Encontro Paranaense do Transporte 2025 discute gargalos dos setores rodoviário, ferroviário e portuário

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A Infraestrutura Logística do Estado do Paraná foi amplamente debatida na tarde da última quinta-feira (10/04), em Curitiba, durante a segunda edição do “Encontro Paranaense do Transporte”, promovido pelo Sistema Fetranspar, alusivo aos 32 anos da Federação. O evento reuniu representantes dos Governos Federal e Estadual, lideranças do G7 Paraná, grupo que congrega sete grandes entidades do setor produtivo paranaense (Fecomércio, Faciap, Faep, Fiep, Fetranspar, Ocepar e ACP), e gestores de autarquias ligadas à logística rodoviária, portos e ferrovias.

Durante o encontro, que contou com a presença de aproximadamente 200 pessoas, ficou claro que o tema escolhido precisa ser discutido amplamente para evitar que oportunidades sejam desperdiçadas ou que decisões mal fundamentadas tragam prejuízos para as próximas décadas no Paraná. "Foi um debate de reflexão, onde a iniciativa privada, que utiliza esses modais diariamente, teve a oportunidade de expor sua visão sobre o momento vivido pelo Paraná na área logística, enquanto os entes públicos apresentaram as alternativas que estão sendo estudadas", destaca o presidente do Sistema Fetranspar, Coronel Sérgio Malucelli, que também coordena o G7 Paraná.

De acordo com dados do Sistema Nacional de Viação, disponibilizados pelo DNIT, o sistema rodoviário paranaense é composto por 117.706,2 km de estradas, incluindo as federais, estaduais e municipais, considerando as pavimentadas e não pavimentadas. A rede é composta por 19.663 km (16,7%) de rodovias pavimentadas, sendo cerca de 1.300 km em pista dupla. As estradas não pavimentadas apresentam um total de 98.043 km (83,3%). São 3.907 km de rodovias federais pavimentadas no Estado, sendo aproximadamente 900 km em pista dupla.

"Tudo o que viveremos no futuro em relação à logística paranaense será impactado pelas decisões tomadas no presente como, por exemplo, os avanços do novo programa de concessões rodoviárias, com investimentos bilionários previstos para os próximos sete anos ", comenta Malucelli. Além disso, ele destacou a importância das discussões sobre o edital para as ferrovias e a necessidade urgente de expandir a capacidade dos portos do Paraná com novos terminais e tecnologias mais eficientes, para evitar a perda de espaço para os estados vizinhos.

Hoje, a atual infraestrutura marítima dos Portos do Paraná, no segmento de contêineres, permite operações dos navios da classe “C” e navios da classe “E”, neste caso com limitações de profundidade, restrição que muitas vezes provoca o cancelamento da escala. O aprofundamento dos canais de navegação possibilitará o pleno atendimento dos navios da classe “E”, evitando o cancelamento da rota, atrasos nas escalas, filas de espera para atracação e omissão de escalas.

Já o sistema ferroviário paranaense é composto por 2.348,6 km de malha ferroviária em bitola métrica. Desse total, 2.039 km são operados pela Rumo Logística, e os restantes 248,6 km pela Estrada de Ferro Paraná Oeste (Ferroeste).

É inegável e inadiável a necessidade de investimentos que ampliem a capacidade de transporte de cargas por ferrovias e facilite os acessos terrestres aos portos para atender aos mercados de cabotagem e além do mar, e transpor as grandes distâncias do mercado interno. 

Investimentos

Os grandes investimentos para expansão da oferta de transporte por ferrovias demandam construção de novos ramais, mas principalmente a requalificação e o repotenciamento dos trechos existentes, material rodante, que na atualidade ocorrem por meio da iniciativa privada.

O transporte ferroviário paranaense atravessa um momento importante. Até o final de 2025, a alienação da Estrada de Ferro do Estado do Paraná – Ferroeste está prevista. Em âmbito federal, o contrato de concessão da Malha Sul está em análise, com a possibilidade de renovação ou realização de um novo leilão para a escolha de um novo operador.

Este documento visa apresentar a infraestrutura ferroviária existente no Paraná, fornecendo subsídios técnicos e destacando as principais necessidades. O objetivo é auxiliar a sociedade civil organizada na busca por soluções para o aperfeiçoamento do modal, tanto em âmbito estadual quanto federal. A meta é alcançar ganhos de capacidade, reduzir custos e fortalecer a participação das ferrovias na matriz de transportes do Estado.

Para o Sistema Fetranspar, que representa mais de 20 mil empresas transportadoras no Paraná, a expansão do setor está diretamente ligada a uma logística estadual pensada de forma integrada. "Temos grandes oportunidades na ampliação da malha rodoviária, nas questões da Ferroeste e da Malha Sul, que deve ir a leilão, e na entrada de novos terminais portuários", explica Malucelli. Contudo, ele alerta: "se não estivermos alinhados para acompanhar os investimentos feitos pelas concessões, debater as prioridades no edital ferroviário e olhar para a capacidade do Porto, que já está no seu limite, corremos o risco de estagnar a economia estadual e perder a chance de crescer nas próximas décadas". 

Autoridades presentes

Estiveram presentes o governador em exercício do Paraná, Darci Piana; o senador Sérgio Moro; o diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Felipe Queiroz; e Vinícius Ladeira, representando o Sistema Transporte além de profissionais diversos órgãos estaduais e lideranças de entidades representativas e empresas de transportes.  

Prêmio Despoluir

Durante o Encontro Paranaense do Transporte, também ocorreu a entrega da primeira edição do Prêmio Despoluir Fetranspar, uma iniciativa da Federação que reconhece as empresas participantes do Programa Ambiental do Transporte e incentiva a redução das emissões de poluentes provenientes dos veículos automotores do ciclo diesel.

