EXTENSÃO RURAL: Congresso busca novos modelos de desenvolvimento

Com a participação da aproximadamente 500 pessoas, foi aberto ontem (13/05), em Londrina, no auditório da Sociedade Rural do Paraná, o 4º Congresso Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural - ConBATER, que termina nesta quinta-feira, após cumprir extensa programação. Sua realização e promoção está a cargo de uma dezena de instituições públicas e privadas que têm vinculação com os serviços de assistências técnica e extensão rural, entre as quais a Emater, a Asbraer, a Associação dos Engenheiros Agrônomos de Londrina, o Iapar, a Ocepar (representante das cooperativas) e o Sebrae. Na sessão solene de abertura, que ocorreu às 9h30 min, foi discutido o tema as "Políticas Públicas para a Agricultura Brasileira e o Papel da Ater (Assistência Técnica e Extensão Rural)". O gerente técnico e econômico da Ocepar, Flávio Turra, representou Márcio Lopes de Freitas, presidente da OCB, na discussão desse tema.

Alimentos x biocombustíveis - É falsa a crise da discussão sobre a produção de alimentos versus combustíveis, garantiu o diretor geral da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Herlon Goelzer de Almeida, que falou na abertura do congresso. "Nós vemos que essa questão é sim uma grande oportunidade do Brasil e do Paraná de avançar na sustentabilidade da produção agropecuária, de alimentos e agrocombustíveis", afirmou Herlon, enumerando as potencialidades nacionais da alta competitividade nos mercados mundiais pela existência de água abundante, da biodiversidade, da capacidade produtiva dos agricultores, da elevada produtividade obtida nas atividades agrícolas e principalmente e pelas alternativas de fontes energéticas renováveis sem necessariamente avançar a produção em áreas de preservação ambiental.

Demanda por novos rumos - Ao destacar o orgulho do Paraná em sediar a 4ª edição do combater, o presidente do Emater, Arnaldo Bandeira, afirmou que por ser este o negócio do instituto, mais de 80 extensionistas estão participando, apresentando dezenas de trabalhos técnicos e tendo ainda atuação direta na organização do evento. Sobre a temática do congresso, Reconversão da Agricultura: busca de novos modelos, o dirigente afirmou que. "O desafio posto para as redes de Ater é a multiplicidade de competências, dentre elas a de combater a pobreza, alcançar as regiões economicamente menos dinâmicas, utilizar modelos de produção com reduzida ou sem nenhuma agressividade ambiental e nova matriz tecnológica de processos e não de pacotes".

A Ater e o cooperativismo - Falando em nome do presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras, o gerente técnico e econômico da Ocepar, Flávio Turra, iniciou sua apresentação fazendo uma breve apresentação do "Cooperativismo e Agronegócio", presente nas 27 unidades da Federação e responsável por 6% do PIB do país e faturamento de R$ 72 bilhões. Mostrou que os agricultores associados às cooperativas são, em sua maioria (69%), são pequenos e médios produtores que atuam em propriedades com menos de 50 hectares. Frisou que "a origem do cooperativismo se deve ao trabalho incansável da assistência técnica e extensão rural com sua atuação na organização dos produtores e na busca de formas de fortalecer o agricultor frente ao mercado". Segundo Turra, "no Paraná, na década de 70 houve um forte trabalho coordenado pela Acarpa (hoje Instituto Emater PR), Incra, Secretaria da Agricultura e Ministério da Agricultura, criando as primeiras cooperativas".

Parceria atual - Flávio Turra disse que muitos profissionais da extensão rural do Paraná atuaram na linha de frente nas cooperativas, ajudando a desenvolvê-las. À medida que cresceram e alcançaram a independência, as cooperativas montaram estruturas próprias de assistência técnica. Hoje as cooperativas têm mais de 1.300 profissionais atuando nesse setor, 800 dos quais são de nível superior. No entanto, lembrou Turra, as cooperativas ainda são parceiras do serviço de extensão rural e realizam alguns programas em conjunto com a Emater, como o  Treino e Visita, que envolve também o Iapar e a Embrapa. Concluiu afirmando que "uma agricultura forte depende de assistência técnica valorizada" e que "é fundamental a integração entre a assistência privada e pública". O treinamento, a capacitação e a aproximação com a pesquisa também foram defendidas pelo represente da OCB na palestra de abertura do 4.º ConBATER.