ARENITO CAIUÁ: Novas apostas numa ?velha fronteira?

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Cerrado da Região Centro-Norte do Brasil é a última e, talvez, a mais promissora fronteira agrícola nacional, mas não a única. Engana-se quem pensa que o potencial de expansão da agricultura está esgotado no Paraná. O estado que é hoje o maior produtor de grãos do país ainda tem cerca de 2 milhões de hectares para serem explorados, estima o coordenador técnico da Cooperativa Agroindustrial de Maringá (Cocamar), Antonio Sacoman.

Noroeste do Estado - A extensão, equivalente a 10% do território paranaense, está situada no Noroeste do estado, na zona do Arenito Caiuá. No total, são 3,2 milhões de hectares de solo de composição mais arenosa e, por isso, menos produtivo. Pelo menos era isso que se pensava há 20 anos, quando a pecuária - extensiva e de baixo rendimento - predominava na região. Desde então, o Noroeste vem ampliando sua vocação e crescendo tanto na agricultura quanto na pecuária. Em pouco mais de 10 anos, o plantio de soja, por exemplo, aumentou 750% nos 107 municípios do Arenito, e o rendimento médio anual da produção pecuária mais que dobrou.

Expansão - O processo de expansão da agricultura sobre o Arenito teve início na segunda metade dos anos 90 com a disseminação do sistema de integração lavoura-pecuária. O Programa Arenito Nova Fronteira nasceu em 1997 no município de Umuarama e logo ganhou o estado. Em cinco anos, o plantio de soja aumentou 405% na região, segundo Antonio Carlos Favaro, técnico da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) em Umuarama. Os resultados chamaram a atenção do governo estadual, que em 2002 expandiu o programa para o restante do estado.

Oportunidade - A Cocamar, que foi uma das fundadoras do projeto, viu no programa uma grande oportunidade de ampliar o recebimento de soja incentivando o cultivo de grãos em sistema de reforma de pastagens degradadas. Dos 30 municípios em que a cooperativa atua, apenas 10 estão na área de basalto (terra roxa). Os outros 30 estão na zona do Arenito ou em áreas de transição.

Resultado - A cooperativa, que na época movimentava anualmente cerca de 180 mil toneladas de soja, hoje recebe em média 450 mil toneladas do grão por ano, um incremento de 150%. Na esteira, cresceu também a produção pecuária na região. O rendimento médio anual, que em 1997 era de apenas 3,9 arrobas por hectare, hoje chega até a 10 arrobas, relata Sacoman. Atualmente, 40% da soja recebida pela Cocamar vêm do Arenito. "Em 12 anos muita coisa já mudou, mas ainda há um longo caminho pela frente, considerando o potencial tecnológico que temos hoje", declara o presidente, Luiz Lourenço.

O agronegócio não escapou à pauta da Gazeta do Povo - O agronegócio, atividade que responde por 1/3 do Produto Interno Bruto do Paraná, não foi esquecido pelo diretor da Gazeta do Povo, jornalista Francisco Cunha Pereira Filho, que morreu na última quarta-feira. Entre as célebres campanhas cívicas em defesa do desenvolvimento econômico e social do estado, ele também levantou a bandeira de recuperação do Arenito Caiuá.

Participação determinante - "Francisco Cunha entendeu essa necessidade e acreditou no programa. Isso foi há quase 15 anos, muito antes de a demanda se tornar um projeto estadual", lembra o presidente da Cocamar Luiz Lourenço. Para o dirigente cooperativista, a participação da tevê e da Gazeta do Povo foi determinante na mobilização pública e privada em prol do Arenito. "Ele foi um visionário e, acima de tudo, um paranaense. É importante que as pessoas sejam lembradas disso."

Caráter social - O presidente da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Ágide Meneguette, destacou o caráter social da campanha da RPC pela reforma do Arenito. "Milhares e milhares de empregos foram gerados nessa região. Podemos dizer, então, que o dr. Francisco também foi um grande semeador de empregos no Paraná". (Caminhos do Campo/Gazeta do Povo)

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