AFTOSA III: Efeitos sobre exportações não devem ser drásticos

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A confirmação pelo Ministério da Agricultura do foco de febre aftosa no Paraná não deve ter efeitos drásticos para as exportações de carnes, ao menos no curto prazo, acreditam analistas e entidades do setor. Novos testes realizados pelo Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro) comprovaram a existência de um foco da doença numa propriedade em São Sebastião da Amoreira, no norte do Paraná. A expectativa é de que a Rússia suspenda as compras de carne suína do Paraná e não estenda o embargo à Santa Catarina, o maior Estado exportador do produto. De acordo com Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs (reúne os exportadores de carne suína), autoridades russas já recomendaram que o embargo fique restrito ao Paraná por considerarem que a situação neste caso é menos grave que a do Mato Grosso do Sul, onde, desde outubro, foram notificados cerca de 30 focos de aftosa. Apesar disso, a Rússia suspendeu apenas as compras do Estado e poupou os vizinhos. O Valor apurou que o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, deverá se reunir com seu colega russo, Alexey Gordeyev, para tratar do assunto durante a reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Hong Kong, na próxima semana. (Valor Econômico)

Rússia - Empresas como a Sadia já se preparam para um eventual embargo russo ao Paraná. A companhia tem no Estado seu maior abatedouro de suínos, em Toledo, de onde sai boa parte das exportações para a Rússia. Com o possível embargo, a produção de Toledo (7 mil cabeças abatidas por dia) será destinada ao mercado interno e a países que não proibirem a carne brasileira, informou a empresa. As exportações para a Rússia sairão das outras três unidade de suínos: Uberlândia, que abate 3 mil aves por dia, Concórdia (4 mil/dia) e Três Passos (2,5 mil cabeças/dia). O vice-presidente da Coopercentral Aurora, Mário Lanznaster, também não acredita na ampliação do embargo ao suíno brasileiro porque quase todos os países já haviam proibido a importação de carnes do Paraná e a falta de novos focos indicaria que a aftosa está controlada. Segundo ele, no caso de um embargo à Santa Catarina, a Aurora teria condições de transferir parte dos abates para as unidades do Mato Grosso e Rio Grande do Sul. A cooperativa abate 11,5 mil suínos por dia, sendo 8,5 mil em Santa Catarina.

Conseqüências - Para o presidente do Sindicarne no Paraná, Péricles Salazar, as conseqüências econômicas para o Estado "não devem ser mais intensas do que já foram até agora" porque a área de risco já estava definida pelo Ministério. "Os estados vizinhos, principalmente São Paulo, já abriram mercado para nossos produtos e não há nenhuma razão para mudarem isso". Ele disse que a suinocultura do Estado já estava prejudicada. "Não estávamos conseguindo vender pernil nessa época do ano, para São Paulo, que é nosso maior mercado consumidor", afirmou. O estado vizinho flexibilizou as barreiras antes da confirmação da aftosa no Paraná. Outro efeito do ressurgimento da febre aftosa foi a paralisação das negociações com possíveis novos compradores de carne suína brasileira, como o México, disse Pedro de Camargo Neto.

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