AMBIENTE: Lei ambiental americana pode elevar preço agrícola

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Algumas das maiores empresas de alimentos e de agronegócios dos Estados Unidos se mobilizaram para tentar mostrar como um projeto de lei para combater o efeito estufa que tramita no Congresso americano é mal concebido e pode causar inflação nos alimentos. Um grupo de gigantes agrícolas, que inclui Archer-Daniels-Midland, Cargill, Tyson Foods e General Mills, teme que as empresas acabem arcando com uma porção maior dos custos dessa legislação, segundo um memorando ao qual o Wall Street Journal teve acesso.

Temor - O grupo teme ainda que um projeto de lei aprovado pela Câmara em julho não dê incentivos suficientes para que as empresas agrícolas e alimentícias recebam e comprem créditos de carbono, para compensar suas emissões de gases do efeito estufa. A indústria de carne teme particularmente que a nova lei possa impor restrições à capacidade de suas operações de criação e engorda gerarem créditos de carbono, que compensariam as emissões de gases do efeito estufa. Fabricantes de alimentos e produtores de carne produzem dióxido de carbono de várias maneiras, seja com caminhões para transportar os produtos ou com abatedouros que usam energia gerada por gás natural.

Crédito de carbono - Pelo projeto de lei contra o efeito estufa, um crédito de carbono é gerado quando uma empresa reduz a quantidade de gases nocivos lançados na atmosfera. Criadores de animais, por exemplo, gostariam de obter créditos capturando metano de lagoas de estrume, entre outras coisas. Os créditos criados assim poderiam ser vendidos a outros poluidores ou usados pelo próprio produtor para diminuir o seu total de emissões. Algumas empresas teriam de pagar multas se emitirem mais carbono que o permitido sem comprar créditos.

Coalizão - Entre os outros integrantes da coalizão estão a Associação de Fabricantes de Alimentos, o Instituto Americano da Carne e o Instituto Americano da Comida Congelada. O grupo foi criado informalmente há uns dois meses, mas se tornou mais ativo agora, depois de concluir que seus integrantes não obtiveram concessões suficientes na lei aprovada pela Câmara, dizem lobistas do setor. O Senado deve votar sua própria versão da lei na volta do recesso, mês que vem.

Lobby - O lobby agrícola obteve várias concessões na Câmara, como isenção do controle de várias fontes de carbono, tais como fertilizantes. O projeto da Câmara também criou vários programas para ajudar os produtores rurais a gerar créditos de carbono que compensem suas próprias emissões. Mas as grandes empresas de alimentos e de agronegócio acham que não receberam o suficiente. Numa carta enviada mês passado para os senadores Barbara Boxer e James Inhofe, o grupo alegou que o projeto da Câmara vai aumentar o preço dos alimentos e da ração e reduzir a competitividade internacional de nossas empresas.

Cautela - A carta diz que o Congresso deve exercer cautela extrema para evitar impactos adversos na estabilidade do suprimento, preço, segurança e acessibilidade dos alimentos para os produtos de consumo necessários. A carta também criticou o projeto da Câmara dizendo que ele não oferece assistência de transição para famílias de baixa renda que lutam contra a inflação dos alimentos.

Estudo - Quando os estudos do grupo forem divulgados, possivelmente no fim do mês, é provável que reacendam a tensão entre produtores de alimento e de álcool combustível, que esquentou desde 2007, quando o Congresso aprovou uma lei energética que impulsionou fortemente as usinas de álcool dos EUA.

Aumento de preços - Já os fabricantes de alimentos têm reclamado que a lei aumentou os preços de milho e de outros ingredientes cruciais e acabou inflacionando os preços nos supermercados, à medida que as usinas de álcool consumiam mais e mais milho para seus fins. E as usinas, por sua vez, acusam as fabricantes de usar esse argumento como cortina de fumaça para esconder seus reajustes nos preços. (Valor Econômico)

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