INTERNACIONAL: Fed eleva juro e sinaliza mais altas
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- Criado em Quinta, 27 Setembro 2018 09:37
O Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos) elevou as taxas de juros de curto prazo em 0,25 ponto porcentual, e seus dirigentes indicaram que esperam elevá-las de novo ainda neste ano e ao longo de 2019 para manter uma economia forte em equilíbrio. O aumento foi aprovado por votação unânime nesta quarta-feira (26/09) e leva a taxa de referência dos fundos federais para a faixa entre 2% e 2,25%. A maioria de seus dirigentes espera elevar as taxas mais uma vez este ano, de acordo com novas projeções divulgadas depois da reunião.
Economia forte - "Nossa economia está forte", disse o presidente do Fed, Jerome Powell (foto), em coletiva de imprensa depois que o banco central anunciou sua decisão. "O prognóstico geral de crescimento continua favorável." O aumento desta semana é o terceiro no ano e o oitavo desde que o Fed começou a elevar as taxas, no fim de 2015, depois de mantê-las próximas de zero desde a crise financeira de 2008. Esta é a primeira vez desde 2008 que o Fed eleva a taxa de referência acima de 2%.
Acima da inflação - Também é a primeira vez em uma década que a taxa dos fundos federais subirá acima da inflação, medida pelo índice preferido do Fed, que exclui as categorias voláteis de energia e alimentos. O chamado núcleo do índice de preços dos gastos com consumo aumentou 2% em julho. No último ano o Fed elevou as taxas e ao mesmo tempo reduziu gradualmente seu portfólio de US$ 4,2 trilhões em bônus e outros ativos.
Questão - A grande questão, agora, é até onde os dirigentes do banco avaliam que precisam aumentar as taxas para impedir que a economia superaqueça. O Fed tem uma meta de taxa de inflação de 2%, que considera um sinal de demanda saudável. Ele quer evitar um crescimento econômico que se torne insustentável, levando a um boom e depois a um colapso.
Três vezes - A maioria de seus dirigentes espera que o Fed tenha que elevar as taxas pelo menos mais três vezes no ano que vem e uma vez em 2020. A maioria acredita que o banco evitará novas elevações depois disso, deixando as taxas numa faixa entre 3,25% e 3,5% no fim de 2020 e ao longo de 2021, embora Powell tenha feito as advertências de costume, de que o caminho pode mudar, dependendo do desempenho da economia.
Remoção - Os dirigentes do Fed removeram a frase do comunicado posterior ao encontro que por anos descreveu sua postura sobre a taxa como "acomodatícia", com o significado de que estavam pisando o pedal do acelerador para ajudar a estimular o crescimento.
Sinal - Abandonar a frase agora não é necessariamente um sinal de que os dirigentes acreditam que as taxas não estão mais baixas o suficiente para estimular o crescimento. Em vez disso, a mudança é um reflexo de como os dirigentes, incluindo Powell, querem deixar de oferecer estimativas excessivamente precisas de onde se colocaria um cenário neutro, dadas as incertezas inerentes a tais medidas.
Taxas baixas- "Estas taxas continuam baixas", disse Powell. "Este retorno gradual à normalidade tem ajudado a manter esta economia forte para o benefício a longo prazo de todos os americanos." O Fed adotou a tática de dar indicações sobre sua política futura depois da crise financeira, para convencer os mercados de que manteria as taxas bem baixas mesmo quando a economia se recuperasse. Removê-la agora é um reflexo de como o banco central está entrando em uma nova fase de configuração de políticas, que poderia ser mais incerta.
Expectativa - De seus 16 dirigentes, 12 esperam que o Fed eleve as taxas num total de quatro vezes neste ano - eram 8 de 15 dirigentes em junho e apenas 4 de 16 em dezembro passado. As novas projeções para a taxa de juro até 2021 mostram que os dirigentes do Fed, em sua maioria, acreditam que precisarão elevar as taxas de curto prazo um pouco além do nível que consideram provável que prevaleça quando a oferta e a demanda estejam perfeitamente equilibradas. Dois terços dos dirigentes esperam que a taxa de longo prazo fique em torno de 2,75% ou 3%.
Poucas mudanças - Os dirigentes fizeram poucas mudanças em suas projeções econômicas de setembro. Agora, a mediana das projeções é de uma alta do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,1% neste ano, mais do que os 2,8% de junho e os 2,7% de março. Eles mantêm a estimativa de que a taxa de crescimento econômico no longo prazo fique em 1,8% ao ano e que o crescimento voltará a esse ritmo até 2021.
Desemprego - Os dirigentes elevaram levemente sua previsão para a taxa de desemprego. Eles esperam que a taxa de desemprego termine o ano em 3,7%, em comparação com uma projeção de 3,6% em junho. Isso ainda está abaixo de todas as estimativas dos dirigentes sobre o nível de desemprego que eles esperam que prevaleça no longo prazo. As estimativas para a chamada taxa natural de desemprego variam de 4% a 4,6%.
Inflação - Suas previsões de inflação ficaram praticamente inalteradas. Todos os dirigentes avaliam que a inflação se manterá entre 2% e 2,3% ao longo dos próximos anos, depois de vários anos em que o Fed teve dificuldades para alcançar a meta.
Turbulências do exterior - Até onde irão as elevações das taxas do Fed depende em boa parte de se a inflação vai se comportar como se espera. Dada a força da economia americana, turbulências no exterior talvez representem o maior risco para os planos do Fed. Em 2015 e 2016, os dirigentes desistiram do plano de elevar a taxa por causa de turbulências nos mercados globais, na maioria originárias da China.
Reconsideração - O Fed pode ser forçado a reconsiderar seus planos se algo semelhante acontecer - por exemplo, se um dólar mais forte detonar turbulências em mercados emergentes, que por sua vez se espalhem para a China em meio às tensões comerciais crescentes com os EUA. (Valor Econômico)