INTERNACIONAL I: UE tenta convencer Dilma a manter reunião de cúpula
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- Criado em Quinta, 13 Fevereiro 2014 07:58
A Comissão Europeia tentava, nesta quarta-feira (12/02), convencer a presidente Dilma Rousseff a reverter a decisão de cancelar a realização da cúpula Brasil-União Europeia, marcada para o dia 24 em Bruxelas. O objetivo do encontro é pautar o ritmo e interesses da parceria estratégica. O Valor apurou que Dilma, embora deva ir a Roma na próxima semana, considerou que não valia a pena realizar a cúpula, porque não haveria coisas concretas a anunciar. Primeiro, a presidente não poderia discutir nada de concreto com os europeus sobre o acordo Mercosul-UE, porque continua difícil fechar uma proposta única de liberalização e o Brasil não quer avançar sem a Argentina.
Acordo - Segundo, a possibilidade de anúncio de um acordo de "céus abertos" entre Brasil e a UE também parece difícil, porque vários pontos continuam precisando de negociações, conforme ficou claro em recente reunião no Rio.
Garantias - Além disso, o anúncio de construção do cabo submarino de fibra óptica entre o Brasil e a Europa depende de garantias de financiamento. O projeto é estimado em € 245 milhões. O BNDES e o Banco Europeu de Investimentos (BEI) já prometeram financiamento de € 100 milhões cada um. Mas para os €45 milhões restantes, a UE tem dificuldades legais e burocráticas para oferecer as garantias de metade desse valor. O montante também não está assegurado pelo lado do Brasil, ou pela Colômbia e Equador, que vão estar no projeto.
Confirmação - Nesta quarta à tarde, em Brasília, o governo brasileiro confirmou que a cúpula Brasil-UE foi adiada. Segundo a Secretaria de Comunicação Social, o dia 24 ainda não estava fechado e a data ainda é negociada.
Cancelamento - Nesse cenário, organizadores da 7ª cúpula empresarial Brasil-UE, organizada pela BusinessEurope (a Fiesp continental), Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Eurochambres, começaram a anunciar o cancelamento do encontro, que seria concluído por Dilma e pelo presidente da Comissão Europeia, José Durão Barroso.
Preparativos - "Esse cancelamento decreta o fim das negociações do acordo Mercosul-UE", chegou a avaliar fonte próxima do setor empresarial, refletindo a decepção com os percalços até para um encontro bilateral. Mas, com a Comissão Europeia tentando convencer Dilma a ir a Bruxelas e manter a regularidade da cúpula bilateral, o Palácio do Planalto avisou a todos os envolvidos que continuem fazendo os preparativos, mesmo sem a garantia da presença da presidente brasileira no evento.
Pendente - "Está tudo pendente", disse um porta-voz da BusinessEurope. Empresários do Brasil e da União Europeia prepararam uma mensagem clara: que os governos acelerem a negociação do acordo de livre comércio birregional. Para isso, deveriam fazer logo as trocas de ofertas de liberalização agrícola, industrial e de serviços.
Negociação birregional- Do lado da Comissão Europeia, a mensagem para o Palácio do Planalto também é de que continua muito interessada em levar adiante a negociação birregional e espera que o Brasil convença a Argentina a flexibilizar sua posição.
Argentina - Os europeus chegam agora a dizer que o compromisso do Mercosul, com liberalização em duas velocidades, com a Argentina abrindo seu mercado mais tarde, também pode ser aceito.
Avanço - Outro ponto importante, em Bruxelas, é tentar avançar na preparação do acordo sobre cabo submarino. No mês passado, a Telebrás se associou à espanhola IlsaLink Submarine Cables para construção e operação do cabo submarino, que é apresentado como uma alternativa de transmissão de dados via internet. Atualmente, a comunicação digital precisa passar pelos EUA. Analistas calculam que o novo cabo, quando estiver operando, vai gerar poupança de 15% em relação aos custos atuais de transmissão, ao possibilitar conexão direta entre o Brasil e o continente europeu. (Valor Econômico)