Webinar realizado pelo Sistema Ocepar revela tendência de crescimento nas exportações de agroindustrializados
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A agroindustrialização é um dos segmentos econômicos mais representativos para a economia paranaense. Com forte participação das cooperativas, o setor foi analisado por especialistas, que apontaram tendências e oportunidades durante o webinar Agroindustrialização e Cooperativismo Paranaense, realizado na sexta-feira (19/09). O evento, uma iniciativa do Sistema Ocepar, realizada por meio da Gerência de Desenvolvimento Técnico da Ocepar, teve como objetivo de contribuir com o planejamento das cooperativas, permitindo o avanço estruturado da agroindustrialização, tema do projeto 25 do Plano Paraná Cooperativo 300 – PRC300, o planejamento estratégico de desenvolvimento sustentável do cooperativismo paranaense.
O presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, recebeu os convidados apresentando indicadores do cooperativismo no estado em 2024, com faturamento de R$ 205,7 bilhões, 4,02 milhões de cooperados e geração de 146 mil empregos.
“Queremos levar as cooperativas a atingirem juntas, até 2030, R$ 300 bi em faturamento e sabemos que a agroindustrialização é o caminho para conseguirmos isso”, afirmou Ricken, lembrando que, para isso, há a necessidade de investimentos. “A intenção de investimento das cooperativas até o final deste ano chega a R$ 9,2 bilhões, sendo que cerca de 70% deste montante é para fortalecimento da industrialização da agropecuária e para armazenamento. Então, estamos trabalhando arduamente para prestar apoio na conquista desta meta”, disse.
Atualmente, há 147 unidades agroindustriais de cooperativas em funcionamento no Paraná, que são responsáveis por 48% das receitas geradas pelo cooperativismo no estado.
Proteína animal
O gerente executivo de Mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (Abpa), Estevão Carvalho, apresentou indicadores como volume de produção, exportações e mercados em ascensão. O Brasil é hoje o terceiro maior produtor mundial de carne de frango, responsável por 14,4% da produção global e ocupa a liderança global nas exportações da proteína, responsável por 38,6% do volume total de exportações mundiais. Boa parte da produção – dois terços - é voltada para o abastecimento do mercado interno. O Paraná é o principal responsável no país pela produção da proteína, com 39% do total, assim como o principal exportador, com 42% de participação no total nacional.
“O caso de Influenza Aviária provocou uma queda de 1,1% nas exportações, mas podemos considerar o impacto pequeno, perto do que foi registrado em outros países. O Brasil já estava preparado e respondeu rapidamente à situação, com biossegurança nas granjas e segurança nas fronteiras, avaliou o especialista, que frisou também a importância do conhecimento mais profundo dos países para os quais o Brasil exporta, o que adequa a oferta de cortes, de acordo com preferências culturais.
Carvalho apresentou também projeções dos mercados de carne suína - que tem o Paraná como o segundo maior produtor nacional, com 20,6% do total - ovos e de tilápia, que tinha nos Estados Unidos seu principal mercado de exportação, até o tarifaço anunciado pelo governo de Donald Trump.
O especialista acredita no crescimento das exportações de proteína animal em 2026, com o anúncio da certificação de área livre de febre aftosa sem vacinação para todo o território brasileiro.
Soja e biodiesel
O mercado das indústrias de soja e biodiesel no Brasil foi analisado pela coordenadora de Qualidade e Biocombustíveis da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Aline Garbari. Em 2025, houve recorde nos números relacionados ao ciclo da soja no Brasil, com a previsão de uma safra com mais de 170 milhões de toneladas. Deste total, um terço deverá passar por processamento, com a projeção de produção de cerca de 11 milhões de toneladas em óleo e 45 milhões de toneladas de farelo, com União Europeia e Ásia (exceto China) como principais destinos das exportações. “Podemos afirmar que 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil é composto por soja e biodiesel. São produtos que têm uma importância fundamental e crescente para a economia do país”, lembrou Garbari. Em 2024, a cadeia produtiva empregou 2,26 milhões de trabalhadores, um aumento de mais de um milhão de pessoas em 12 anos.
Em suas considerações finais, ela afirmou que a Abiove trabalha com a perspectiva de aumento contínuo da mistura do óleo de soja na composição do biodiesel para os próximos anos, assim como acredita no fortalecimento do biodiesel para uso marítimo, na produção de diesel verde e em outros produtos com conteúdo renovável.
Agroindústrias no Paraná
O diretor do Centro de Pesquisa do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Julio Suzuki, iniciou sua participação frisando o peso das agroindústrias para a composição do PIB estadual. Quando a cadeia produtiva mais ampla é considerada – incluindo fornecedores de insumos como fertilizantes, e de serviços como transportes, além da própria oferta de bens agropecuários – a atividade responde por 33% do PIB. Considerando o Valor Adicionado Bruto (VAB), que desconta valores de bens e serviços que foram utilizados ao longo do processo, as agroindústrias foram responsáveis por R$ 31,9 bilhões em 2021, ou 6,7% do PIB paranaense.
Sobre desafios do segmento agroindustrial, ele mostrou, a partir de indicadores históricos do segmento de abate de animais, a importância dos ganhos em escala, com a redução do custo das operações industriais. “Para manter os níveis de escala, tomando como parâmetro o segmento de proteína animal, será importante a abertura de novos mercados, sobretudo Ásia e África”, avaliou.
Suzuki apresentou ainda os produtos agroindustriais que tiveram as maiores taxas de crescimento em vendas no Brasil, comparando indicadores de 2014 com 2023. O óleo de algodão refinado teve a maior taxa, com aumento de 200%. Na sequência, aparece a carne suína, congelada, fresca ou refrigerada, com crescimento de 84%, e os sucos concentrados de laranja, com 38% de crescimento.
O superintendente da Ocepar, Robson Mafioletti, encerrou o encontro, destacando a relevância da industrialização para o processo de fortalecimento das cooperativas. “Temos certeza de que é o melhor caminho. Às vezes há variações de preços, mas a estabilidade da renda ao longo do período para a cooperativa e para os cooperados fica muito mais interessante. O desafio é a viabilização dos recursos para aumentarmos as atividades de processamento dos insumos e buscarmos essa valorização ainda maior dos produtos paranaenses.”
O webinar “Agroindustrialização e Cooperativismo Paranaense" reuniu 116 participantes, de diversas cooperativas agropecuárias paranaenses, além do gerente de Assuntos Estratégicos da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), João Arthur Mohr, e do presidente da Fiep, Edson Vasconcelos.