IBGE: Produção industrial varia 0,1% em abril e acumula 3,4% de queda em 2022
- Artigos em destaque na home: Nenhum
A produção industrial teve variação positiva de 0,1% na passagem de março para abril, terceiro mês seguido de avanço, acumulando no período alta de 1,4%. Porém, nos primeiros quatro meses de 2022, o setor ainda acumula queda de 3,4% e, nos últimos doze meses, o acumulado caiu 0,3%, primeiro resultado negativo desde março de 2021(-3,1%). Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta sexta-feira (03/06) pelo IBGE.
Melhora - André Macedo, gerente da pesquisa, explica que, embora modesta, há uma melhora no comportamento da indústria, bem caracterizada pelos últimos três meses de resultados positivos. Porém, essa mudança ainda é insuficiente para compensar as perdas do passado: “O ganho acumulado de 1,4% nesse período de fevereiro a abril não elimina nem a queda de 1,9% registrada em janeiro. Mesmo que nos últimos 6 meses a indústria tenha mostrado 5 taxas no campo positivo, ainda assim está 1,5% abaixo de fevereiro de 2020 e 18% abaixo do ponto mais alto da série, em maio de 2011”.
Fim das restrições sanitárias - Segundo o pesquisador, essa melhora está atrelada ao fim das restrições sanitárias, mas os fatores que dificultam uma retomada da indústria permanecem: as plantas industriais ainda percebem o aumento do custo de produção e refletem a escassez de algumas matérias-primas, justificando a menor intensidade do ritmo da produção industrial.
Demanda doméstica - “Pelo lado da demanda doméstica, os juros elevados dificultam o acesso ao crédito e inibem os investimentos, a inflação em patamares elevados diminui a renda das famílias, o mercado de trabalho ainda não se recuperou e a massa de rendimentos não avança. Assim, há menor recurso por parte das famílias para que a demanda doméstica alavanque o consumo e a produção”, contextualiza Macedo.
Atividades - Em abril, o setor industrial registrou alta em 16 das 26 atividades investigadas, e a atividade com mais influência positiva foi a de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, com crescimento de 4,6%. “Essa atividade vinha de dois meses seguidos no campo negativo, período em que acumulou perda de 2,6%, retomando em abril o ritmo de produção”, informa o pesquisador.
Outras - Outras atividades que contribuíram para a variação positiva de abril foram: bebidas (5,2%) e outros produtos químicos (2,8%).
Redução - Por outro lado, entre as dez atividades com redução, produtos alimentícios (-4,1%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,2%) exerceram os principais impactos. “Os produtos alimentícios registram o segundo mês seguido de queda, muito relacionada à produção de açúcar. Porém, antes dessas quedas, a atividade vinha de 4 meses de crescimento, mantendo ainda um saldo positivo nesses últimos seis meses”, afirma Macedo.
Categorias econômicas - Duas das quatro grandes categorias econômicas tiveram alta, bens de consumo semi e não duráveis (2,3%) e bens intermediários (0,8%). Por outro lado, os setores produtores de bens de capital (-9,2%) e de bens de consumo duráveis (-5,5%) tiveram recuos nesse mês, ambos interrompendo dois meses seguidos de crescimento na produção, período em que acumularam avanços de 12,1% e 3,8%, respectivamente.
Na comparação com abril de 2021, produção caiu 0,5% - Na comparação contra igual mês do ano anterior, o setor industrial teve queda de 0,5% em abril de 2022, com resultados negativos em duas das quatro grandes categorias econômicas, 18 dos 26 ramos, 56 dos 79 grupos e 59,4% dos 805 produtos pesquisados. Ressalta-se, ainda, que abril de 2022 teve 19 dias úteis, um a menos do que abril de 2021.
Destaque - Entre as atividades, destaque para as quedas em veículos automotores, reboques e carrocerias (-7,6%), produtos alimentícios (-4,7%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-16,7%) e produtos de metal (-11,3%).
Veículos automotores - “A atividade de veículos automotores é um exemplo de atividade com dificuldade de acesso a matérias-primas e componentes eletrônicos, levando a menor intensidade do ritmo de produção e interrupções nas jornadas de trabalho. Após crescer em março, ela volta ao campo negativo em abril, mas o ritmo ainda é predominantemente negativo, mantendo-se 16,9% abaixo do patamar pré-pandemia. Esta também é a atividade de maior influência negativa no acumulado do ano”, explica o pesquisador.
Crescimento - Já no grupo dos oito setores que cresceram, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (19,9%) exerceu a maior influência. Outros impactos positivos importantes foram registrados por outros produtos químicos (11,0%), bebidas (13,2%) e celulose, papel e produtos de papel (2,8%).
Taxas negativas - Entre as grandes categorias econômicas, bens de consumo duráveis (-13,2%) e bens de capital (-5,1%) assinalaram, em abril de 2022, as taxas negativas. Por outro lado, os setores produtores de bens de consumo semi e não duráveis (3,3%) e de bens intermediários (0,1%) avançaram no mês.
Mais sobre a pesquisa - A PIM Brasil produz indicadores de curto prazo desde a década de 1970 relativos ao comportamento do produto real das indústrias extrativa e de transformação. A partir de maio de 2014, teve início a divulgação da nova série de índices mensais da produção industrial, após uma reformulação para atualizar a amostra de atividades, produtos e informantes; elaborar uma nova estrutura de ponderação dos índices com base em estatísticas industriais mais recentes, de forma a integrar-se às necessidades do projeto de implantação da Série de Contas Nacionais - referência 2010; e adotar as novas classificações, de atividades e produtos, usadas pelas demais pesquisas da indústria a partir de 2007, quais sejam: a Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CNAE 2.0 e a Lista de Produtos da Indústria - PRODLIST-Indústria.
Resultados - Os resultados da pesquisa também podem ser consultados no banco de dados Sidra. (Agência IBGE de Notícias)
FOTO: Gilson Abreu / AEN-PR