ARGENTINA II: Dirigentes rurais argentinos dizem que conflito não terminou

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Os dirigentes rurais argentinos disseram na quinta-feira (17.07) que o prolongado enfrentamento com o governo por conta de um tributo sobre as exportações agrícolas não está resolvido, apesar de o Congresso ter rechaçado na madrugada o polêmico projeto. Após quatro meses de greves, bloqueios de estragas e manifestações do setor, o Senado derrubou a medida na quinta-feira com a ajuda do vice-presidente também presidente da Câmara, Julio Cobos, cujo voto negativo desatou uma crise política.

Vigência - Apesar de o projeto que taxa principalmente a soja, o cultivo mais importante da Argentina, ser derrubado no Congresso, a resolução do governo que elevou o tributo em março ainda está vigente. Os ruralistas confiam que a medida será derrubada em curto prazo. "O conflito não está solucionado", disse a jornalistas Mario Llambias, presidente das Confederações Rurais Argentinas (CRA). Alfredo De Angeli, da Federação Agrária Argentina (FAA) da província de Entre Ríos, disse: "Temos que continuar nas exigências".

Comunicado - O ex-presidente e atual chefe do partido peronista, Néstor Kirchner, disse na terça-feira que o governo da sua esposa, Cristina Fernández, respeitará a decisão do Congresso, ainda que não tenha dado novos sinais depois da votação. À noite, as entidades agropecuárias divulgaram um comunicado sob o título "a República saiu fortalecida", onde eles cobram a urgente revogação da controversa resolução e um diálogo com o governo que inclua toda a problemática rural.

Tributo atual - Durante uma entrevista coletiva, os ruralistas disseram que o tributo atual sobre as exportações de soja fica entre 48 e 49 por cento. Eles acrescentaram que não receberam nenhum chamado do governo para negociar. A expectativa é de que os produtores recorrerão em massa à Justiça se o governo não derrubar a controversa medida ainda vigente, a qual muitos especialistas consideram inconstitucional por ser atribuição exclusiva do Congresso.

Golpe - "Imagino que a derrubarão (a resolução), que não terão a torpeza política de seguir insistindo", disse a Reuters Ulises Forte, vice-presidente da FAA. A presidente, que assumiu o cargo há sete meses, enviou em junho a proposta ao parlamento em busca de apoio institucional, vê sua imagem afetada pela crise. A derrota no Senado se converteu em um duro golpe para o governo, mas os dirigentes rurais se mostraram moderados após a votação. "Somos otimistas. Nós não temos um problema dogmático com as retenções (impostos às exportações). Agora é preciso buscar consenso no (Poder) Executivo e no Legislativo", disse Forte. (Estadão)

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