CONCORRÊNCIA: Setor tritícola reclama de trigo argentino

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Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Samuel Hosken, a invasão de farinha de trigo da Argentina aumentou significativamente, tornando a concorrência para os moinhos brasileiros ainda mais injusta. A situação é mais grave nos Estados do Paraná, São Paulo, e Rio de Janeiro, onde o produto argentino (saco de 25 kgs) está sendo vendido com preço 25% inferior ao produto nacional - ou seja, de R$ 5 a R$ 6 mais barato que o produto comercializado pelos moinhos brasileiros. Em decorrência das limitações impostas, a partir de maio, pelo governo argentino para exportar trigo, o preço do grão subiu para o moinho brasileiro, chegando a custar US$ 165/ton (FOB). No país vizinho, em compensação, com o aumento da oferta interna de trigo, o preço do grão caiu para cerca de US$ 140/ton para os moinhos argentinos, barateando significativamente o custo de produção naquele país.

Subsídio - Além disso, em vez de pagarem 20% de imposto de exportação, os produtos argentinos pagam apenas 5%, por conta de subsídio oferecido pelo governo argentino. Neste subsídio se enquadra a categoria de pré-mistura de farinha. Aproveitando os benefícios deste subsídio, os moinhos argentinos têm exportado ao Brasil grandes quantidades de farinha de trigo, classificando-as como mistura de farinha sem que ela apresente características necessárias para classificá-la como tal.A indústria argentina acrescenta sal, ou outro ingrediente inócuo na farinha, e a classifica como mistura. Assim, os órgãos argentinos a aceitam como mistura de farinha, oferecendo a isenção, mas na verdade, ao chegar ao Brasil, ela é consumida como farinha de trigo padrão, concorrendo de forma injusta com essa categoria de produto no país, segundo a Abitrigo.

Apelo - A concorrência desigual dos produtos argentinos fica ainda mais acentuada com o aumento da entrada de farinha subfaturada no mercado brasileiro. Outra ação do governo argentino tem sido pressionar os exportadores daquele país - os traders argentinos, a exportarem mais farinha de trigo para o Brasil. Diante deste cenário, a indústria brasileira não está conseguindo competir de forma justa com o produto argentino, o que vem causando redução da produção de farinha no país e, conseqüentemente, aumento da ociosidade dos moinhos - hoje em torno de 40%, bem como o risco de desemprego. Atualmente, o setor de trigo no Brasil gera aproximadamente 35 mil empregos diretos e mais de 2 milhões indiretos. Por este motivo, a Abitrigo está solicitando maior envolvimento do governo federal, por meio do Ministério da Agricultura, Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior e Receita Federal, para reverter a atual situação, que afeta toda a cadeia produtiva do trigo, bem como a economia brasileira de modo geral. (Folha Online).

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