COMÉRCIO EXTERIOR: Brasil trata agora de acertar agenda com os EUA
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Menos de duas semanas após a reunião presidencial dos Bric, Brasil, Índia, China e Rússia, apontados como as futuras potências mundiais, o governo brasileiro começa a acertar sua agenda com o país de maior poder do planeta, os Estados Unidos. Na próxima semana, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, viaja a Washington, para reunir-se com o secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner. Além de ouvir de Geithner a avaliação do governo Barack Obama sobre a crise financeira, Mantega quer acertar com ele uma agenda conjunta, para as Américas e para as instituições multilaterais.
Propostas - Mantega mantém reserva, ainda, das propostas que pretende discutir com Geithner. Se provocado, certamente dirá que a equipe econômica do governo Lula não trabalha com alterações tão cedo na arquitetura monetária mundial, que mantém o dólar como principal moeda de reserva e referência nas transações do planeta.
Bric - As discussões mantidas pelos Bric sobre alternativas aos EUA, são tratadas, pela equipe do ministro, como discussões teóricas, validas como exercício acadêmico para cenários de longo prazo. A aposta da equipe econômica é na estabilização do dólar, principal moeda usada nas reservas internacionais do país. Mantega quer recuperar o projeto que existiu no passado, de cooperação entre as equipes do Brasil e dos EUA, lançado logo após o primeiro encontro entre George W. Bush e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Conhecido como "Group for Growth", a iniciativa deveria ter gerado projetos conjuntos de apoio a pequenas e médias empresas e incentivo ao aumento da produtividade e do crescimento econômico, mas afundou em discussões burocráticas de ações de pequeno alcance, segundo avaliação do ministério.
Agenda conjunta - Na conversa com Geithner, que precede um encontro de ministros do G-20, as economias mais influentes, no segundo semestre, Mantega quer estabelecer uma agenda conjunta para as questões bilaterais, os temas multilaterais (como a crise e a nova arquitetura financeira mundial) e assuntos regionais - como o financiamento de empreendimentos e investimentos nas Américas.
Crise - O governo brasileiro acredita que ainda não há sinais de retomada sustentável da economia mundial, mas que é evidente o arrefecimento da crise. Sem melhorar, a situação, pelo menos, parou de piorar, acreditam os economistas do governo. Mantega quer checar essa impressão com o secretário do Tesouro americano, para saber quais as previsões do governo Obama em relação à retomada do crescimento e qual a avaliação sobre a saúde do sistema financeiro. Mantega pretende ainda alinhar sugestões para apoiar investimentos entre empresas americanas no mercado brasileiro e de brasileiras no mercado americano. (Valor Econômico)