ALGODÃO I: Paraná abre oficialmente colheita brasileira

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O Paraná abriu oficialmente a colheita brasileira de algodão deste ano na última quarta-feira (22/04). Se no passado o algodão no Estado já foi chamado de ouro branco, hoje o Paraná é encarado como uma região com potencial para produção com baixo custo e boa margem de lucro. Além de uma opção para rotação de culturas. No início da década de 1990, a área plantada era de mais de 700 mil hectares. Mas problemas com doenças, intempéries climáticas e falta de mão de obra reduziram drasticamente a importância da cotonicultura para o agronegócio paranaense.

Tour técnico - Com uma área de cerca de cinco mil hectares plantada este ano, a cultura ainda resiste no Estado graças à tecnologia e ao trabalho das cooperativas. Para mostrar que o algodão ainda é viável, a Cooperativa Central de Algodão (Coceal), de Ibiporã, realizou um tour técnico com produtores, empresas, instituições de pesquisas e dirigentes de cooperativas para mostrar os avanços técnicos da cultura.

Gestão compartilhada - Há quatro anos a Cooperativa desenvolve um modelo de gestão compartilhada com produtores para incentivar o plantio. "A Coceal entra com toda a parte técnica, aquisição de insumos e logística de colheita. O produtor participa com a área e os maquinário para manejo", explica o presidente da Coceal, Almir Montecelli.

Renda - O dirigente conta que a renda do produtor varia de acordo com a produtividade. "Quanto maior o volume colhido, maior a percentagem de lucro líquido. Se houver uma frustração de safra, a cooperativa garante uma renda mínima em contrato para que o produtor, ao menos, pague seus custos", enfatiza Montecelli.

Assistência técnica - Com o modelo de gestão compartilhada da Coceal, toda a assistência técnica é feita por uma empresa terceirizada. Ela traz o know how do cerrado brasileiro, região referência mundial em plantio de algodão. "Aplicamos um conceito de manejo integrado, em que todo o processo produtivo está interligado, da época do plantio à colheita. Outro fator de destaque é o nível de adubação utilizada, semelhante ao do cerrado, e a utilização de insumos de ponta, graças à parceria que a Coceal tem com as principais empresas do setor", comenta o engenheiro agrônomo da empresa Cotton, João Francisco Ribeiro.

Paraná - Segundo Ribeiro, o Paraná tem todas as condições de atingir um nível tecnológico de outras regiões produtoras, como a Bahia, por exemplo. Com uma vantagem muito competitiva. "Enquanto na Bahia o custo por hectare é de R$ 4 mil, no Paraná esse investimento cai para R$ 2 mil, graças à fertilidade do solo daqui. Assim, mesmo com uma produção menor, consegue-se uma margem de lucro igual ao dos cotonicultores baianos", argumenta.

Produtor - Um dos que acreditam na viabilidade do algodão é o produtor Nelson Suguiedo, de Assaí. Ele participa do projeto desde o início e está satisfeito com os resultados. No ano passado, conseguiu uma média de 60 arrobas por hectare de lucro líquido. "Outro aspecto importante do algodão é que faço a rotação de culturas e mantenho os níveis de fertilidade da minha terra, favorecendo outras culturas", conta Suguiedo.

Pacote tecnológico - Essa confiança da Coceal na rentabilidade do algodão é fruto do pacote tecnológico utilizado na cultura. Para os saudosistas que ainda lembram do algodão como uma cultura de difícil manejo, alto investimento e colheita complicada, a ciência e a engenharia deixaram essa visão no passado. Hoje já existe tecnologia transgênica, conhecida como Bollgard, resistente às principais pragas que atacam o algodão, como as lagartas da maça, rosada e curuquerê. No projeto da Coceal, cerca de 60% das lavouras utiliza essa tecnologia. "A partir da próxima safra, também vamos disponibilizar uma variedade RR e, em alguns anos, teremos variedades que vão unir esses dois genes", conta o gerente de contas de algodão da Monsanto, Luciano Zanoto.

Pesquisa - O Instituto Agronômico do Paraná, Iapar, também desenvolve novas tecnologias para o algodão, como a variedade IPR 140, que tem como principal característica a diminuição de até 40 dias no ciclo da cultura, reduzindo o risco de perda por chuvas. "Conseguimos esse ganho de tempo reduzindo o período de abertura das bolas de algodão", explica o pesquisador Ruy Yamaoka. "Agora estamos investindo na técnica do algodão adensado, possibilitando a semeadura utilizando a mesma plantadeira da soja. O algodão evoluiu bastante e é importante esse trabalho da Coceal de criar novas alternativas de renda para os produtores", reconhece o pesquisador.

Congresso - O Paraná também irá sediar, entre os dias 15 a 18 de setembro, em Foz do Iguaçu, o 7 º Congresso Brasileiro de Algodão, que vai debater as grandes novidades relacionadas à cotonicultura. "Foi uma conquista para o Estado sediar esse evento. As novidades são imensas, será o melhor congresso do agronegócio realizado no modelo de feira e tecnologia", ressalta Almir. Serão mais de 100 palestras ministradas por especialistas brasileiros e estrangeiros. Haverá trabalhos apresentados em forma de pôster, mini-cursos e, no final, serão produzidos os anais, com todo o conteúdo dos trabalhos técnicos apresentados no Congresso. São esperados dois mil inscritos. O novo sistema de plantio adensado estará entre os temas de destaque do evento.

Produtividade - "É uma tecnologia que possibilita o plantio do algodão com 45 centímetros de espaçamento entrelinhas. No ano passado já implantamos esse sistema em algumas áreas, onde tivemos excelentes produtividades, até acima de 200 arrobas por hectare, num custo menor porque o algodão contém um ciclo adiantado. Os custos com a colheita também são menores. Essa tecnologia  foi aplicada esse ano por nós em uma área de em torno de 100 hectares, onde nós devemos experimentar outras máquinas, buscando sempre melhorar tecnologia, qualidade e a produtividade", acrescenta o presidente da Coceal Almir Montecelli. (Com informações da Imprensa Coceal)

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