AGRONEGÓCIO: Perto do início da colheita, lavouras de trigo vão bem no País

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As lavouras de trigo no Paraná e Rio Grande do Sul, Estados que respondem por cerca de 90% da produção do Brasil, estão se desenvolvendo relativamente bem, o que coloca o País no caminho de ter uma de suas maiores safras desde 2004, disseram fontes do setor produtivo. A expectativa é a de que o Brasil produza neste ano mais de 5 milhões de toneladas, contra 3,8 milhões de toneladas em 2007. No Paraná, o maior produtor brasileiro, com possibilidade de colher 3 milhões de toneladas, contra 1,9 milhão em 2007, a colheita se inicia em meados deste mês, mas os trabalhos se intensificam em setembro. Chuvas generalizadas voltaram com força no final de semana nas plantações paranaenses, após um prolongado período de seca em julho, favorecendo os cultivos.

Chuvas não afetaram lavouras - "Choveu bem em todo o Estado, mas nada que preocupe do ponto de vista do excesso de chuva. Já parou de chover", disse nesta segunda-feira (04.08) Flávio Turra, da área técnica e econômica da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Chuvas no período da colheita são preocupação para os produtores, podendo prejudicar a qualidade do trigo. "Se continuasse chovendo, começaria a preocupar", acrescentou. Em julho, algumas regiões ficaram mais de 20 dias sem receber chuvas, e o mês acabou fechando com déficit hídrico em relação à média história, mas essa estiagem não chegou a prejudicar o trigo. "O orvalho que se formava pela manhã (em julho) foi suficiente para manter as lavouras, e o trigo é uma cultura resistente à seca."

Preocupação - Segundo o superintendente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, "a principal preocupação é que haja liquidez na comercialização, o produtor fez a sua parte, não podemos correr o risco de ter problemas no período da venda do produto, caso isso ocorra, a frustração poderá comprometer as futuras safras do cereal, sendo ruim para o governo, para os consumidores, para a indústria e produtores", destacou.

Área plantada - O crescimento da safra no Estado neste ano está baseado em um aumento de mais de 30% na área plantada. Os agricultores apostaram no cereal em um momento de preços recordes quando estavam definindo o plantio. No entanto, com uma safra global abundante, especialistas afirmam que os preços tendem a cair mais.

Cultivo no RS - Essa mesma expectativa de preços bons, que de outro lado ajudou a pressionar a inflação brasileira recentemente, levou produtores no Rio Grande do Sul a expandirem a área plantada em 2008 para 974 mil hectares. Esse aumento corresponde a 15% em relação a 2007, o que permitiria uma colheita de no mínimo 1,8 milhão de toneladas contra 1,5 milhão em 2007, segundo a Emater, o órgão de assistência técnica do governo gaúcho. O mercado aposta em uma safra superior a 2 milhões de toneladas. No Rio Grande do Sul, onde a colheita é mais tardia em relação ao Paraná, toda a safra já foi plantada e as lavouras também têm um bom desenvolvimento, disse o agrônomo Ataides Jacobsen, da Emater. O aumento da safra gaúcha também se deu em meio a exportações de 800 mil toneladas, em um país que é importador líquido como o Brasil.

Vendas externas - No final do ano passado e início deste ano, as exportações do Rio Grande do Sul foram viabilizadas por preços elevados interna e externamente. No pico, o trigo gaúcho chegou a ser negociado a R$ 680 por tonelada, contra atuais R$ 510. Mas para 2008/09 é provável que essas vendas externas do Rio Grande do Sul não se repitam, segundo o corretor Marcelo de Baco. "A paridade de exportação de trigo soft é US$ 210 (FOB estivado), o que daria R$ 329", disse Baco, notando que esse valor está abaixo do mercado interno, inviabilizando vendas externas. "Não tem como repetir (as 800 mil toneladas). Nós não concorremos no mercado internacional, entramos como tampão, conseguimos exportar quando falta", declarou o corretor. Ele lembra que o governo teria de implantar algum instrumento para facilitar o escoamento do trigo do Rio Grande do Sul, que produz bem mais do que o seu consumo. (com informações da Agência Reuters)

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