AMBIENTE II: Para Maggi, floresta deve gerar renda

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Mato Grosso e os Estados que compõem a Amazônia Legal vão defender na Conferência de Copenhague a proposta de que se possa negociar créditos de carbono das áreas de propriedades rurais que, segundo a legislação brasileira, têm autorização para derrubada de árvores. A conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas será realizada em dezembro.

Ideias - "Temos que defender nossas ideias. Não podemos ir para Copenhague apenas com a posição de bater palmas", afirmou o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR). Segundo as regras vigentes, 80% da área de propriedades rurais na Amazônia têm que ser mantida com floresta nativa. Há possibilidade de ocupação, com pastagens ou lavouras, dos outros 20%, mas o que os nove Estados da Amazônia Legal pretendem, de acordo com Maggi, é que parte da mata nesses 20% seja mantida em pé, com a contrapartida de negociação de créditos de carbono equivalentes ao que não foi derrubado.

Alternativa - Essa pode ser uma alternativa, avalia o governador, para que esses Estados obtenham renda com a preservação da floresta. O Protocolo de Kyoto, que estabelece metas de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa, do qual o Brasil é signatário, só prevê negociação de créditos de carbono em áreas em que a preservação não é mandatória. Assim, não é possível incluir a opção para os 80% que precisam ser mantidos de pé.

Desmatamento - Ainda segundo Maggi, "o ritmo de desmatamento está diminuindo [no Estado], e isso não se conseguiu com a força, mas com diálogo". O ritmo de derrubada da floresta amazônica perdeu força neste ano em todo o país, mas cresceu no acumulado de 2008. No Brasil, a área desmatada cresceu 11,9% no ano passado, para 12,9 mil Km², segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Em Mato Grosso, a alta foi de 21,6%, para 3,2 mil Km². O Estado deve encerrar este ano com 2 mil Km² de área desmatada, estimou o governador. Na década, o recorde ocorreu em 2004, quando, segundo o INPE, foram desmatados 11,8 mil Km².

Congresso - Maggi, que participou nesta terça-feira (11/08) em São Paulo, do Congresso da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), também falou sobre mercado de grãos. Ele disse que o governo federal está "atrasado" no apoio à comercialização de milho em Mato Grosso. Com uma safrinha de milho de mais de 7 milhões de toneladas este ano, o Mato Grosso gerou um excedente de 3 milhões de toneladas. "Tem que ser retirado para o Nordeste, e tem que ter participação do governo", afirmou o governado. "Os silos na região produtora estão todos cheios, nunca vi tanto milho, tem milho a céu aberto."

Excedente - O excedente ocorre em um momento em que o país tem dificuldade de exportar milho por conta do câmbio desfavorável e de uma demanda externa reduzida. Diante do cenário e da perspectiva de aumento da área de milho, Maggi avalia instalar usinas de etanol à base de milho, com o objetivo de enxugar a oferta de anos com produção abundante. "Temos campo para duplicar, triplicar a produção de milho. Mas não tem o que fazer com ele, temos que pensar em seguir o programa americano do álcool de milho, nos preços hoje e pelos custos, mesmo sem o subsídio, podemos fazer algo sobre isso," declarou. As usinas entrariam em operação especialmente em anos em que o excedente cresça consideravelmente, deprimindo os preços.(Valor Econômico, com Reuters)

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