COMÉRCIO MUNDIAL II: Acordo mínimo na OMC divide empresários do país
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O empresariado brasileiro está dividido sobre os rumos das negociações da Organização Mundial de Comércio (OMC), que chegam a uma fase decisiva, com negociações esta semana em Genebra. Alguns representantes do setor privado pedem que o Brasil seja " firme " nas discussões que acontecem esta semana em Genebra e propõem uma " virada de mesa " . Outros empresários recomendam " cautela " e aceitam um acordo pouco ambicioso, desde que a indústria não tenha que ceder ainda mais. Mesmo entre os empresários do setor agrícola - um setor competitivo e favorável à liberalização - existem divergências. Setores que sofrem com os subsídios americanos, como algodão, soja ou arroz, descartam um resultado pouco ambicioso e preferem apostar suas fichas nos tribunais da OMC. Já os setores cujos interesses estão concentrados em acesso a mercados, caso das carnes bovina e de frango, podem preferir um pequeno aumento de cotas e corte de tarifas do que sair das negociações de mãos abanando.
O que pensa o agronegócio - "O momento é de ser firme e exigir que seja cumprido o mandato de Doha " , defende Pedro de Camargo Neto, um dos maiores especialistas em comércio internacional do país e presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Carne Suína (Abipecs). Ele não acredita que a OMC estará em risco se os países não conseguirem chegar a um acordo. " Isso é pressão psicológica dos Estados Unidos e da Europa " , afirma. Um dos maiores temores da diplomacia brasileira é que a entidade perca importância se houver um impasse nas negociações da rodada. O presidente do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), Marcos Sawaya Jank, afirma que existe o risco de os países reduzirem suas ambições para um acordo mínimo. " Isso seria muito ruim. Mas o que é inaceitável, é um retrocesso " , frisa. Jank teme que o governo aceite a criação de mecanismos que tornariam o acesso dos produtos agrícolas do Brasil ainda pior do que antes do início da rodada. É o caso das salvaguardas especiais para países em desenvolvimento, que podem permitir que nações como China e Índia elevem suas tarifas para a soja e o açúcar do Brasil. (Com informações de UOL Economia)