CLIMA: Lazinski analisa condições climáticas e tendências para os próximos meses

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No decorrer do último mês de junho, observamos uma diminuição nas precipitações em relação à média dos últimos anos nas principais regiões produtoras de grãos do Sul, Sudeste e Centro-oeste do Brasil. Nestas regiões, as precipitações ficaram abaixo da média para a época do ano, apresentando uma irregularidade muito grande na sua distribuição, com as chuvas se concentrando no início de junho, sendo que na última metade do mês choveu muito pouco e em muitas regiões não foram registradas precipitações.

Temperaturas - As temperaturas se comportaram mais ou menos dentro da média esperada para o mês de junho, mas também apresentaram grande variação, ficando abaixo da média para a primeira quinzena e acima da média na última quinzena do mês. Com o clima mais seco da última metade do mês, também observamos uma grande variação nas temperaturas diárias, com grande amplitude térmica entre as mínimas e as máximas.

Baixa umidade - Outro parâmetro que chamou a atenção foi a baixa umidade relativa do ar, que atingiu valores abaixo de 20% nas horas mais quentes do dia na maior parte das regiões acima citadas. Estes valores, normalmente ocorrem entre o final de julho e agosto, mas com a diminuição das precipitações, a umidade relativa do ar atingiu valores abaixo da média para a época do ano, contribuindo assim para uma maior evapotranspiração e o aparecimento do déficit hídrico em algumas regiões, como no Sul do Mato Grosso do Sul, onde as lavouras de trigo já começam a sentir os efeitos da falta de umidade no solo.

Resfriamento - As temperaturas superficiais das águas do Oceano Pacífico Equatorial continuaram apresentando um acentuado resfriamento no decorrer de junho, associado também ao resfriamento das águas superficiais próximas a costa do litoral Sul e Sudeste do Brasil, em relação aos últimos meses, conforme podemos observar na figura 01. Este resfriamento já deixou uma extensa área do Oceano Pacífico Equatorial com temperaturas superficiais do oceano abaixo da média (figura 01). Com isto, estamos passando rapidamente de uma situação de neutralidade climática para um novo episódio de "La Nina".

Próximos meses - Para os próximos meses, os modelos de previsão de longo prazo, continuam mantendo a tendência de resfriamento das águas do Oceano no Pacífico Equatorial, conforme podemos observar na figura 02.  Com isto, teremos a influência do fenômeno climático "La Nina" nos próximos meses, fenômeno este, que deve influenciar nosso clima, durante as safras de inverno e verão. Com este prognóstico, continuamos com as tendências do último boletim, onde devemos observar precipitações abaixo da média para os próximos meses, com uma distribuição mais irregular, podendo apresentar alguns períodos de estiagem, mas que não devem comprometer o desenvolvimento das lavouras de inverno, no Cetro-sul do Brasil. Já na Região Centro-oeste, a antecipação do período seco deve aumentar o déficit hídrico. Para o segundo semestre deste ano, com os prognósticos climáticos indicando a continuidade da "La Nina", a tendência é de que as precipitações se tornem mais irregulares, intercalando períodos de muita chuva, com períodos maiores de pouca ou nenhuma precipitação, com possibilidade de períodos de estiagem mais prolongados, mais para o final do ano.

Variações - Para as temperaturas, continuam os prognósticos de grandes variações, intercalando períodos mais quentes, com entradas de massas de ar frio de forte intensidade, que devem provocar mudanças bruscas nas temperaturas, com quedas acentuadas. Os extremos devem se acentuar. Possibilidade de frio tardio.  (Luiz Renato Lazinski, meteorologista/INMET/MAPA)

Fig.: 01 - Anomalia da temp. da superfície do mar, última semana. (Fonte: CPTEC/INPE)

Fig.02 - Prognóstico da anomalia da temperatura da superfície do mar. (Fonte: CPC/NOAA).

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