BALANÇA COMERCIAL: Salvação este ano vai ser o agronegócio

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Pilar da balança comercial desde meados da década passada, a exportação de produtos do agronegócio será neste ano, mais do que nunca, a salvação do saldo comercial do País. O superávit proporcionado pelas exportações do agronegócio previsto para 2008 deve atingir US$ 52,2 bilhões, quase o dobro do projetado para o saldo da balança comercial brasileira, de US$ 28 bilhões, segundo cálculos da RC Consultores. No ano passado, o superávit do agronegócio foi de US$ 42 bilhões, só US$ 2 bilhões acima do saldo positivo da balança comercial como um todo, de US$ 40 bilhões.

Cenário positivo - Preços recordes de commodities, especialmente de soja e carnes, devem garantir o excelente desempenho das exportações do setor. A estimativa é de que as vendas externas do agronegócio somem US$ 60,5 bilhões em 2008, US$ 12 bilhões a mais que no ano anterior e 32% das exportações totais da balança comercial, projetadas em US$ 190 bilhões. Por enquanto, o cenário é positivo para o Brasil porque o mundo continua crescendo e consumindo mais alimentos, o que sustenta cotações em alta dos produtos agropecuários. Mas os reais problemas de falta de competitividade das exportações brasileiras de manufaturados, provocados pelo câmbio valorizado e pela falta de uma política industrial, podem aparecer na forma de déficits comerciais crônicos, quando a economia global desacelerar e a bolha de especulação dos preços de commodities estourar, cenário que ainda não está previsto para este ano, dizem analistas.

Contribuição - "Se não fosse o desempenho do agronegócio, a situação externa estaria mais complicada hoje", diz o diretor da RC Consultores e responsável pelas projeções, Fabio Silveira. Ele observa que a contribuição do agronegócio para o superávit da balança deve aumentar significativamente este ano, a ponto de ser suficiente para cobrir com folga o déficit comercial recorde projetado para os bens de capital, de R$ 27,6 bilhões, e o saldo negativo de petróleo e derivados (R$ 11,4 bilhões). "Só preço das commodities tem contribuído positivamente para a desempenho da balança comercial, e isso é perigosíssimo porque não temos alternativas se a conjuntura mundial mudar", afirma o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. "É exatamente aí que mora o perigo. Se houver um furo na bolha de especulação das commodities, o saldo comercial poderá se reduzir bastante", observa Silveira.

Recuo - Castro sustenta a avaliação de que os preços em alta estão garantindo o desempenho da balança comercial baseado numa lista de 18 commodities agrícolas e metálicas. De acordo com a relação, todas essas commodities subiram em dólar no mês passado na comparação com igual período de 2007 e dois terços delas tiveram queda nas quantidades exportadas, na mesma base de comparação. No rol das maiores quedas de quantidades estão o óleo de soja e a carne bovina. Em junho, as quantidades exportadas de óleo de soja recuaram 27,3% ante igual período de 2007. O aumento nos preços em dólar do produto foi de 81%.

Carne - No caso da carne bovina, o acréscimo dos preços em dólar no mês passado foi de 57,3% em relação a junho de 2007 e queda de 25,7% nas quantidades enviadas ao exterior. Para este ano, a RC Consultores projeta que as carnes (bovina, suína e de aves) isoladamente vão responder por quase 22% do saldo comercial do agronegócio e a soja em grão, por cerca de 21%. Juntos, garantirão quase 80% do superávit da balança comercial. (O Estado de S. Paulo)

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