dobraram em relação aos preços das commodities agrícolas. (Valor Econômico)
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TRANSPORTE: Ferroeste vai ampliar parcerias em 2013
A Ferroeste prevê lançar nos próximos meses edital para a permissão de uso de áreas situadas no Terminal de Cascavel e estimular parcerias. A área em oferta possui 40 hectares. Uma das empresas que sinalizou a intenção de ampliar a estrutura no terminal é a Coopavel. Outros grupos econômicos que estão investindo no terminal de Cascavel está a Cotriguaçu (câmaras frigoríficas e silos) e da AB Insumos (silos e fábrica de beneficiamento de soja).
Aumento da estrutura - O presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, informou que a diretoria quer aumentar a estrutura da cooperativa no pátio da Ferroeste. Além de ampliar o armazém de fertilizantes existente, a entidade deseja implantar mais dois armazéns para operações com trigo.
Promissoras - João Vicente Bresolin Araújo, presidente da Ferroeste, afirmou que para o ano que vem as perspectivas são promissoras. “Há vários investimentos importantes realizados por parceiros, resultados de negociações e acordos operacionais, que estão em andamento”, disse Araújo.
Melhor quadrimestre - Em dezembro, a Ferroeste fechou o melhor quadrimestre dos últimos três anos, com a tração de 229 mil toneladas. A movimentação de cargas foi 7,83% superior ao mesmo período do ano passado e 9,31% melhor que em 2010. A empresa termina o ano como uma das 100 maiores empresas do Paraná e uma das 500 maiores do Sul do país, de acordo com o ranking “Grandes & Líderes”.
Operações - O presidente da Ferroeste adiantou que está em estudo o projeto para priorizar as operações multimodais ponta a ponta em 2013. A carga dos clientes será levada por ferrovia entre Cascavel a Guarapuava e depois por caminhão até o Porto de Paranaguá, reduzindo a dependência da ALL. Bresolin Araújo destacou ainda que pela primeira vez, desde que foi criada, em 1988, a Ferroeste foi autorizada pelo governo a comprar locomotivas com recursos do Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE) do Estado. A Ferroeste, com isso, poderá dobrar a capacidade de tração. Estão previstos R$ 8 milhões.
Recuperação – Essas medidas devem incrementar a recuperação econômico-financeira da empresa. Nesse sentido, em dezembro a empresa devolveu três locomotivas avariadas, que estavam fora de operação no pátio da ferrovia em Guarapuava. A devolução vai gerar uma economia anual de aproximadamente R$ 387 mil.
Reforma - Em agosto, a Ferroeste concluiu a reforma de um caminhão de linha, veículo sobre trilhos utilizado para a manutenção de vias permanentes, que estava desativado no pátio da empresa, em Guarapuava, há 15 anos.
Concurso público - Em 2012, para substituir terceirizados e baratear a folha de pagamento, a Ferroeste fez um concurso público. A empresa abriu 142 vagas (64 para admissão imediata).
Modernização - Segundo o secretário de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho, “a modernização dos corredores de exportação que levam nossas riquezas até os portos do Paraná é fundamental para o futuro do Estado. E nesse aspecto, o modal ferroviário joga um papel fundamental, no que diz respeito ao transporte de cargas e granéis, inclusive do Mato Grosso do Sul e do Paraguai”.
Crescimento - A empresa precisa estar preparada para o crescimento, disse o presidente da Ferroeste, lembrando que o diretor-presidente da Empresa de Planejamento e Logística, Bernardo Figueiredo, aprovou o projeto do Governo do Estado para o novo traçado para o Porto de Paranaguá.
Estudo de Viabilidade - A licitação do Estudo de Viabilidade Técnica (EVTEA) para a construção destes novos ramais será feito pela estatal Valec, que também fará a licitação do trecho Norte-Sul, outro eixo ferroviário, que atravessará verticalmente o Paraná, em direção a Chapecó (SC) e ao Porto Rio Grande (RS).
Apoio - A ampliação da Ferroeste é apoiada por lideranças políticas e empresariais de todo o Estado, entre as quais se destaca o Fórum Permanente Futuro 10 Paraná, além de entidades de classe e associações comerciais. Segundo o governador Beto Richa, em entrevista a jornais paranaenses: “Na questão ferroviária, estamos fortalecendo a Ferroeste e brigando para novos ramais sejam construídos no Paraná”. (AEN)
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INDÚSTRIA: Setor deve ter 'folga' de custos de 20% em 2013
As medidas anunciadas pelo governo ao longo de 2012 para aumentar a competitividade da economia brasileira, como desonerações na folha de pagamentos e redução do preço da energia, podem levar o setor manufatureiro a encerrar 2013 com uma "folga" de 15% a 20% nos custos. De 2001 a 2011, aumentos do custo unitário de produção da energia elétrica, de insumos domésticos não comercializáveis e, principalmente, do trabalho fizeram com que produzir no Brasil ficasse 8,5% ao ano mais caro em reais e 12,2% em dólares, por causa da apreciação cambial.
