COMÉRCIO EXTERIOR: Agronegócio limita queda das exportações estaduais
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Os embarques de produtos industrializados continuam em queda livre, mas, graças ao agronegócio, o Paraná conseguiu melhorar seus números no comércio exterior. No mês passado, as exportações do estado somaram US$ 1,12 bilhão, com recuo de 5,6% em relação a abril de 2008 - queda bem menos drástica que a registrada nos três primeiros meses do ano, quando as vendas haviam caído quase 30%. O resultado também foi melhor que o da média brasileira: em todo o país, as exportações recuaram 12,4% no mês.
Categorias - Entre as dez principais categorias de produtos exportadas pelo Paraná, cinco tiveram vendas maiores em abril - e todas são ligadas ao agronegócio. As exportações de soja em grão subiram aproximadamente 27%, as de farelo, 75% e as de açúcar, 40%. Também foram maiores os embarques de carnes (0,4%) e alimentos (3%). Por outro lado, as vendas de veículos caíram quase 30% no mês. Os embarques de máquinas e equipamentos tombaram 40% e os de madeira, 48%.
Produtos essenciais - "As exportações de produtos essenciais, como são os alimentos, acabam limitando os efeitos negativos da crise", avalia Gustavo Machado, consultor da GT Internacional, empresa especializada em comércio exterior. "Os alimentos são a última coisa que alguém deixará de consumir e o Brasil, como grande produtor, tende a se beneficiar."
Soja - As vendas de soja e derivados têm subido em razão do bom patamar dos preços, da crescente demanda da China e dos problemas climáticos e políticos de uma grande concorrente, a Argentina. Com a quebra da safra local e o limite imposto pelo governo às exportações, os argentinos estão perdendo o mercado chinês para o Brasil.
China - Em abril, a China não importou açúcar paranaense, como fez nos três meses anteriores. Em compensação, a Índia seguiu comprando grandes quantidades do produto. Os dois países - que são, respectivamente, o segundo e o terceiro maiores produtores mundiais de açúcar - foram afetados por quebras de safra e tiveram de recorrer ao Brasil para recompor seus estoques. Nessa toada, o Paraná elevou em 65% as vendas do produto no primeiro quadrimestre.
Hegemonia - O predomínio do agronegócio tem reflexos nítidos no ranking das 40 maiores empresas exportadoras do estado. Entre as 15 que conseguiram elevar seus embarques nos quatro primeiros meses do ano, 14 são do setor, entre cooperativas, tradings e usinas de açúcar. A exceção é a curitibana Aker Solutions, fabricante de equipamentos para exploração de petróleo, que dobrou suas exportações no período, para US$ 25 milhões.
Produtos industrializados - Por outro lado, empresas como Renault, Volvo, Bosch e Case New Holland viram suas vendas cair pela metade. Com isso, os produtos industrializados, que há um ano respondiam por 62% de todas as exportações paranaenses, agora têm participação de 51%; a fatia dos produtos básicos, por sua vez, subiu de 36% para 47%.
Municípios exportadores - Outro sinal dessa hegemonia do campo aparece no ranking de municípios exportadores. Dos 20 principais, apenas sete elevaram suas vendas: Paranaguá, sede de várias tradings, e seis municípios do interior. Curitiba, Araucária e São José dos Pinhais, que têm perfil mais industrializado, reduziram suas exportações em 38%, 41% e 42%, respectivamente. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)