CÂMBIO: Cooperativas mudam de estratégia

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A Frimesa e a Confepar, duas cooperativas centrais do Paraná que ampliaram suas unidades industriais para exportar produtos lácteos, desistiram do mercado externo e reduziram a produção e as estimativas de receitas para 2006. O câmbio azedou os planos de conquistar consumidores estrangeiros com o queijo e o leite em pó fabricado por elas. Com sede em Medianeira, região oeste do Paraná, a Frimesa é o maior laticínio do Estado e investiu R$ 5 milhões em sua fábrica de queijos em 2003, visando principalmente o consumidor da Coréia. Em maio, no entanto, fez sua última remessa para lá. "Nos primeiros meses de 2006 tivemos prejuízo de 22% nas exportações", disse o diretor-executivo Elias Zydek. A Confepar, de Londrina, no norte do Estado, aplicou R$ 18 milhões em sua estrutura de secagem de leite. Começou a exportar leite em pó em abril de 2004 e fez embarques até novembro do ano passado. "Paramos para não ter prejuízos", explicou o diretor-comercial Gilson Rosa.

Produção - Com a mudança nos planos, as contas também tiveram de ser refeitas. A fábrica da Frimesa tem capacidade para produzir 1,2 mil toneladas de queijos por mês, das quais 900 toneladas eram exportadas. Hoje a produção mensal está em 400 toneladas, e a captação de leite foi reduzida de 850 mil litros por dia para 600 mil. Com isso, a meta de receber 1 milhão de litros por dia ficou mais distante. "Se dependêssemos somente de exportações, estaríamos quebrados", afirmou Zydek, que também enfrenta queda nos embarques de carne suína, neste caso devido a barreiras erguidas após o ressurgimento da febre aftosa no Mato Grosso do Sul e no Paraná.

Faturamento - O que tem ajudado a segurar as receitas da cooperativa é a fábrica de leite condensado inaugurada há um ano, na qual foram investidos R$ 20 milhões. Mesmo assim, o faturamento da Frimesa previsto para o ano já baixou de R$ 578 milhões para R$ 550 milhões - em 2005 ele foi de R$ 489 milhões. Segundo o executivo, a Frimesa conseguia em 2004 receitas mensais de US$ 4 milhões com exportações, sendo US$ 2,5 milhões com queijos, que produz desde 1994. Em 2005, a cooperativa começou a diminuir os embarques e, a partir de novembro, os contratos deixaram de ser renovados. "Trabalhamos 12 meses em pesquisa e desenvolvimento de produto para a Coréia", disse. Também foram conquistados clientes no Chile, Japão e África do Sul. Agora a cooperativa está retomando o projeto de ampliação do abate e industrialização de suínos, que havia adiado por seis meses por conta da aftosa. Cerca de R$ 40 milhões serão usados para aumentar o abate diário de 1,6 mil cabeças para 4,5 mil. O projeto deve estar concluído em 2008. E apesar do revés na exportação de lácteos, a cooperativa avança para Santa Catarina, onde inaugura, no dia 16, na cidade de Aurora, a primeira indústria própria de leite pasteurizado no Estado, que teve investimento de R$ 5 milhões em sua ampliação e modernização.

Confepar - No caso da Confepar, Gilson Rosa disse que a cooperativa exportou no ano passado 1,8 mil toneladas de leite em pó para uso institucional, o equivalente a 10% de sua produção. Enviou o produto ao Iraque, República Dominicana e África. Em 2006 pretendia embarcar 30% do total. No entanto, está produzindo 30% menos que em 2005. "Além de não dar para exportar, o preço está baixo porque as importações aumentaram", disse. Segundo o executivo, o quilo era negociado por R$ 7,50 em julho de 2005 e agora está em R$ 6. O Paraná é o terceiro produtor de leite do país, atrás de Minas Gerais e Goiás. Em 2004, conforme o IBGE, o Estado registrou produção de 2,4 bilhões de litros. Metade foi comercializada como longa vida, 13% pasteurizado, 12% como queijo, 10% em pó e o restante em diversos outros produtos. "A Frimesa e a Confepar eram as únicas que exportavam. Há um enorme potencial para aumentar a produção, mas é preciso ganhar mercados", disse Maria Sílvia Digiovani, secretária-executiva do Conseleite, conselho que reúne representantes de produtores e da indústria. (Valor Econômico)  

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