Transformação - A indústria brasileira de transformação enfrentou uma década de escalada dos custos de produção e passou por profundas alterações desde a crise de 2008, tornando-se menos competitiva e mais "pobre". Na média, a indústria produziu, no terceiro trimestre do ano passado, 3% menos que em igual período de 2008. Na mesma comparação, o volume de vendas no varejo foi 35% maior. Entre os 27 setores pesquisados pelo IBGE, 12 produzem menos hoje do que há quatro anos. Em cinco deles, a produção caiu mais de 15%.
Setores - O que realmente cresceu no país nesse período, acompanhando o aumento da população e da renda, foi a produção de bebidas, remédios e perfumaria, únicos setores a registrarem aumentos de produção superiores a 10%. A produção que saiu das fábricas de materiais eletrônicos e de comunicações foi 32% menor que a registrada no mesmo período de 2008, logo antes da crise mundial.
Estagnação - Segundo economistas, a estagnação do setor em 2011 e 2012 vai muito além de uma demanda fraca e indica problemas estruturais a serem resolvidos. A alta do custo dos salários muito acima da produtividade é um dos elementos que explicam a perda de competitividade frente aos concorrentes do exterior. Estudos mostram, contudo, que a indústria não ficou parada vendo os custos subirem e, para compensar, recorreu à importação de insumos. (Valor Econômico)
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ECONOMIA: Ritmo do PIB pode dobrar no 2º biênio de Dilma
O "pibão" esperado pela presidente Dilma Rousseff dificilmente ocorrerá neste ano, afirmam economistas consultados pelo Valor Data, mas o crescimento da economia brasileira deve superar 3% em 2013 e 2014. Ficará para trás, portanto, o pífio desempenho da atividade na primeira metade de seu mandato, quando o crescimento médio anual foi perto de 1,8%. A possibilidade de dobrar esse ritmo associada a um desemprego muito baixo pode ser um trunfo no processo eleitoral de 2014.
Retomada da indústria - A expectativa é de alguma retomada do setor industrial, em um primeiro momento, por causa de medidas como a redução da tarifa de energia e a desoneração da folha de pagamentos e, mais à frente, em função da recuperação projetada para a demanda global. O consumo das famílias continuará forte e é esperada alguma recuperação dos investimentos.
Nova matriz econômica - A nova "matriz macroeconômica" defendida pelo governo, com o real mais desvalorizado em relação ao dólar e juros menores, também será mantida, na avaliação dos analistas. Na média, consultorias e instituições financeiras projetam que a Selic permanecerá estável em 7,25% ao ano ao longo de 2013, com algumas apostas de um moderado ciclo de aperto monetário em 2014.
Inflação - Nesse cenário, a inflação não converge para o centro da meta perseguida pelo Banco Central, de 4,5% ao ano, mas também não supera, na maior parte das opiniões, o teto de 6,5%, oscilando na banda entre 5,5% e 6,5%. Para segurar pressões inflacionárias, que devem surgir com o reaquecimento da economia, os economistas apostam em novas desonerações. Como resultado, tanto em 2013 quanto em 2014 o governo não deve cumprir a meta "cheia" para o superávit primário, de 3,1% do PIB.
Potencial - Para o economista-chefe da MCM Consultores, Fernando Genta, o Produto Interno Bruto (PIB) vai avançar 3,3% neste ano e 3,8% em 2014, em linha com o potencial da economia brasileira, estimado em torno de 3,5% pela consultoria. "Vamos crescer o que é possível, dadas as restrições de oferta de mão de obra e baixo nível de investimento."
Reação - Ao longo desta ano, a economia deve reagir de forma mais clara ao acúmulo de estímulos, como redução da taxa básica de juros e dos spreads bancários, alteração na tarifa de energia e desoneração da folha de pagamentos, por exemplo, afirma. "Mesmo considerados todos esses fatores, não vemos nada que possa dar um choque de ânimo nos empresários e faça com que os investimentos tenham forte reação em 2013", afirma o economista da MCM.
Combinação - Para a indústria, no entanto, a combinação entre crédito mais barato e mudança do nível de câmbio deve surtir efeito mais pronunciado, ainda que não seja esperado um desempenho "espetacular", diz Genta. Nos cálculos da MCM, depois de uma queda em 2012, o produção industrial crescerá 4,4% em 2013, e 4,8% no ano seguinte.
Em curso - "Há uma retomada em curso", diz Marcelo Arnosti, economista-chefe da BB-DTVM, que, no entanto, não projeta que essa recuperação será linear. Arnosti acredita em indicadores de atividade mais fortes no primeiro trimestre, já que a indústria ingressará em 2013 com estoques mais ajustados e o consumo das famílias tende a se sustentar em nível elevado. Arnosti espera, no entanto, alguns solavancos na zona do euro no segundo trimestre, o que pode atenuar a recuperação dos investimentos no ambiente doméstico.
