COCARI: Café natural e premiado

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Um café cremoso com sabor que lembra baunilha e amêndoa. Foi com dez sacos desses grãos que a produtora Olívia Faustinoni da Silva, de Mandaguari, a 35 quilômetros de Maringá, venceu o último Concurso Nacional ABIC de Qualidade do Café. Trata-se da mais recente conquista da cafeicultura local que, neste ano, foi premiada outras vezes e desponta como um pólo de qualidade da cultura. A chácara de Olívia, assim como outras da região, é de pequeno porte e se volta para uma produção menor, porém mais qualificada, no que é chamado pelos especialistas de "café gourmet". Para se ter uma ideia, a cafeicultora, que tem 77 anos e há dez trabalha na cafeicultura, produz cerca de 200 sacas por safra.

Processo minucioso - O degustador da cooperativa Cocari, que congrega 2,5 mil cafeicultores entre os municípios Marialva e Mandaguari, Mário da Silva, explica que os processos de colheita e secagem são minuciosos. O grão é colhido no que é conhecido como sistema de pano. "O produtor coloca um pano sob os pés de café, que são chacoalhados para que caiam somente os frutos maduros. Depois disso, a secagem é feita em terreiros suspensos, que evitam a umidade e a consequente fermentação."

Manejo cuidadoso - Além do manejo cuidadoso, o clima da região também contribui para apurar a qualidade da planta. "A altitude facilita a maturação do café, enquanto o clima equilibrado de sol e chuva propicia grãos uniformes e encorpados", explica Silva. Isso também deixa o produto mais cremoso e menos ácido. Olívia destaca ainda o método orgânico que aplica na própria lavoura, que fica em uma área de reserva ambiental, o que restringe o uso de agrotóxicos. "Todos aqui na região são incentivados a cuidar muito bem da lavoura. A Emater e a Cocari prestam ótima assistência técnica. Foi com eles que aprendi a plantar café", conta.

Mitos - Na opinião do engenheiro agrônomo Florindo Dalberto, que já presidiu o Iapar e hoje trabalha na organização do Concurso Café Qualidade Paraná, também vencido por produtores da re­­gião de Mandaguari, as sucessivas premiações da cafeicultura local contribuem para derrubar o mito da baixa qualidade do café paranaense. "O nosso café sempre foi produzido de forma extensiva. Já fomos os maiores produtores do mundo. O problema é que isso afetava a qualidade do produto. A partir de década de 1990, adotamos um novo padrão tecnológico e a qualidade da safra está crescendo", explica. Ele estima que cerca de 30% das lavouras se dediquem a essa produção mais qualificada e menos volumosa, com destaque para regiões como Norte Pio­­neiro, Noroeste e Oeste. "O nosso desafio agora é aumentar também a qualidade das lavouras que produzem de forma extensiva."

Grão fará parte de série limitada - Em abril de 2010, o café produzido por Olívia Faustinoni da Silva fará parte de uma série limitada dos melhores cafés nacionais, elaborada pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). O produto será vendido em redes varejistas e lojas gourmet de diferentes pontos do país. A entidade promete, durante o processo de torra e moagem, manter as características dos grãos. Também comporão a edição limitada os outros oito finalistas do 6º Concurso Nacional ABIC de Qualidade do Café. O critério da premiação foi o valor do lance dado por lote. O de Olívia, que concorreu na categoria café natural, foi arrematado pela cooperativa Cocari, também de Mandaguari, por R$ 1.501 a saca de 60 quilos. A premiação ocorreu em Salvador (BA).

Melhor entre os melhores do país - O 6º Concurso Nacional de Qualidade do Café foi disputado por nove lotes vencedores de concursos realizados em cinco estados: Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Cinco lotes concorriam como Cereja Descascado e quatro na categoria Café Natural. As provas estaduais reuniram 4 mil cafeicultores. Minas Gerais e Paraná saíram vencedores.Os lotes finalistas foram selecionados por um júri integrado por classificadores, provadores e profissionais de compra de diversas indústrias. Todas as provas são "cegas", ou seja, os lotes são codificados, sem identificação de produtor, fazenda, região ou estado. Cada jurado avaliou os lotes apontando notas para seus atributos. Com base nessa avaliação, as empresas, individualmente ou em consórcio, deram os lances no leilão - estabelecendo-se, assim, o ranking de classificação. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)

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