COMÉRCIO EXTERIOR: Exportação do PR cai pela 1.ª vez em 2 anos
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Os dados consolidados da balança comercial de outubro, divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do governo federal, revelam de forma oficial o primeiro grande baque sofrido pela economia do Paraná desde o agravamento da crise global. As exportações de produtos paranaenses somaram US$ 1,215 bilhão em outubro, valor 2% inferior ao registrado no mesmo mês de 2007. Trata-se da primeira baixa nesse tipo de comparação em quase dois anos - a última havia sido registrada em novembro de 2006. Combinado a essa retração, houve um avanço de 62% nas importações, que atingiram US$ 1,577 bilhão, fazendo com que o saldo da balança mensal do estado ficasse negativo pela primeira vez desde fevereiro.
Desaceleração - Referentes a um período em que as empresas já enfrentavam uma violenta retração nas linhas de crédito para exportação, os dados da balança de todo o Brasil também apontam uma desaceleração que, no entanto, não foi tão forte quanto a do Paraná. De setembro para outubro, as vendas brasileiras recuaram 8% - as do Paraná caíram quase 11% -, ao passo que, na comparação com outubro de 2007, o Brasil conseguiu elevar os embarques em 17%. A principal explicação para essa diferença está na pauta de exportações. No caso paranaense, produtos como soja e madeira têm peso maior, e esses dois itens estão entre os que registraram quedas mais fortes no mês passado. Em valores, os embarques de ambos despencaram, respectivamente, 66% e 23%. Entre os dez principais grupos de mercadorias exportadas pelo estado, soja e madeira foram os únicos a recuar em outubro. Mesmo assim, influenciaram de forma decisiva o desempenho geral.
Dinâmica dos preços - O problema da indústria madeireira é antigo. O segmento era penalizado pela desvalorização do dólar e, agora que a moeda norte-americana está em alta, a demanda externa praticamente sumiu. No caso da soja, a baixa está vinculada à dinâmica dos preços do grão, explica Flávio Turra, gerente técnico-econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Segundo ele, as cotações internacionais começaram a subir com força no segundo semestre de 2007, quando a safra já estava encerrada. Muitos produtores, que haviam segurado o produto, foram estimulados a exportar nos últimos meses do ano.
Exportação de álcool paralisou - "Em 2008, ocorreu praticamente o oposto. Os preços atingiram seu pico histórico na época da colheita, e boa parte das exportações foi realizada naquele período. Por isso, atualmente já não há tanta soja para exportação", explica Turra. "E, com a forte queda dos preços, quem ainda tem estoque provavelmente segurou o produto." A falta de linhas de crédito, denunciada por vários setores, também pode ter prejudicado os embarques. Nesta semana, usineiros afirmaram que, por conta da escassez de Adiantamentos de Contratos de Câmbio (ACCs), a exportação de álcool praticamente parou a partir de meados de outubro, restrição parcialmente captada pela Secex - em valores, as vendas do produto caíram 37% de setembro para outubro.
Destaques positivos - Entre os destaques positivos do mês passado, aparecem carnes, com alta de 37% sobre outubro de 2007, açúcar (+99%), e papel e celulose (+18%). Surpreendentemente, grupos como veículos e acessórios, e máquinas e equipamentos ainda conseguiram ficar no azul, com altas de, respectivamente, 8% e 3%. Apesar do mau desempenho do mês passado, no acumulado de 2008 a balança paranaense ainda exibe algum fôlego. Desde janeiro, as exportações somaram US$ 13,399 bilhões, com alta de 30% sobre os dez primeiros meses de 2007, e ainda acima do valor das importações - US$ 12,565 bilhões, 73% a mais que em 2007. O superávit, no entanto, despencou 73%, para apenas US$ 834 milhões. (Gazeta do Povo)