Fórum de Mercado reúne mais de 200 pessoas
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Em dois dias de evento, o Fórum de Mercado do Sistema Ocepar, promovido pela Gerência de Desenvolvimento Técnico, reuniu mais de 200 pessoas para discutir negócios para o cooperativismo paranaense e brasileiro.
O evento foi realizado em Maringá, na sede da Sicredi Dexis. O segundo dia de programação (05/11), começou às 8h, com o painel que discutiu a Resolução nº 4966, do Conselho Monetário Nacional (CMN). Em programação paralela, houve a "Caravana do AgroExportador", em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). O encontro debateu oportunidades e desafios para o cooperativismo agro. A programação contou com a presença do auditor do ministério, Filipe Lopes, e com a participação online dos adidos agrícolas Rodrigo Padovani (Chile) e Glauco Bertoldo (União Europeia).
O debate do ramo crédito foi aberto pelo chefe adjunto do Departamento de Gestão Estratégica e Supervisão Especializada do Banco Central (BC), Francisco Silveira. "Um privilégio participar deste painel. Fiquei muito satisfeito de ver que a Resolução 4.966 está surtindo o efeito que a gente imaginava na gestão, para que as cooperativas sigam mais fortes e sólidas. O BC vê com muita satisfação o desenvolvimento do cooperativismo de crédito", afirmou.
O painel contou com participação do presidente da Sicredi Dexis, Wellignton Ferreira, do presidente do Sicoob Central Unicoob, Márcio de Souza Gonçalves, e da diretora de Operações da Central Cresol Baser, Andressa Castro.
Ferreira comentou sobre as mudanças que ocorreram após a norma no Sicredi e reforçou a importância de manter a essência do cooperativismo. "Nós precisamos olhar para frente, como vamos conduzir os próximos 40, 50 anos. Tenho certeza de que o que vai manter o cooperativismo é o sentimento de dono. Por isso, conheça seu associado, facilita muito na análise da 4966, na previsibilidade".
Para Gonçalves, é essencial entender que mudanças são naturais e é importante se antecipar. "Nós (cooperativismo de crédito) já somos grandes. A 4966 é realidade. Quase que natural que ocorram medidas regulatórias. Antes de fazer treinamento, temos que fazer processo de conscientização de todos. Não podemos ser pegos de surpresa".
Já Castro destacou a atuação democrática das cooperativas. "Temos gestão participativa, talvez por isso tenhamos tido tanta comentários e discussão sobre a norma". Andressa também pontuou a importância da atuação conjunta. "Essa troca de experiências entre sistemas de crédito é muito importante, porque a gente aprende muito. É relevante que mantenhamos essa comunicação", pontuou.
Política brasileira
Após o intervalo, todos os participantes foram direcionados para o auditório principal, para a palestra "Brasil 2026: Riscos políticos e oportunidades econômicas”, com o diretor de Pesquisa e chefe da Eurasia Group no Brasil, Silvio Cascione.
Cascione começou pontuando como é complexo analisar cenário político. "Em outubro de 2027, eu não sei qual a previsão do tempo. Não sei se vai chover ou não. Mas a meteorologia vai nos dizer se estamos em período de seca, de chuva, se tem La Niña ou não. A partir dessas tendências, posso tomar providências. Na política é a mesma coisa".
Silvio apontou cenários para a disputa eleitoral presidencial para 2026, apontando possibilidades de candidatos que se definem mais à direita ou mais à esquerda. "A gente tem um quadro bem incerto, que vai depender do perfil da campanha, do candidato e da mensagem que ele coloca."
O especialista destacou a relevância do Brasil globalmente. "O mundo que precisa diversificar vai encontrar aqui energia, petróleo, minerais. Se o Brasil conseguir se organizar, vai ter um agro mais forte, uma indústria mais conectada na economia global. E esse quadro nã se altera com o acordo EUA x China", finalizou.
Conjuntura econômica
A última atividade do Fórum trouxe a palestra "Nova economia global e os impactos para o agro e o crédito no Brasil”. A apresentação foi feita pelo economista, cientista político e diplomata brasileiro, Marcos Troyjo, que foi presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), instituição financeira do Brics.
O especialista comentou sobre as dificuldades no cenário econômico brasileiro, inclusive para atração de negócios. "O Brasil teria grandes chances de se tornar uma bomba de investimentos produtivos. Mas há algumas questões. Empresas que querem reposicionar posição vão pra onde? Índia, México, EUA ou Brasil, onde, mesmo após a Reforma Tributária, a carga de tributos é de 33%? E tem a questão dos juros, que é essencial. Ou se diminui os custos do governo ou vamos continuar com taxas de juros muito altas", ponderou.
Troyjo falou sobre as peculiaridades do momento atual, com tarifas impostas pelo governo Trump para vários países. "Hoje, das 10 maiores empresas do mundo, 9 são americanas, só tem uma que não é, de petróleo, na Arábia Saudita. Eu acho que essa política de tarifas do Trump vai machucar muito os EUA no médio e longo prazo."
O economista pontuou oportunidades para o Brasil no cenário atual. "Estamos entrando em uma fase em que a Inteligência Artificial (IA), a robótica e a computação quântica são essenciais. Mas água, energia, comida, terras raras, minerais críticos também são essenciais. Esse mundo traz grandes oportunidades para o Brasil", finalizou.
Para o encerramento do Fórum, foram chamados ao palco, o superintendente do Sistema Ocepar, Robson Mafioletti, e o presidente da Sicredi Dexis, Wellington Ferreira, que agradeceram a participação de todos e destacaram a relevância dos debates ocorridos no evento.