Agroindustrialização e infraestrutura podem render parcerias entre cooperativas do Paraná e Paraguai
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A convite do governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior, a reunião das diretorias da Ocepar e da Fecoopar da última terça-feira (09/09) foi realizada no Palácio Iguaçu, sede do governo do Estado, em Curitiba. “É um prazer recebê-los aqui. É uma reunião histórica da diretoria do Sistema Ocepar sendo realizada aqui no Palácio Iguaçu”, declarou Ratinho Junior ao dar as boas-vindas. Além do governador, também participaram da reunião o presidente do Paraguai, Santiago Peña, e comitiva, que cumpriam missão oficial no Paraná. Ratinho Junior agradeceu a diretoria do Sistema Ocepar por ter prestigiado a presença da comitiva paraguaia. “O Paraguai é um amigo do Paraná e juntos temos muitas oportunidades, especialmente no setor de produção de alimentos”, disse, na abertura da reunião.
O governador apresentou a diretoria do Sistema Ocepar ao presidente paraguaio, destacando o papel da instituição. “O Sistema Ocepar nos orgulha porque coordena todo o cooperativismo do Paraná. Faz um planejamento de longo prazo e traça estratégias. O cooperativismo é um capitalismo humanitário, que distribui renda e deixa a riqueza no local onde é produzida, fazendo o pequeno ter possibilidade de crescer. E fez algo que o restante do Brasil ainda não aprendeu a fazer que é industrializar os nossos alimentos. É uma grande oportunidade que temos aqui de fazer projetos juntos com o Paraguai, que também tem uma vocação cooperativista. Nossas cooperativas passaram a ter tamanho de multinacionais e precisamos ir além das fronteiras. Se a gente puder começar pela América do Sul é muito bom”, destacou o governador.
Fortalecer laços
“É uma visita histórica. A nossa missão é fortalecer a relação com o Brasil, que já é o maior parceiro do Paraguai, e com o Paraná, que é o maior parceiro entre todos os estados brasileiros”, declarou o presidente paraguaio. Peña informou que o Paraguai tem uma base produtiva muito similar ao estado do Paraná.
“As nossas maiores riquezas são a terra, a água e a gente que trabalha a terra. Todo o progresso, todo o desenvolvimento que aconteceu nos últimos anos é pequeno em comparação ao que pode ser feito. O privilégio de produzir alimentos não tem em todas as regiões do mundo. O modelo cooperativo é um sucesso no estado do Paraná e, também, no Paraguai. Mas há uma sensação de que temos que fazer ainda muito mais, queremos fortalecer os laços com o Paraná e com as cooperativas. Queremos convidá-los a irem ao Paraguai, um país amigo, aberto, ágil, onde o governo quer que o empresário tenha possibilidade de trabalhar e gerar riqueza. O governo paraguaio faz o maior esforço possível para não complicar. É um modelo que vem dando muito resultado, com crescimento acima de 4% ao ano, este ano devendo chegar a quase 5%”, informou.
Santiago Peña disse que o Paraguai tem hoje a responsabilidade de produzir alimentos para 100 milhões de pessoas no mundo. Mas, a exemplo do que já acontece no Paraná não quer mais exportar o grão. “Agora, o Paraguai já não quer exportar o grão, quer converter a proteína vegetal em proteína animal. A combinação da produção de proteína vegetal, baixos impostos, energia elétrica sustentável e abundante a preços competitivos, taxas de juros baixos e um ambiente laboral amigável faz do Paraguai um país para receber os investimentos do estado do Paraná e do mundo todo. Pela proximidade, o Paraná é um parceiro natural e queremos fortalecer esse vínculo”, enfatizou, convidando os diretores do Sistema Ocepar e os presidentes de cooperativas presentes a irem visitar o país.
Ferrovia
O presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, agradeceu a oportunidade e destacou a missão das cooperativas, que é organizar economicamente as pessoas para que elas tenham mais renda, conquistem independência e posição social melhor. Ele citou os números do setor cooperativista paranaense, com destaque para a participação em 65% da safra de grãos e em 45% da produção de carnes. Informou também que as cooperativas paranaenses têm 157 agroindústrias. “Obviamente, isso pode propiciar parcerias com o Paraguai. Nós queremos ganhar juntos”, frisou.
Ricken sugeriu um projeto conjunto entre Paraná e Paraguai na área de infraestrutura. “Nós não temos uma confluência fluvial favorável para ir do Paraguai para Paranaguá, mas podemos ter uma ferrovia moderníssima em duas vias, ida e volta, para parte da riqueza que o Paraguai produz não precisar mais ser transportada de balsa, que sabemos as limitações deste tipo de transporte”, pontuou. O presidente do Sistema Ocepar acrescentou que, tendo uma saída por Paranaguá, há muito mais possibilidade de explorar os mercados da África e da Europa. “Isso pode ser uma meta nossa”, disse. Ele lembrou que o governo do Paraná já tem uma parte da ferrovia, que é a Ferroeste. “Bastaria termos empresários para investir. Hoje, o Porto de Paranaguá recebe prêmios por administração, mas nossa dificuldade é chegar até o porto em condições viáveis e com grandes volumes. Nós podemos pensar em conjunto com o Paraguai para, aí sim, termos um corredor de progresso”.
A reunião contou com a presença de presidentes de 30 cooperativas paranaenses dos ramos agropecuário, crédito e saúde. Participam também dirigentes das entidades que, além do Sistema Ocepar, também integram o G7 (Faep, ACP, Faciap e Fecomercio).
FOTOS: Samuel Milléo Filho e Gisele Barão / Assessoria Comunicação Sistema Ocepar e Jonathan Campos / AEN