AGROENERGIA: Grupo indiano prospecta setor de açúcar no Brasil
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A companhia Shree Renuka Sugars, uma das maiores refinadoras de açúcar da Índia, quer fazer investimentos em usinas de açúcar no Brasil e também está à procura de parcerias para a compra do produto no país. A empresa contratou o banco Morgan Stanley para assessorá-la nessas operações no Brasil, apurou o Valor. A companhia dispõe de US$ 100 milhões, levantados no mercado, para a compra de ativos no Brasil e para financiar os contratos de longo prazo para compra de açúcar.Reunião - Há duas semanas, o executivo Narendra Murkumbi, vice-presidente do grupo, reuniu-se com as principais companhias sucroalcooleiras do país, entre elas Copersucar, Cosan, Moema e Açúcar Guarani, controlada pelo grupo francês Tereos, além de tradings.
Queda da produção - O grupo quer originar açúcar do Brasil para levar para Índia, que registra forte queda da produção. "Interessa a eles se unir a uma usina de açúcar no Brasil para garantir o produto", afirmou uma fonte que se reuniu com o grupo. A intenção da empresa é firmar contratos de longo prazo para a compra de açúcar brasileiro.
Estratégico - Aproximar-se das usinas brasileiras é estratégico para companhias indianas neste momento. Primeiro, porque a Índia vai registrar, pela segunda safra consecutiva, forte queda de sua produção de cana por conta da escassez de chuvas sobre as principais regiões de cultivo. E também porque o país tem interesse em produzir álcool combustível.
Shree Renuka - Com um faturamento da ordem de US$ 514 milhões na safra 2008/09, a Shree Renuka tem seis plantas esmagadoras de cana próprias e duas arrendadas, além de uma refinaria de açúcar.
Grupo Moema - Durante sua visita ao país, o executivo Narendra Murkumbi reuniu-se com os principais executivos do grupo Moema, de Orindiúva (SP), que está à venda. Procurada, a Moema confirmou as conversações com o executivo, mas negou que esteja em negociação para possível sociedade.
Copersucar - Na mesma semana, o grupo indiano ampliou um acordo comercial com a Copersucar. A empresa fechou contrato para importar até 200 mil toneladas de açúcar da empresa brasileira. Ao Valor, a Copersucar informou que já tem acordo de longo prazo de fornecimento de açúcar com a Shree Renuka desde 2006 e, nesta última visita, aumentou o volume por conta da menor produção de cana daquele país. Na Cosan, as conversações com os indianos também foram sobre contratos de longo prazo para fornecimento de açúcar.
Açúcar Guarani - Narendra Murkumbi também se reuniu com os executivos da Açúcar Guarani. No entanto, os negócios foram infrutíferos, uma vez que a Guarani é concorrente da Shree Renuka em açúcar branco. Procurada, a empresa indiana não retornou as ligações e os pedidos de entrevista por e-mail.
Outra empresa - No início deste ano, outra empresa indiana, a Bajaj Hindusthan, informou que tinha interesse em investir no Brasil. Em entrevista em fevereiro ao Valor, o CEO do grupo, Rakesh Bhartia, afirmou que a decisão de negócio seria tomada depois da crise financeira global.
Segundo maior produtor - A Índia é o segundo maior produtor mundial de açúcar, atrás do Brasil. Há três anos, o país asiático foi um dos principais responsáveis pela forte queda dos preços da commodity em função de sua oferta excessiva. Desde 2008, contudo, a Índia tem feito as cotações do açúcar subirem no mercado internacional por causa da quebra na safra. A produção da Índia caiu de 22 milhões para abaixo de 15 milhões de toneladas. E a esperada recuperação da produção não virá em 2009/10 porque a falta de chuvas nas regiões produtoras está prejudicando os canaviais. Ontem, os contratos de açúcar para janeiro romperam a barreira dos 20 centavos de dólar em Nova York e fecharam a 20,10 centavos de dólar por libra-peso, com alta de 35 pontos. (Valor Econômico)