CAFEICULTURA: Produtor quer converter em café as dívidas com governo
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Os produtores de café querem transformar a pesada dívida que contraíram com o governo, estimada em cerca de R$ 5 bilhões, em sacas de café. Pela proposta, o endividamento seria convertido em produto e entregue ao governo ao longo de 20 anos. "Este é o prazo de prorrogação da dívida do café. Não queremos esticar a dívida, queremos uma outra solução", afirmou Gilson Ximenes, presidente do Conselho Nacional do Café (CNC). As discussões com o governo federal já se arrastam há pelo menos três meses, mas não houve avanço. "A cafeicultura está passando por dificuldades e a solução não é a prorrogação das dívidas", disse Ximenes.
Total em sacas - Convertendo o valor total da dívida do setor com o preço da saca de café (base Cepea/Esalq), o governo receberia cerca de 19,5 milhões de sacas como pagamento. Desde o ano passado, o governo trabalha para reduzir seus estoques oficiais do grão, que atualmente giram em torno de 500 mil sacas - os menores volumes da história da cafeicultura ainda nas mãos do governo. Na próxima segunda-feira, um grupo de cafeicultores, lideranças do setor e parlamentares, vão se concentrar na principal praça de Varginha (MG), cidade considerada a capital do café, para uma manifestação. O movimento, denominado "SOS Cafeicultura", pretende sensibilizar o governo para as dificuldades do setor, de acordo com Ximenes.
Entrega dos volumes - De acordo com ele, para a transformação do café em produto, o governo estipularia um preço para o café e converteria a dívida em produto. Os volumes seriam entregues ao longo de 20 anos, o que daria 5% do total do café por ano. "Se os preços estiverem acima do valor estipulado, o produtor tem a opção de vender a saca e pagar o governo em dinheiro. Se o valor estiver abaixo, entregaria em produto", disse.
Preço - A proposta do setor é já definir um preço, que seria usado como base para os próximos anos. O governo não rechaça totalmente a proposta. Mas, segundo Manoel Bertone, secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, o governo prefere que o preço de conversão do café em produto seja definido na época do vencimento da dívida. Mas tudo isso ainda está em discussão.