Brasil não explora potencial de crescimento, afirma FMI

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A festa para comemorar o pagamento antecipado da dívida do Brasil com o FMI (Fundo Monetário Internacional) foi marcada por um sermão econômico no qual o antigo financiador, e agora "parceiro", apresentou as receitas que deveriam ser seguidas nos próximos anos. Na avaliação do diretor-gerente do FMI, Rodrigo Rato, uma série de reformas ainda é necessária porque, apesar dos avanços obtidos pela economia brasileira nos últimos anos, o Brasil não está aproveitando todo o seu potencial de crescimento. Por várias vezes durante o discurso e na entrevista concedida após a cerimônia, Rato enfatizou esse problema. "Ainda há vários desafios a vencer para que o país alcance seu vasto potencial de crescimento sustentado e atenda aos anseios e às necessidades de seu povo. O ritmo de crescimento melhorou recentemente, mas estou certo de que o Brasil pode ir ainda mais longe", disse Rato, para quem o Brasil crescerá, neste ano, "a uma taxa robusta de cerca de 4%". O número é inferior aos 5% prometidos pelo ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última reunião ministerial de 2005.

Mais ambição - "O crescimento brasileiro está acelerando e entrando numa fase de crescimento em torno de 4%, o que é importante. Mas o Brasil deve ter objetivos mais ambiciosos a médio prazo", discursou Rato, ao ressaltar que "muitos ainda vivem na pobreza" no Brasil. O modelo sugerido para os próximos anos é o mesmo aplicado desde o final de 1998, quando o país iniciou o ciclo de acordos financeiros com o Fundo que acabou agora: melhoria do esforço fiscal para reduzir a dívida, mais liberdade orçamentária, autonomia do Banco Central, mudança nas leis trabalhistas e ampliação do mercado de crédito. A receita foi apresentada ontem, em cerimônia no Palácio do Planalto, na presença do presidente Lula e dos ministros Palocci, Dilma Rousseff (Casa Civil), Luiz Dulci (Secretaria Geral), e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, além dos técnicos da equipe econômica e de convidados do setor financeiro.

Pagamento antecipado - O evento foi organizado pelo governo para marcar o pagamento antecipado de dívida de US$ 15,6 bilhões que o país tinha com o FMI e que venceria somente em 2007. A lista de convidados ilustres do setor privado incluía nomes como Roberto Setubal (Itaú), Benjamin Steinbruch (CSN) e Abílio Diniz (grupo Pão de Açúcar), que não compareceram. Rato fez um discurso de quase 20 minutos, mais longo do que o de Lula e de Palocci. Dilma aparentava mau humor durante a cerimônia -ela é a principal crítica da política de Palocci. (Folha Dinheiro).

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