ALGODÃO I: Plantio adensado avança no Centro-Oeste do país

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Depois de três safras de preços baixos e depreciados pelo câmbio, o algodão do Centro-Oeste, que representa 60% do cultivo do país, se vê diante de uma nova promessa. O plantio com metade do espaçamento convencional, também chamado de adensado, e sua consequente redução no custo de produção de até 50%, fará com que os cotonicultores da região ampliem a área com essa tecnologia dos 7 mil hectares do ciclo anterior para 52 mil hectares no atual.

Investimentos - Além de evitar que a produção caia pela terceira safra consecutiva, a adoção do adensado, cuja colheita traz exigências diferentes da demandada pelo plantio convencional, deve fazer retornar os investimentos à atividade, sobretudo na adaptação de maquinário de colheita e de beneficiamento. A área experimental do adensado no ciclo passado foi colhida com máquinas usadas e alugadas do Paraguai e da Argentina, onde o cultivo desse tipo de algodão já é predominante. Os produtores de Mato Grosso alugaram 12 máquinas dos vizinhos, das quais dez acabaram sendo compradas. Mas diante das limitações de volume e de preço dessa importação, produtores e indústria se reuniram e conseguiram bom resultado com o ajuste das máquinas nacionais.

Adaptação - Agora, a meta é vencer o tempo e adaptar a frota interna para trabalhar em uma área oito vezes maior que a passada. "Estamos comprando plataformas para serem adaptadas às máquinas convencionais. Só Mato Grosso vai demandar de 80 a 100 plataformas", diz Gilson Pinesso, presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa). Apesar de estarem retornando, os investimentos ainda estão bem abaixo dos realizados no auge da cultura algodoeira em Mato Grosso, que já plantou sozinho 542 mil hectares - na época, a metade da produção nacional - e que neste ciclo deve cultivar 360 mil hectares.

Custo - Cada plataforma custa entre R$ 80 mil e R$ 100 mil, preço mais atrativo do que as máquinas usadas argentinas e paraguaias, que foram adquiridas por US$ 80 mil. Ainda muito viável perto da aquisição de uma colheitadeira nova, que vale em torno de US$ 250 mil, segundo Pinesso. "Ajuda-nos o fato de a indústria que está produzindo essas plataformas oferecer condições melhores de pagamento. Com uma ou duas safras amortizamos o investimento", afirma.

Marco - Mais do que conter retração, o cultivo do adensado nesta safra vem sendo considerado um marco da retomada da cultura algodoeira no Centro-Oeste que, nas últimas duas safras caiu 27% com custos altos e preços e dólar em baixa. Mato Grosso, por exemplo, que já chegou a ter 520 produtores de algodão, está atualmente com menos da metade, 238, segundo informações da Ampa. "Essa nova tecnologia, de custo menor, promete trazer de volta a rentabilidade da cultura. A safra total de algodão de Mato Grosso, que será de 400 mil hectares pode, em três anos passar de 600 mil a 700 mil hectares, sendo pelo menos metade, de adensado", aposta Pinesso.

Pós soja - Com entrelinha de 45 centímetros entre um pé e o outro - o espaçamento do convencional é de 90 centímetros -, o adensado é plantado após a colheita da soja e, com menor risco, até 15 de fevereiro. Tem um ciclo de 150 dias, ante o do convencional que é de 200 a 210 dias, e por isso, demanda menos defensivo, o que faz o número de aplicações cair de 30 para algo entre 12 e 13, detalha Adão Hoffman, diretor-executivo da Associação Sul-matogrossense dos Produtores de Algodão (Ampasul). "O custo do hectare do adensado é de US$ 1 mil a US$ 1,2 mil, valor que para o convencional fica entre US$ 2,2 mil e US$ 2,3 mil".

Área - Na região norte de Mato Grosso do Sul, que é responsável por 95% do plantio no Estado, a área de algodão adensado vai sair de 300 hectares para 5 mil. "A safra grande vai cair de 36 mil hectares para 31 mil hectares, mas essa queda será suprida pelo adensado", diz Hoffman. Em Goiás, os 1,4 mil hectare do ciclo passado também se expandirão para 6,97 mil hectares com a nova tecnologia. Se não fosse o impulso do adensado e seu custo menor, a área total de Goiás iria recuar de 57 mil hectares de 2008/09 para 47 mil hectares. (Valor Econômico)

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