AGRICULTURA: Governo anuncia esta semana medidas de apoio à comercialização do trigo
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Atendendo a um pleito dos produtores de trigo e das entidades que representam o setor, entre as quais o Sistema Ocepar, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, disse ontem que ainda esta semana o governo lançará um programa de apoio à comercialização do trigo. Segundo o ministro, que anunciou a medida durante reunião com o presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski, e com o superintendente José Roberto Ricken, "o governo vai usar todos os instrumentos que dispõe para que o produtor tenha a garantia de recebimento do preço mínimo". Stephanes acrescentou ainda que o programa é um reconhecimento à atitude dos produtores que atenderam ao apelo feito durante a época do plantio e aumentaram a produção. "Agora é a vez do governo retribuir e apoiar o setor produtivo na fase de comercialização", comentou Stephanes. A produção de trigo na safra 2008/09 irá aumentar de 3,8 milhões de toneladas para 5,4 milhões e toneladas, o que representa mais de 50% do consumo nacional. A colheita já iniciou em diversos estados, inclusive no Paraná, que é o maior produtor nacional e cuja produção deve crescer 42% em relação à safra anterior.
Assunto em pauta - O trigo, aliás, foi um dos principais assuntos dos dirigentes cooperativistas em Brasília. Além do encontro com o ministro Stephanes, Koslovski e Ricken se reuniram com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Em ambas as reuniões, os dirigentes reiteraram a preocupação dos produtores de trigo com a comercialização e também com a possível prorrogação da TEC - Tarifa Externa Comum. O prazo para importação do trigo de países de fora do Mercosul vence no dia 31 de agosto, no entanto, novamente os importadores reivindicam a prorrogação do prazo para 30 de setembro. A preocupação dos produtores é que a prorrogação acontecerá em plena época de colheita, o que pode prejudicar a comercialização do trigo interno. Em ofício encaminhado aos ministérios da Agricultura e do Planejamento, os presidentes da Ocepar, João Paulo Koslovski, e da Faep, Ágide Meneguette, argumentam que as razões que levaram o governo federal a incluir o trigo em grão na lista de exceções da TEC já não se sustentam mais. Com a redução das cotações internacionais do produto, os preços recebidos pelos triticultores caíram 21,5% no Paraná, no período de junho de 2008 até a primeira semana de agosto de 2008. Já os preços no atacado, apresentaram uma queda de 14,6%, 13,9% e 8,5%, respectivamente, para o trigo em grão, farinha de trigo comum e especial. Além disso, as exportações argentinas, que haviam sido restringidas, foram novamente autorizadas. O Brasil necessitará de 5,5 milhões de toneladas para complementar sua demanda, volume que poderá ser alcançado por meio da importação de países membros do Mercosul, ou seja, sem a TEC.
Prodecoop - Aproveitando o encontro com o ministro Stephanes, o presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, e o superintendente José Roberto Ricken, pediram o apoio para que o limite de financiamento dentro do Prodecoop - Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária, seja ampliado de R$ 35 milhões para R$ 70 milhões, permitindo-se ainda que as cooperativas com investimentos em mais de uma unidade da federação possam contratar o dobro deste limite. "O ministro se mostrou bastante sensível em relação a esse assunto e se comprometeu em apoiar a proposta. Também disse que o assunto será encaminhado para a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN)", contou Koslovski.
Capitalização das cooperativas - O Programa de capitalização das cooperativas também foi assunto da reunião com o ministro Stephanes. Os dirigentes explicaram ao ministro que, como se tratam de organizações dos próprios produtores, as cooperativas têm dificuldades para alavancar recursos internos para financiar seus projetos de expansão, diferentemente, das demais empresas que buscam recursos via emissão de papéis no mercado de capitais e em financiamentos internacionais. A proposta da Ocepar para resolver este problema é criar um Programa de Capitalização das Cooperativas Agropecuárias Brasileiras (PROCAP-AGRO), com recursos na ordem de R$ 3,5 bilhões, para investimentos na capitalização, com encargos financeiros de 6,75% ao ano e prazos de até 10 anos para amortização. "Entendemos assim, que as cooperativas terão mais condições de atender as demandas de seus cooperados, de agregar valor e gerar empregos no campo", disse o superintendente José Roberto Ricken. Segundo ele, o ministro Stephanes também destacou que é um compromisso do governo em apoiar as cooperativas e se comprometeu em dar encaminhamento à iniciativa sugerida pela Ocepar, dando andamento à proposta no âmbito do Ministério da Agricultura e, posteriormente, encaminhando o assunto ao Ministério da Fazenda para seja dado o formato final ao programa. "O objetivo é que a proposta de criação do programa de capitalização das cooperativas seja aprovado ainda este ano", ressalta o presidente da Ocepar.