ESTIMATIVA: La Niña não deve interferir na safra recorde de grãos

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Apesar da perspectiva da ocorrência do fenômeno La Niña - que atrasa o retorno das chuvas e provoca estiagens - a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aposta em crescimento entre 2,6% e 5,2% na safra 2007/08, que pode ficar entre 134,9 milhões de toneladas a 138,3 milhões de toneladas. A última colheita, a maior da história, foi de 131,5 milhões de toneladas. Analistas de mercado, no entanto, discordaram do otimismo da estatal quanto à produtividade esperada. Também não concordaram com as projeções de área - consideradas conservadoras.

Otimismo - A Conab justifica o otimismo na aposta devido ao atual nível dos preços das commodities, que estão em patamares altos e ajudaram a recapitalizar o setor. De acordo com o diretor de Logística e Gestão Empresarial da Conab, Silvio Porto, essa expectativa de safra poderá sofrer variações conforme as alterações climáticas ocorram. "Estamos colocando que efetivamente poderemos ter problemas climáticos e isso significa que os números poderão não se configurar, mas nesse momento, em termos de projeção e metodologia, foi trabalhado dessa forma", afirmou Porto.

Milho e soja - "O milho já está muito ameaçado", diz o analista Adriano Vendeth de Carvalho, da SoloBrazil. Segundo ele, as previsões para a soja podiam ser maiores - uma vez que o período de plantio é mais longo e os preços estimulam -, mas no caso do milho paira uma dúvida quando à mudança ou não de cultura em virtude do La Niña, que já está atrasando o plantio. A Conab projetou uma área de soja até 5,7% superior - 21,9 milhões de hectares - e uma colheita até 4,9% maior - 61,2 milhões de toneladas.

Projeção conservadora - Para o milho a estatal estimou um incremento de até 3% na superfície cultivada - 14,2 milhões de hectares - e 3,2% na colheita de verão - 52,7 milhões de toneladas. "Os números para a soja são conservadores. Acreditamos em uma área de 22,5 milhões de hectares", afirma Anderson Galvão, da Céleres. Opinião semelhante tem Fábio Turquino Barros, da AgraFNP. "Esperamos um cultivo maior, mas com produtividade menor", afirma.

Norte do Paraná - O meteorologista André madeira, da ClimaTempo, diz que o fenômeno vai prejudicar mais os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Norte do Paraná, com chuva abaixo do normal em outubro e novembro. "Estes estados podem ter problemas", afirma. Diante do risco de agravamento da situação climática, a Conab vai fazer uma espécie de controle climático com monitoramento do clima a cada dez dias.

Estimativa é reduzida - Diferentemente do que havia afirmado anteriormente, a Conab reduziu a estimativa de aumento da área plantada, que ficará entre 1,2% e 3,4% a mais em relação à última safra e não de 5% Para Porto, a menor expansão deve-se ao investimento maior em tecnologia. "Estamos achando que os produtores estão preferindo investir em tecnologia e fertilizantes. Os dados indicam isso e também o aspecto climático é um componente que está colocando um certo conservadorismo em relação à expansão da área".

Segundo levantamento - O economista Fábio Silveira, da RC Consultores, também considera conservadores os números da Conab. "Estão subestimados", afirma. Segundo ele, o levantamento foi feito em setembro, quando parte dos produtores ainda não tinha se decidido por qual cultura plantar. Em sua avaliação, o segundo levantamento deve indicar um volume de produção de grãos maior que o divulgado neste. "Ainda há tempo para um plantio adicional e superior ao que a Conab estimou", acredita.

Algodão - O maior crescimento em termos de produção é para a cultura do algodão. A estimativa é que a safra fique entre 1,52 e 1,66 milhões de toneladas - incremento de 2,9% a 9%. O arroz deve recuperar área e produtividade, com colheita prevista de até 12,01 milhões de toneladas. As perspectivas para o trigo também são positivas, com produção de até 3,8 milhões de toneladas - um aumento de 72% em relação à safra 2006/07. (Gazeta Mercantil)

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