Encontro Safra 2024/25 aponta oportunidades para cooperativas agrícolas
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Mais de 160 pessoas participaram do Encontro Safra 2024/25, evento on-line promovido pelo Sistema Ocepar, por meio da Coordenação de Economia e Mercado da Gerência de Desenvolvimento Técnico, nessa quarta-feira (05/02), sobre perspectivas para soja e milho, apresentadas por Marcela Marini, responsável pela área de grãos do Rabobank, e sobre tendências climáticas para os próximos meses, a partir de análise apresentada pelo meteorologista Luiz Renato Lazinski.
O presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, abriu o evento destacando o otimismo em relação à safra de grãos 2024/25, com estimativas que superam 41 milhões de toneladas, porém, com a necessidade de cautela e atenção a cenários desafiadores. “Temos muito a comemorar com a boa perspectiva de colheita, porém, há dois indicadores preocupantes: o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a 5,5% e a taxa básica de juros Selic tendendo a 15%, que podem gerar incertezas no mercado e exigem atenção máxima à questão financeira” alertou.
Na sequência, o chefe do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), Marcelo Garrido, destacou que a estimativa atualizada de colheita da soja teve queda de 4% em relação à perspectiva inicial, caindo de 22,2 milhões de toneladas para 21,3 milhões de toneladas. “Com 23% de área de soja colhida no estado, temos boas expectativa em relação à segunda safra de milho, com o plantio já avançando nessas regiões, e estimativa de colheita de 15,5 milhões de toneladas”, frisou.
Mercado americano
A responsável pela área de grãos do Rabobank, Marcela Marini, apresentou o contexto internacional que deve impactar o mercado brasileiro. Segundo Marini, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revisou as estimativas das safras de soja e milho, em janeiro, com redução nas projeções iniciais: a soja com perspectiva de queda de 9 milhões de toneladas e o milho com queda de 8 milhões de toneladas.
Ela comentou que as exportações americanas estão em um nível recorde, com 31 milhões de toneladas de soja, aquecidas sobretudo pela incerteza em relação à produção brasileira, no início da safra. “Devido às questões climáticas, tivemos uma fase de plantio atrasada e muito concentrada no Brasil, o que deverá gerar uma colheita também concentrada, e que poderá impactar negativamente o valor de venda da commodity no exterior”, avaliou, lembrando também sobre a possibilidade de impacto negativo nos preços por conta da falta de locais para armazenagem e cotação de frete.
A partir de indicadores históricos da bolsa de valores de Chicago (CBOT), ela também fez uma análise em relação à possibilidade de uma nova guerra comercial entre Estados Unidos e China, o que poderá levar à redução da área plantada de soja na próxima safra, nos Estados Unidos, e representar uma oportunidade de venda para o grão do Brasil. “Os relatórios do USDA do final de março e do final de junho serão essenciais para que o produtor brasileiro possa fazer seu planejamento a partir das projeções americanas”, afirmou a especialista.
Sobre a comercialização do milho safrinha, as projeções apontam para um aumento no valor estimado inicialmente, em setembro de 2024, por conta do câmbio e da cotação na bolsa de valores de Chicago. Marini também falou sobre o crescimento da demanda pelo insumo no Brasil, impulsionado pela produção de aves e suínos, e pela ampliação da capacidade das plantas de etanol. Essas condições devem resultar em um aumento de 5 milhões de toneladas na destinação do milho safrinha ao mercado interno, em comparação com a safra 2023-2024. “A grande incerteza é se teremos produção para atender à alta demanda, por conta do possível atraso no plantio da cultura”, alertou.
Condições climáticas
O meteorologista Luiz Renato Lazinski destacou a formação do fenômeno climático “La Niña” moderado. No Paraná, a formação representa tempo mais seco e quente na região oeste e temperaturas abaixo da média, com chuvas moderadas nas regiões centro sul e leste. Ele destacou que o solo encontra-se com umidade suficiente para o plantio do milho safrinha e está apropriado para todas as culturas de inverno. “Até 4 de março temos previsão de permanência de chuvas diárias no Paraná, o que pode impactar a colheita da soja no estado e o início do plantio do milho safrinha”, avaliou Lazinski, lembrando que com o “La Niña”, há riscos de geadas adiantadas e veranicos prolongados, o que pode provocar períodos mais secos, representando riscos maiores para a safra de milho safrinha no estado.
“As apresentações dos estudos técnicos mostraram que há algumas janelas com melhores oportunidades de comercialização dos grãos, a partir da leitura do cenário mundial e das condições climáticas, com diferenciais que poderão apoiar efetivamente as cooperativas na escolha das melhores estratégias”, avaliou o superintendente da Ocepar, Robson Mafioletti.
Clique aqui e confira a matéria sobre o evento divulgada pela rádio PR Cooperativo
FOTOS: Júlia Duda e Denise Morini / Assessoria Sistema Ocepar