AGRICULTURA: Brasil e Argentina ainda inspiram previsão de alta
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Números do USDA são otimistas e preservam cálculos feitos antes das turbulências do mercado financeiro. Enquanto os Estados Unidos concluem a colheita de uma safra que tinha tudo para decepcionar, mas vai render bons resultados, o Brasil inicia o plantio de uma safra que tinha tudo para ser excelente, mas agora tem rumo incerto. Em um cenário já atormentado pela alta dos preços dos fertilizantes, as turbulências dos mercados financeiros levaram a agricultura brasileira do céu ao inferno. Em pouco mais de três meses, a euforia deu lugar à insegurança.
Custos sobem e preços oscilam - Os custos de produção subiram expressivamente e os preços da soja e do milho, mais voláteis do que nunca, já não estão mais tão bons quanto na época do planejamento do plantio. A falta de liquidez internacional restringiu o acesso ao crédito e dificulta o custeio da safra. O descasamento cambial (diferença entre a cotação do dólar no plantio e na colheita da safra) também preocupa. Atualmente, o dólar em alta ajuda a evitar maiores prejuízos, mas não é suficiente para amortecer as baixas nas cotações.
Incerteza - Nesse cenário, a perspectiva de safras maiores que o esperado nos EUA torna a situação ainda mais nebulosa para os agricultores brasileiros. O próprio departamento de agricultura norte-americano, dono do maior banco de dados de safras agrícolas mundiais, admite ainda não saber ao certo o que esperar para a temporada 2008/09 na América Latina. "O que temos agora são apenas tendências, indicações de intenção de plantio. Mas ainda é muito cedo para falar em números precisos", afirma o analista do USDA Keith Menzie.
Soja - Por enquanto, o USDA projeta para a soja um aumento de 7,6% na safra mundial, crescimento que deve ser puxado pela Argentina. A aposta inicial do governo norte-americano é de uma colheita 8,6% maior no país vizinho, o equivalente a um incremento de 4 milhões de toneladas. No ano passado, os argentinos produziram 46,5 milhões de toneladas. No Brasil, a safra de soja deve crescer 1,5 milhão de toneladas (2,5%) no ciclo 2008/09, para 62,5 milhões de toneladas. O aumento da produção nesses dois países, assim como no cenário global, é creditado ao incremento do plantio, já que as produtividades médias tendem a se manter estáveis, conforme o USDA. "A área de soja aumenta pouco no Brasil e deve crescer entre 1 milhão e 1,5 milhão de hectares na Argentina", concorda Alvaro Ancêde, corretor brasileiro que atua nos EUA.
Milho - Para o milho, o governo norte-americano espera estabilidade na produção mundial, com leve queda de 1%. A safra menor nos EUA deve ser compensada por um aumento da produção chinesa e européia. Na América Latina, Brasil e Argentina devem reduzir o plantio e colher menos milho na temporada 2008/09. A safra argentina é estimada pelo USDA em 19 milhões de toneladas, em queda de 7,3% ante o ciclo anterior. Já a produção brasileira do cereal, depois de atingir recordes 58,6 milhões de toneladas, deve cair a 55 milhões neste ano (-6,1%). "O Brasil colheu uma safra excelente no ano passado, o que desestimula o plantio de verão", explica o analista do USDA Jerry Norton. (Gazeta do Povo)