CONFEPAR: Importação de produtos lácteos preocupa lideranças do setor

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A importação de produtos lácteos é atualmente o grande problema da pecuária de leite brasileira, de acordo com o presidente da Confepar, Renato Beleze. A afirmação foi feita na manhã desta quarta-feira (22/04), em Curitiba, quando esteve reunido com o presidente e com o superintendente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski e José Roberto Ricken, respectivamente. Segundo Beleze, somente nos três primeiros meses do ano, o Brasil importou cerca de 25 mil toneladas de leite em pó da Argentina, volume superior a toda a importação do produto feita em 2008 pelo país. "Isso é muito negativo porque não dá espaço para que o preço do leite suba para o produtor brasileiro. Essas importações desleais vêm em detrimento à produção nacional, já que muitas vezes elas são feitas com dumping e subsídios lá fora. Se não fosse essa importação, os pecuaristas brasileiros poderiam estar experimentando de R$ 0,05 a R$ 0,10 a mais no preço do leite. Então, isso está atrapalhando muito a produção de leite nacional", afirma Beleze.

PEP - Segundo o presidente da Confepar, a entrada do leite em pó da Argentina prejudicou inclusive as ações promovidas pelo governo federal para regular o mercado, como os leilões do PEP - (Programa de Escoamento de Produção). "O que se importou de leite da Argentina em um mês já atrapalhou todo o esforço que o governo fez durante o final do ano passado até este ano através do PEP. Se a gente não conseguir resolver esse problema no curto prazo, provavelmente nós podemos observar, a partir de julho, uma queda no preço do leite ao produtor, que já está baixo. O valor deve ficar entre 20% e 30% inferior em relação ao ano passado", diz Beleze. Atualmente, o preço médio do leite pago ao produtor, no Paraná, está na faixa dos R$ 0,63 o litro.

Mobilização - Para reverter a situação, as lideranças ligadas ao setor leiteiro têm se mobilizado junto ao governo federal, com reuniões já realizadas nos Ministérios da Agricultura, Desenvolvimento Agrário, entre outros. "Nós estamos tentando, de várias maneiras, barrar essas importações tentando demonstrar, principalmente, o dumping feito nesse leite. Outra preocupação nossa é com a qualidade do produto que está entrando no país e também com o preço. Na última importação ocorrida aqui no mês de março, o preço médio praticado ficou em 1700 dólares a tonelada, sendo que o Brasil mesmo está exportando  leite a uma média de 2500 a 2700 dólares a tonelada. Como o leite pode vir tão mais barato da Argentina, se os preços são regulados pelo mercado mundial?", questiona Beleze. Os produtores também têm dúvidas sobre a origem desse produto. "Pode estar havendo uma triangulação, como aconteceu no passado. Vem leite subsidiado de outros países que entra no Mercosul, via Argentina, já que a TEC (Tarifa Externa Comum) na Argentina é menor que no Brasil, lá é 16% e aqui é 27%. Então, o produto entra por lá e pode chegar aqui ao Brasil, prejudicando os nossos produtores", diz.

Mercado interno -  Em relação ao mercado interno, Renato Beleze avalia que o cenário ainda é favorável. "O mercado interno está se comportando de maneira positiva. A estiagem que está ocorrendo no Sul do País está possibilitando um aumento de preço para o consumidor e também para o produtor. Então, esperamos que, nos próximos meses, a perdurar os efeitos da seca, continuem aumentando os preços ao produtor . É um horizonte bom, porém, não nos mesmos patamares do ano anterior". "Este ano nós estamos um pouco apreensivos com relação a volume de leite e consumo no mercado final. Ainda estamos esperando os efeitos que essa crise pode provocar no consumo das famílias. No primeiro trimestre já houve um decréscimo nesse no consumo das famílias brasileiras, mas a produção também foi bem menor em relação ao ano passado. Então, nós estamos avaliando e, no momento, o mercado ainda está favorável e a gente espera nos próximos três meses que os preços elevem um pouco mais ao produtor", acrescenta.

Confepar - A Confepar Agro-Industrial Cooperativa Central está localizada em Londrina, Norte do Estado, e possui oito cooperativas filiadas: Colari, Corol, Cocafé, Cofercatu, Copagra, Cativa, Coamig e Coopleite. Trabalha atualmente com o recebimento diário de 800 mil litros de leite. Desse total, 50% é destinado à produção de leite em pó; 30% longa vida e 20% pasteurizado. Há quatros anos, a Cooperativa atua na exportação de leite em pó. Em 2008, 5 mil toneladas foram vendidas para a África, Oriente Médio e América Latina. "Nós continuamos a acreditar na atividade leiteira, apesar deste ano estar mais está mais difícil devido ao aumento nos custos de produção. Com relação aos produtores, nós estamos fazendo um trabalho na questão de tecnologia, de redução de custos com pastagem, continuamos com o centro de recria para entregar animais de qualidade aos produtores, e a gente vem fazendo um trabalho muito forte de melhoria na indústria de Londrina", afirma Beleze

 

Indústria - Entre os meses de julho a agosto, a Confepar deve concluir todo o processo de automação da planta de Londrina. "Além de reduzir os custos significativativamente, também melhorará a questão de segurança alimentar pois vai permitir a rastreabilidade de uma forma bem mais eficiente", afirma Beleze. Ainda de acordo com ele, este ano, a Confepar também concluiu a instalação da  plataforma de resfriamento e concentração de leite em Pato Branco."A gente tem aproveitado esse momento para melhorar a eficiência de todos os setores da Confepar, reduzir os custos, melhorar a qualidade. Também estamos evoluindo muito nas ferramentas de gestão interna" acrescenta. "Este ano a gente está segurando os investimentos mais em função do próprio mercado; esperando uma nova perspectiva para a questão da exportação e agora também para a questão da importação, que está causando muita preocupação para o segmento como um todo", completa.

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