PECUÁRIA: Questões sanitárias seguram preço do boi
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O preço da carne bovina - valor pago ao produtor pelos frigoríficos - começou o ano estagnado no Paraná em R$ 54 a arroba (15 Kg). O valor do produto teve reação após o carnaval quando atingiu o pico de preço no ano e chegou a R$ 56 a arroba. O aumento de preço foi provocado pelo aumento da demanda no mercado interno, com o fim das férias. No entanto, o valor da arroba, voltou aos patamares do início do ano na segunda semana de março, quando a arroba custava R$ 54. O mês de abril começou também sem grandes alterações nos preços da carne. Esta semana a arroba era cotada em R$ 55,00 O economista do Sindicato da Indústria de Carne do Estado do Paraná (Sindicarne-PR), Gustavo Fanaya, explica que a tendência para o preço hoje é de queda. Mas, a manutenção desta situação vai depender de diversos fatores. Um deles é o clima, ou seja, as pastagens utilizadas para a pecuária dependem muito de como vai ser o inverno e o volume de chuvas. ''Com a seca, o boi fica com peso menor, enxuga o mercado e aumenta o preço do boi e da carne para o consumidor final'', disse. O outro fator determinante para o preço da carne é o câmbio. ''Se não fosse o câmbio, o boi estaria custando R$ 80 a arroba'', afirmou. Além destes fatores, o preço carne vai depender da questão sanitária que, segundo o economista, ''tem armadilhas graves''.
OIE - O Paraná ainda não recuperou o status de área livre com vacinação junto à Organização Internacional de Epizootias (OIE) e não tem previsão de voltar a ter esta condição. A organização tem uma reunião em maio mas a situação do Paraná e do Mato Grosso do Sul (estados mais afetados com a crise da febre aftosa) não está na pauta. Já o consultor Alcides de Moura Torres Júnior, sócio-proprietário da Scot Consultoria, empresa privada de análises do agronegócio, é mais otimista com o mercado. ''Os produtores irão recuperar preço, não rentabilidade. Mas o cenário atual é muito melhor do que o do ano passado'', salientou. A projeção de preços melhores, segundo ele, deve ocorrer no segundo semestre, não só porque o período é de entressafra, mas também pela redução das áreas de pastagens, ocupadas pela soja e a cana-de-açúcar. O consultor cita ainda um estímulo do próprio mercado, que registrou três anos de preços baixos. A baixa cotação levou a um maior abate de fêmeas, reduzindo a oferta de bezerros. ''Menor oferta de bezerro leva a um aumento do preço da arroba do boi gordo'', afirma.
Embargo - Hoje, cerca de oito países ainda mantém o embargo à carne brasileira. No entanto, a maior parte das restrições são para os produtos do Paraná e do Mato Grosso do Sul que sofrem embargos de 54 países. No Mato Grosso de Sul ainda há focos de aftosa. Aqui, o problema é o status internacional. Com o embargo, o Paraná deixou de exportar desde outubro de 2005 até o início de abril US$ 425 milhões ou R$ 867 milhões (considerando o dólar a R$ 2,04) em aves, suínos e bovinos.
Perspectivas - Ao longo do ano, Gustavo Fanaya acredita que o preço da arroba fique estável no Paraná a não ser que o Estado consiga retomar o status de área livre ou que haja valorização do dólar. A valorização cambial, segundo ele, mexe com a capacidade que os frigoríficos exportadores têm de comprar boi no mercado interno. Em 2006, a arroba do boi começou o ano em R$ 48 e atingiu o pico de baixa em abril quando era cotada a R$ 45, valor mais baixo da história da pecuária do Paraná, momento posterior ao abate dos bois que tinham supostamente a aftosa. No ano passado, apesar da crise, o valor da arroba teve uma variação positiva de 12,5%.
Dieese - O economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Sandro Silva, disse que, para o consumidor final, a carne teve uma queda de 4,36% comparando fevereiro de 2007 com dezembro do ano passado. Ele acredita que neste início de ano o preço deve ficar estável ou até em queda. Vai depender do clima, ou seja, de como será o inverno. De acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura (Seab) a média de preço pago ao produtor por arroba (no boi para corte) neste ano é de R$ 51,89. Em 2004, chegou a R$ 55,89, um ano antes da crise. Comparando 2007 com 2004, a queda no valor da arroba foi de 7,15%. (Folha de Londrina)