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ECONOMIA: Desonerações tiram 0,5 ponto do IPCA este ano

O desaquecimento da demanda doméstica e o efeito deflacionário do cenário externo não são as únicas razões para a desaceleração mais forte do que o esperado da inflação neste ano, segundo analistas. Para eles, as desonerações tributárias concedidas para estimular o consumo também ajudam no controle dos preços. Essa ajuda, contudo, tende a "virar de lado" e afetar a inflação no fim deste ano ou em 2013, quando parte das desonerações acaba.

IPCA - Élson Teles, economista do Itaú BBA, avalia que as desonerações tributárias devem contribuir com uma redução de cerca de 0,5 ponto percentual do IPCA neste ano, em exercício que busca neutralizar os efeitos das reduções de alíquotas de IPI para automóveis, itens da linha branca e móveis e o aumento de impostos em outras frentes, como no caso de cigarros. O cálculo também procurou reproduzir o aumento da gasolina que chegaria às bombas caso a Cide não tivesse sido utilizada para neutralizar o efeito do reajuste do combustível.

Impacto mais relevante - O impacto mais relevante é do incentivo tributário à aquisição de veículos, anunciado pelo governo em 21 de maio. Em junho, os preços dos automóveis novos caíram 5,48% e "tiraram" algo com 0,2 ponto do IPCA, explica Teles. Como a queda provocou também descontos nos valores dos veículos usados, que no mesmo mês ficaram 4,12% mais baratos, o resultado em junho, de alta de 0,08% do IPCA, seria cerca de 0,25 ponto percentual maior sem a desoneração. Teles pondera, no entanto, que por causa da retração da demanda por esses bens, os preços já estavam em queda e intensificaram esse movimento no mês passado.

Efeitos tangíveis - Para André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), as desonerações tributárias concedidas pelo governo para estimular o consumo e reativar a produção de alguns bens duráveis têm efeitos bastante tangíveis para o comportamento da inflação. "Quando o governo decide beneficiar a indústria automobilística, olha o efeito que o setor tem sobre outras cadeias produtivas e sobre o emprego, então o escolhem pela amplitude da medida no mercado de trabalho. Mas acredito que também pesam o impacto sobre a inflação, já que fatalmente há um benefício extra", avalia.

Relevante - Alexandre Schwartsman, sócio da Schwartsman & Associados, também afirma que a contribuição dos incentivos tributários ao setor automobilístico foi relevante para a surpresa positiva com o índice oficial de inflação em junho. Para o ex-diretor do Banco Central, porém, a principal influência para um IPCA mais moderado hoje do que se antecipava no fim de 2011 é a reponderação de pesos do índice a partir da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2008/09.

Acumulado - Schwartsman estima que sem essa atualização, o índice acumulado em 12 meses, hoje em 4,92%, estaria mais próximo de 5,5%. "Temos hoje um IPCA entre 0,6 e 0,7 ponto percentual menor por elementos que rigorosamente não têm relação com o nível de atividade e nem com a política monetária", diz, embora ressalte que a revisão da estrutura do IPCA é um procedimento padrão do IBGE.

Gasolina - Se no caso das desonerações tributárias a prioridade é acelerar a atividade, conter o efeito sobre a inflação ao consumidor foi um objetivo claro no caso do reajuste da gasolina. No fim de junho, a Petrobras anunciou reajuste de 7,83% do combustível, mas ao mesmo tempo o governo reduziu a zero a alíquota da Cide para compensar o aumento definido pela estatal. "Dessa forma, os preços, com impostos, cobrados das distribuidoras e pagos pelos consumidores não terão aumento", afirmou o Ministério da Fazenda em nota.

Possibilidade - Um dos subitens de maior peso na composição do índice geral, o reajuste da gasolina, se chegasse às bombas, poderia adicionar 0,10 a 0,15 ponto à inflação deste ano, nas contas de Élson Teles, do Itaú BBA, e Thiago Curado, economista da Tendências Consultoria.

Efeito inverso - Schwartsman lembra que como as reduções são temporárias, principalmente no caso do IPI, em algum momento o efeito deve ser inverso. A princípio, o IPI reduzido para automóveis vale até agosto, mas a expectativa entre os analistas é que a reversão da medida não ocorra neste ano. "No ano que vem, o IPI poderia levar o consenso para próximo de 5,7% [hoje está em 5,5%]", lembra o ex-diretor do BC, referindo-se às projeções para o IPCA no próximo ano, segundo o Boletim Focus.

Projeção - Thiago Curado, economista da Tendências Consultoria, também projeta que o IPI para veículos será prorrogado ao menos até o fim deste ano. Por isso, diz, a recomposição dos preços desses bens, que pode resultar em acréscimo de 0,3 ponto percentual ao indicador, deve ocorrer em 2013. Esse será, para ele, um dos fatores de pressão para a inflação no próximo ano, que sustentem sua previsão de alta de 6% do índice oficial. Na conta do economista, estão ainda a expectativa de recuperação da atividade econômica, com efeito sobre a inflação de serviços, reajustes dos preços administrados em magnitude maior do que o observado neste ano e taxa de juros real em nível historicamente baixo. (Valor Econômico)

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