Na categoria Araucária, que concorreram empresas com mais de 51 automotores, a vencedora foi a Transportadora Primo LTDA, de Ponta Grossa; na categoria Imbuia (21 a 50 automotores), a vencedora foi a empresa de Toledo CRJ Locações de Transportes LTDA; e na categoria Cedro (06 a 20 automotores) o troféu foi para a Rodo Lucas Transportes LTDA, também com matriz em Toledo.

“Só tenho que agradecer a dedicação do nosso time que sempre trabalha por objetivos, conquistas, certificações e isso me motiva cada vez a focar na responsabilidade social e ambiental”, comemora Edis Luiz Moro Conche, proprietário da Transportadora Primo, que completa: “parabenizo também a Fetranspar por incentivar a realização dessa premiação, com responsabilidade, cuidado e credibilidade com que o Prêmio foi auditado”.

Na categoria Cedro, a vencedora é a empresa parceira Despoluir Paraná há oito anos, Rodo Lucas. “Esse prêmio reforça que estamos no caminho certo, que trabalhamos diariamente em prol de um meio ambiente menos poluído, que estamos fazendo a nossa parte para cuidar do nosso planeta”, declara o proprietário da empresa de Toledo, Jair Lucas.

Representando o Grupo CRJ de Toledo, Celso Rosa Junior, também comemorou a premiação nesta primeira edição do Prêmio Despoluir, na categoria Imbuia. “Para nós estarmos em Curitiba, representando o Oeste do Paraná, recebendo esse prêmio Despoluir, é muito gratificante e importante para o setor de transporte, que passa por um momento de conversas sobre a descarbonização do sistema. Consequentemente todo esse trabalho que a Federação faz junto com o programa Despoluir traz para nós uma reflexão importante daquilo que estamos fazendo e  está dando resultado, contribuindo para o meio ambiente”.

Toda a avaliação foi realizada com base nos critérios de julgamento estabelecidos no regulamento do Prêmio, onde após passar por todo o processo avaliativo e de auditoria do Instituto Paulista do Transporte de Cargas (IPTC), foram definidas as empresas vencedoras que apresentaram a menor média de opacidade de suas frotas de veículos automotores avaliadas pelos técnicos do Programa. 

Participantes

Ao todo, foram 40 empresas inscritas, todas parceiras do Programa Ambiental do Transporte Despoluir Paraná. De acordo com o coordenador do Programa Despoluir Paraná, Adriano Jacomel, o Prêmio vem para fortalecer ainda mais a atuação do Despoluir no Estado do Paraná. “Operacionalmente tivemos a oportunidade de identificarmos as empresas participantes do Programa com melhor controle de emissões de gases poluentes de suas frotas, em contrapartida esse processo também nos auxiliará a ajustar procedimentos junto a aquelas empresas que não obtiveram o resultado esperado”, avalia o coordenador do Prêmio ao acrescentar: “queremos motivar cada vez mais os transportadores a participarem do Programa, já que é uma grande oportunidade para mostrar a sociedade seu comprometimento não só com o meio ambiente, mas também com o bem-estar geral”.

Todas as empresas inscritas são associadas a um dos sindicatos filiados à Federação - Seguipar, Setcamar, Setcepar, Setcguar, Setcsupar, Sindifoz, Sindiponta, Sindivale, Sintratol, Sintropar, sendo participantes do Programa Despoluir cadastradas até janeiro de 2024 para estarem aptas a participar do Prêmio.

“Como os laudos de análise de opacidade emitidos pelo Despoluir Fetranspar têm validade de 180 dias, as participantes realizaram no mínimo duas aferições por veículo da frota no período de apuração, sendo pelo menos uma vez por semestre, o suficiente para serem avaliadas pelo Instituto Paulista do Transporte de Cargas (IPTC)”, explica Jacomel.

A 1ª edição do Prêmio Despoluir Fetranspar foi lançada em outubro de 2024. Como trata-se de um Prêmio voltado ao Meio Ambiente e a Sustentabilidade, os nomes das categorias trazem o nome de árvores nativas da região Sul – Araucária: árvore símbolo do Paraná; Imbuia: árvore nativa, tendo forte presença na localidade dos Campos Gerais e o Cedro: árvore comum nas regiões Sul do Brasil. 

Reconhecimento

O Prêmio é o reconhecimento das empresas participantes do Programa Despoluir Fetranspar comprometidas com ações de responsabilidade socioambiental, bem-estar social e desenvolvimento sustentável do transporte, que geram valor ao setor do Transporte Rodoviário de Cargas (TRC).

Para o representante do Sistema Transporte Vinícius Ladeira, é fundamental que as federações incentivem que esses prêmios aconteçam, pois isso motiva as empresas de transporte a participarem e a se engajarem no Programa Ambiental do Transporte Despoluir. “Além de ser uma forma de dar visibilidade para quem tem uma preocupação com a sustentabilidade e com o meio ambiente. Que esse seja o primeiro de muitos prêmios que a Fetranspar venha a promover. É claro que é importante manter a aferição dos transportadores já existentes, mas é importante também trazer novas empresas para serem engajadas nessa agenda tão positiva”. 

Programa

O Despoluir é o maior programa ambiental do transporte da iniciativa privada do Brasil. Promovido pela CNT e pelo Sest Senat sendo no Paraná coordenado pelo Sistema Fetranspar, o Despoluir incentiva os transportadores a adotarem práticas ambientalmente responsáveis e a diminuírem os seus impactos na natureza e na saúde pública, com foco especial na qualidade de vida dos trabalhadores. (Assessoria de Imprensa Fetranspar)

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