COMÉRCIO EXTERIOR: Gripe aviária eleva as exportações de milho

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O Porto de Paranaguá, principal embarcador de grãos do país, exportou no primeiro semestre deste ano quase 1,5 milhão de toneladas de milho – volume 141% superior ao registrado durante todo o ano passado (621 mil toneladas). Até o fim do ano, a meta do porto é repetir o desempenho de 2004, quando foram exportadas 3,54 milhões de toneladas de milho. Segundo analistas, o crescimento se explica pela sobra do produto no mercado interno, causada principalmente pelo aumento de 18% na produção da safra 2005/2006, a queda de 10% na produção de frangos por conta do recrudescimento da gripe aviária no mundo, a seca nos Estados Unidos e a retenção de parte da safra anterior, que resultou num grande estoque de passagem para este ano.

Estoque - “Os produtores seguraram o produto, esperando que o preço melhorasse”, explica Flávio Turra, gerente técnico e econômico do Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Tanto que o volume exportado por Paranaguá em 2005 foi o menor dos últimos cinco anos. Está sobrando milho no Brasil. O país consome cerca de 39 milhões de toneladas anuais. A oferta, nesse primeiro semestre, se aproximou das 45 milhões de toneladas – 41,5 milhões da safra e 3,2 milhões que sobraram do ano anterior. Desde o início do ano, os criadores brasileiros de frango – setor que absorve a maior parte do milho produzido – reduziram em 10% a produção, para 330 milhões de cabeças abatidas por mês. Com a queda das exportações de frango, por causa do temor da gripe aviária, eles decidiram produzir menos, para evitar a queda do preço da carne no mercado interno.

Oferta - A Coamo, com sede em Campo Mourão (Noroeste), responsável por 24% das exportações de grãos das cooperativas brasileiras, registrou no primeiro semestre deste ano um crescimento de 156% nas exportações de milho, em comparação com o mesmo período de 2005. Segundo Roberto Petrauskas, superintendente comercial, de janeiro a junho deste ano a Coamo já embarcou 300 mil toneladas do produto, contra 117 mil no ano passado. Apesar de ser a única saída, para não provocar uma queda ainda maior dos preços no mercado interno – pela superoferta –, a exportação de milho não está sendo um negócio vantajoso, por causa da valorização do real. De acordo com estudo da Ocepar, o produtor paranaense recebe cerca de R$ 11 a saca de 60 quilos, valor abaixo do custo de produção, que atinge R$ 14,85 a saca. “O agricultor comprou os insumos quando o dólar valia R$ 2,90 e está vendendo a produção com o dólar a R$ 2,20”, compara Petrauskas. (Gazeta do Povo)

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