BIOGESTORES: Produtor rural já vende energia elétrica
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Uma resolução normativa da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) que passou quase despercebida quando foi regulamentada, em dezembro de 2009, transformou produtores rurais de consumidores a vendedores de energia elétrica. Isso é possível a partir da construção de biodigestores em suas propriedades que permitam o aproveitamento da biomassa residual -ou seja, de todo tipo de dejeto animal ou sobras de cultura. A resolução da Aneel, de 15 de dezembro de 2009, permite que qualquer distribuidora de energia elétrica pode fazer chamadas públicas para comprar eletricidade produzida por biodigestores. É a chamada geração distribuída, que amplia o modelo energético brasileiro.
Itaipu - "O modelo brasileiro sempre foi geração, transmissão e distribuição. Agora, com a resolução, o micro, o pequeno e o médio produtor viram agentes geradores", diz Cicero Bley Jr., coordenador de energias renováveis do Parque Tecnológico Itaipu, da Itaipu Binacional. Desde 2006, Itaipu trabalhava no programa de geração distribuída e foi em uma granja de São Miguel do Iguaçu (615 km de Curitiba) que o programa mostrou sua viabilidade técnica. Durante 2008, José Carlos Colombari, 46, e o filho Pedro Antônio, 18, geraram energia elétrica a partir do biogás para a Copel (Companhia Paranaense de Energia Elétrica) em caráter experimental.
Chamada pública - Superados os receios sobre a qualidade da energia gerada diretamente para as linhas de distribuição, a Copel passou a pagar, na modalidade de chamada pública, a energia gerada pelos Colombari. Desde fevereiro do ano passado, a maior despesa mensal fixa da granja virou renda para a família. Neste ano, Colombari aumentou seu plantel de suínos de 3.000 cabeças (por ciclo de engorda de 120 dias) para 5.000 cabeças, basicamente pensando na venda de energia.
Negócio - "A energia virou um negócio, não mais um insumo." Como subproduto do biogás, os Colombari deixaram de comprar o equivalente a R$ 40 mil em fertilizantes químicos (a fórmula NPK), que foram substituídos pelo biofertilizante obtido a partir da biomassa residual depois de separada do gás metano.
Lar - O sucesso dos Colombari levou a Cooperativa Agroindustrial Lar, de Medianeira (PR), a implantar três projetos, que hoje já vendem energia excedente à Copel. Os biodigestores da cooperativa aproveitam biomassa residual de uma unidade produtora de leitões e das unidades industriais de aves e vegetais.
Pecuária leiteira - Já no município de Céu Azul (PR), a fazenda Starmilk, que produz 30 mil litros de leite por dia, aderiu à geração distribuída produzindo energia elétrica a partir dos dejetos da pecuária leiteira. O biogás para gerar energia elétrica também tem sua versão urbana em Foz do Iguaçu, onde a Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná) implantou o sistema em uma estação de tratamento de esgoto na cidade. (Folha de São Paulo)