COMMODITIES II: Maior oferta de trigo derruba cotação
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A queda dos preços do trigo no mercado interno em entressafra preocupa o produtor, que se prepara para uma colheita recorde de 5,2 milhões de toneladas, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No Paraná, os preços caíram 17% em 30 dias, para R$ 32,73 a saca de 60 quilos, ou R$ 545,50 a tonelada. No Rio Grande do Sul, a Emater registra recuo de 3%, para R$ 31,04/saca (R$ 517/tonelada). A pressão vem da maior produção mundial de trigo, estimada pelo Conselho Internacional de Grãos (IGC) em 662 milhões de toneladas, 54 milhões de toneladas mais que em 2007. Nos EUA, os contratos de trigo hard e soft caíram 8% em julho. O setor produtivo reconhece que, no auge da colheita, em setembro/outubro, os preços dificilmente estarão acima do valor mínimo de garantia fixado pelo governo, de R$ 28/saca ou R$ 466/tonelada.
Expectativa - "Essa queda de preço preocupa porque o produtor plantou esperando vender trigo acima dos R$ 500 a tonelada", diz o assessor econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Flávio Turra. O assessor técnico da Emater-RS, Ataides Jacobsen, concorda: "Receio que teremos dificuldade com o trigo este ano." Paraná e Rio Grande do Sul, com 90% da safra nacional, ampliaram a área este ano. Além da produção nacional, que começa a ser ofertada no fim do mês, a indústria terá uma oferta adicional de 900 mil toneladas de trigo argentino. Até o fim de agosto estão previstos mais desembarques de trigo americano e canadense, adquirido dentro da cota de 2 milhões de toneladas sem Tarifa Externa Comum (TEC). E, em novembro, a Argentina colhe nova safra, estimada em 14 milhões de toneladas, para um consumo interno de 6 milhões de toneladas. No Brasil, o consumo de trigo é de 10 milhões de toneladas/ano.
Superoferta - "Haverá superoferta de trigo no segundo semestre", prevê o diretor-presidente do Moinho Pacífico, Lawrence Pih. Para ele, os preços internos vão cair e a situação será "mais dramática" para o produtor gaúcho, que produz essencialmente trigo soft, usado pela indústria de massa alimentícia. Segundo Pih, considerada a produção gaúcha e do sudoeste paranaense, "serão 2,5 milhões de toneladas de trigo soft, quando a demanda brasileira para este tipo é de 1,5 milhão de toneladas." Para o moageiro, o excedente deverá ser exportado, sob pena de pressionar mais os preços internos. (Estadão)