Acordo - Diante dessa perspectiva, de novo será costurado um acordo entre líderes europeus, que afastará temores de ruptura e permitirá um 2014 mais sólido. "Como nossa indústria é integrada, tende a se beneficiar de um nível de incerteza menor", afirma Arnosti. Nesse cenário, a atividade doméstica reage, levando o BC a voltar a elevar juros em 2014, mas o ciclo de aperto monetário, na avaliação da BB-DTVM, será curto, de 1 ponto percentual, para 8,25% ao ano, ao fim de 2014.
Selic - A MCM espera alta ainda menor da Selic, de apenas 0,5 ponto em 2014. "Enquanto puder, o Banco Central vai manter a taxa básica no patamar atual", afirma Genta. Como a perspectiva é de inflação mais pressionada, em função do consumo aquecido e da aceleração dos investimentos, por causa da iminência dos eventos esportivos programados para o país, o BC lançará mão de medidas macroprudenciais (controle de crédito).
Meta da inflação - Mesmo com o uso dessas medidas, o Santander não acredita que o governo será capaz de evitar estouro da meta de inflação em 2014. O banco projeta 7% de alta para o IPCA no ano da Copa, reflexo da atividade mais forte e também de uma nova rodada de redução nos juros em 2013, para 6,25%, mantendo-se esse nível até o fim do ano seguinte. "O desempenho da economia no segundo semestre do ano passado frustrou as expectativas, abrindo uma nova oportunidade para queda nos juros", diz a economista Fernanda Consorte.
Artifícios fiscais - Para ela, o governo vai utilizar também mais artifícios fiscais para reforçar a economia entre 2013 e 2014. Novos cortes em impostos estão no radar do Santander, que, pelos cálculos da economista, poderão ajudar a diminuir a inflação em cerca de 0,2 ponto percentual em 2013, fechando o ano em 6%.
Dívida líquida e PIB - O governo, segundo Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria, está disposto a bancar essa conta porque, mesmo assumindo tais compromissos, a relação entre a dívida líquida e o PIB continuaria decrescente, já que o dólar mais caro valoriza as reservas internacionais brasileiras. As consultorias e instituições financeiras consultadas pelo Valor Data projetam o dólar ao redor de R$ 2,15 em 2013, e R$ 2,20 em 2014.
Gastos do governo - Para Alessandra, é importante que os gastos do governo tenham reflexos sobre os investimentos, para que isso sustente o crescimento do PIB nos próximos anos. A Tendências estima avanço de 4,6% na formação bruta de capital fixo em 2013, compensando a queda de 3,7% esperada para o ano passado, e elevação em torno de 8% nos investimentos em 2014. "Ainda assim, o consumo das famílias continuaria sendo a principal força da economia, já que responde por cerca de 60% do PIB", diz. O investimento contribui com aproximadamente 19%.
Lenta e insuficiente - Na avaliação de Aurélio Bicalho, economista do Itaú, a retomada dos investimentos será lenta e insuficiente para que a formação bruta de capital fixo supere 20% do PIB em 2014. Ainda assim, será um nível maior que o observado em 2012, quando a taxa de investimento ficou em torno de 18,5% do produto. "Além dos estímulos de juros, temos elementos específicos, como eventos esportivos, que estimularão essa retomada."
Consumo elevado - Para Bicalho, as condições favoráveis no mercado de trabalho e a confiança elevada do consumidor vão manter o consumo em nível elevado.
Média de projeções - A média das projeções dos economistas aponta crescimento de 6,2% em 2013 e de 6,4% em 2014 das vendas no varejo restrito, que não inclui veículos nem material de construção, depois do avanço de mais de 8% em 2012 pelos cálculos dos analistas. "Neste ano, o reajuste do salário mínimo não será tão forte quanto em 2012, o que dará menos fôlego ao consumo. Ainda assim, haverá bom crescimento, que se dará sobre uma base já alta", prevê Fernanda, do Santander.
Mercado de trabalho - Ao mesmo tempo, o mercado de trabalho, no cenário de recuperação traçado pelos economistas, continuará bastante apertado, com taxa de desemprego próxima das mínimas históricas, ao redor de 5,5% ao longo deste biênio. Para Genta, da MCM, ainda que o crescimento da economia não alcance o esperado pelo governo, a sensação de bem-estar da população será pouco alterada, o que pode ajudar nos planos de reeleição de Dilma Rousseff. (Valor Econômico)
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PÚBLICO-PRIVADA: Sancionada lei que permite ao governo antecipar pagamentos em PPPs
A presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei 12.766, de conversão da MP 575, que trata da permissão para o governo fazer pagamentos a empresas com as quais mantêm parcerias público privadas (PPPs), antes da conclusão das obras. O texto publicado no Diário Oficial da União de sexta-feira (28/12) e também estipula em R$ 6 bilhões o teto para a participação da União, seus fundos e estatais no Fundo Garantidor de Parcerias Público-Privadas (FGP). A Lei permite que a contraprestação paga pelo setor público às empresas seja desconsiderada para efeito de recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e do PIS-Pasep e Cofins. E autoriza os governos regionais a comprometerem até 5% de suas receitas líquidas com o pagamento de contraprestações em PPPs. (Valor Econômico)
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