AFTOSA: Propriedade com foco é considerada modelo

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Depois de 22 dias da confirmação do foco de febre aftosa na Fazenda Cachoeira, localizada no município de São Sebastião da Amoreira (47 km ao sul de Cornélio Procópio) a reportagem da Folha de Londrina voltou ao local. A impressão inicial é que nem o tempo - e a insistência dos técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) - parece ter conseguido convencer a todos de que a propriedade é realmente um foco de aftosa. A fazenda é cinematográfica e considerada modelo na exploração de recursos naturais e do agronegócio. São 1.418 alqueires, com 46 alqueires somente de água (entre represas e minas). Só para se ter uma idéia, a maior represa tem 10 alqueires de espelho d'água com 20 metros de profundidade. A água é potável, segundo laudo de análise expedido pela Universidade Estadual de Londrina em julho de 2005.

Confinamento - Os bois são engordados em confinamento e, para essa atividade, são destinados 15 alqueires. Isso representa pouco mais de 1% do tamanho da propriedade. Atualmente, segundo informações da gerente da propriedade André Carioba Filho, são 1,8 mil cabeças, entre nelore e cruzamento industrial. Da área destinada ao plantio, 33% é ocupado pelo milho e 67% pela soja. Uma parte do milho é destinada à fabricação de silagem, que é feita na própria propriedade. O restante é comercializado. Toda a lavoura é irrigada com a água dos mananciais. Inclusive, a irrigação e o sistema de abastecimento da fazenda - dos colonos e dos animais - seriam os empecilhos para o enterro dos animais na propriedade, caso sejam sacrificados. Segundo o gerente, os encanamentos estão todos sob o solo e seria necessário quebrar tudo para fazer as valas. As áreas livres são as destinadas à reserva legal. Cerca de 70 pessoas moram na fazenda, inclusive o seu proprietário. Os funcionários contam até com uma associação de lazer.

Silos - Ainda há seis silos, onde são armazenadas cerca de 10 mil toneladas de ração. A reportagem pode constatar que somente um deles ainda tem silagem, estimada em 300 toneladas pelo gerente. Essa quantidade seria suficiente para alimentar o rebanho até a primeira semana de janeiro. Essa é a preocupação de Carioba Filho, que alega que não tem condições de permanecer com os animais no local. No entanto, ele diz não aceitar a condição de foco de aftosa. ''Pretendo lutar para garantir o abate comercial. É lógico que se a Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) ceder e falar que tem que abater não irei criar empecilhos, mas não vou deixar enterrar os animais aqui. Essas represas (22 no total) são um trabalho desenvolvido há mais de 50 anos e não vou perder isso. Não quero tumultuar, mas não vou por em risco todo esse trabalho'', salientou o gerente.

Cenário - A confirmação do foco de aftosa na fazenda não mudou o cenário do município. A ''paisagem'' é muito diferente da de Grandes Rios (110 km ao sul de Apucarana), por exemplo, em novembro, quando a doença no Estado ainda era uma suspeita. Em Amoreira, só há uma barreira sanitária fixa, na entrada principal da Cachoeira (localizada na estrada que liga o município a Santo Antônio do Paraíso). No local, o trânsito de grãos é diário e os veículos que saem da propriedade são desinfectados. Nas propriedades localizadas em um raio de 10 quilômetros da Cachoeira as barreiras são com unidades móveis. Segundo a Seab, são 22 fazendas com 2.486 cabeças. Já em Grandes Rios, em novembro, foram montadas diversas barreiras sanitárias em todos os entrocamentos rodoviários, todos os veículos que saiam do município eram desinfectados com ácido cítrico e ficou proibida a saída de produtos in natura de origem animal.

Protocolo - Procurado pela reportagem, Felisberto Batista, chefe do Departamento de Fiscalização de Sanidade Agropecuária da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), garantiu que estão sendo seguidas todas as medidas determinadas pelo protocolo de biossegurança, no caso da Fazenda Cachoeira, localizada em São Sebastião da Amoreira (47 km ao sul de Cornélio Procópio). ''Não estamos na propriedade verificando as medidas adotadas pelos técnicos, mas todos os profissionais foram orientados a seguir as normas de biossegurança e confiamos no trabalho dos profissionais'', afirmou. Ao todo são 22 propriedades com 2.486 cabeças localizadas em um raio de 10 quilômetros. ''Naquele local estamos trabalhando com unidades móveis'', disse. (Folha de Londrina)

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