Sistema Ocepar promove encontro para debater riscos psicossociais no trabalho

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Entender os riscos psicossociais nas cooperativas e contribuir para mapear e agir em favor dos empregados. Foi com esse objetivo que o Sistema Ocepar, através do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Paraná (Sescoop/PR), promoveu a palestra “NR1 – Riscos Psicossociais no Trabalho”. O encontro, realizado de forma virtual na manhã dessa terça-feira (20/05), contou com a participação de mais de 120 pessoas.

Na abertura do evento, o superintendente do Sescoop/PR, José Ronkoski, destacou a importância do tema. “Precisamos procurar uma conscientização e, principalmente, gerenciamento dos riscos que podem ocorrer dentro dessa questão. Se a gente tiver medidas para prevenir, é um bom caminho para trilhar dentro do cooperativismo. Esta é nossa segunda turma sobre o assunto. Ficamos felizes por termos profissionais qualificados nas cooperativas, que sempre nos assessoram nesse sentido.”

Cuidado com o colaborador

A primeira palestra foi realizada pelo chefe da sessão de relações de trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, em Curitiba, Luiz Fernando Favaro Busnardo. Ele comentou sobre o adiamento da vigência da Norma Regulamentadora-1 (NR-1) sobre riscos psicossociais, mas informou que os órgãos oficiais vão seguir incentivando as práticas de prevenção. “Nesse intervalo de 12 meses, até maio de 2026, nós estaremos apenas orientando. Sempre que o auditor fiscal iniciar uma ação em cooperativa, por exemplo, vai pedir sobre a NR01, sobre o programa de gerenciamento, as medidas que estão sendo adotadas e vai abordar os riscos psicossociais, mas não haverá exigência, muito menos punição nesses meses que virão.”

Busnardo aproveitou para elencar os principais gatilhos para problemas psicossociais relacionados ao trabalho:

- carga de trabalho excessiva (funcionário comparece à jornada de trabalho e não sabe que horas vai sair);

- exigências contraditórias, por parte do empregador, e com falta de clareza na definição das funções;

- falta de participação na tomada de decisões que possam afetar o trabalhador; não ser dada ao funcionário qualquer oportunidade pode criar a sensação de ineficiência, de pouca importância no contexto laboral;

- falta de controle sobre como o trabalho é executado, às vezes se trabalha muito, às vezes se trabalha pouco; alguém da equipe trabalha demais e outro de menos, por exemplo;

- má gestão de mudanças organizacionais: por vezes a empresa está focada em uma coisa, ora em outra; trabalhador se sente em um mar revolto e fica prejudicado;

- precariedade laboral (tem a ver com outras NRs, com ambientes de trabalho precários, com riscos, por exemplo);

- comunicação ineficaz (chefes que não se comunicam com trabalhador ou se comunicam de forma confusa, deixando o trabalhador inseguro);

- falta de apoio das chefias ou dos colegas (trabalhador é deixado com sua tarefa sem nenhum auxílio);

- assédio psicológico e sexual;

- clientes (falta de respeito ou agressividade de clientes, pacientes, público externo, em geral).

A segunda a conversar com os participantes foi a psicóloga clínica Edilaine Hudzinski. Ela iniciou explicando que risco psicossocial são quaisquer fatores que impactem a saúde emocional. Edilaine reforçou os tópicos trazidos pelo representante do Ministério do Trabalho e Emprego e complementou sobre a importância do clima organizacional. “Quando a gente fala de clima organizacional hostil, ambiente muito pesado, comunicação agressiva, esse é o ambiente que pode trazer consequências psicossociais, pode trazer o adoecimento. Quando a gente tem regras bem desenvolvidas, ambiente com abertura para conversa, acolhimento; quando a gente escuta as pessoas, a gente vai desenvolvendo cultura organizacional saudável, mas quando isso não acontece, temos uma cultura que oferece risco.”

A psicóloga pontuou que, por ser invisível, o risco psicossocial muitas vezes é difícil de enxergar, mas há algumas possibilidades. “As pessoas vão adoecendo de maneira sutil e silenciosa. Quando você começa a perceber que o colaborador está mais quieto, está diferente, chamá-lo para uma conversa pode ser uma ação de prevenção. É importante que as empresas façam programas de prevenção a riscos psicossociais. É possível realizar, de forma regular, entrevistas e questionários no ambiente de trabalho, manter a escuta ativa das equipes. Importante também observar indicadores como adoecimentos, absenteísmo, alta rotatividade. Às vezes o excesso de afastamento físico é sinal de problema psicossocial. O stress baixa nossa imunidade.”

Edilaine também reforçou a responsabilidade do próprio colaborador. “Isso é um puxão de orelha mesmo. Nós muitas vezes não puxamos a responsabilidade do autocuidado para nós. Da mesma maneira que nós precisamos usar luva, máscara, quando estamos expostos a riscos físicos, por exemplo, precisamos fazer essa análise de riscos psicossociais. Também é preciso aderir aos programas estabelecidos na empresa, participar das ações propostas”, finalizou.

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