Cooperativa cresce na opção pelo atacado
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A Cooperativa Integrada, sediada em Londrina e que completa dez anos de atuação na próxima terça-feira, comemora os bons resultados de um caminho diferente do trilhado pela maioria das organizações de agricultores do Paraná. Enquanto as demais buscam as gôndolas dos supermercados, com a industrialização de produtos para o varejo, a Integrada apostou no atacado, com a fabricação de matéria-prima elaborada. Hoje, fornece derivados de produtos agrícolas para algumas das maiores indústrias brasileiras, de ramos tão diversos quanto o têxtil, o alimentício e o siderúrgico. A Integrada não se arrepende da opção. Apesar do tempo curto de vida, já é a quarta entre as cooperativas agropecuárias do Paraná, com faturamento de R$ 967 milhões em 2004. "O varejo não faz parte dos nossos planos imediatos, porque exige uma grande linha de produtos, ampla rede de representantes e grande estrutura logística de distribuição?, afirma o superintendente da cooperativa, Jorge Hashimoto. Hoje, as duas indústrias de processamento de milho, localizadas em Andirá e Cambará (Norte Pioneiro), e a fiação de algodão, em Assaí (Norte), respondem por 15% do faturamento.
Clientes - As unidades de milho extraem 15 subprodutos das 130 mil toneladas do grão processadas anualmente. Para as indústrias de cereais matinais e salgadinhos ? entre elas a Elma Chips, líder do setor ?, a Integrada fornece farinha. A polpa do grão é vendida à multinacional brasileira Ambev, para a fermentação da cerveja. As 500 toneladas mensais de óleo bruto são exportadas para a Europa. A semolina é absorvida por indústrias siderúrgicas, que a utilizam no processo de separação entre o minério de ferro e a sílica (componente da crostra terrestre utilizado nas indústrias de materiais de construção e cerâmica). A processadora de algodão da Integrada produz 500 toneladas de fios por mês, de seis tipos. Os clientes são as malharias de todo o país, principalmente do pólo têxtil catarinsense, na região de Blumenau. Um desses compradores é a Hering. Segundo Hashimoto, a cooperativa é obrigada a comprar algodão de outros estados, principalmente nesta safra, devido à crise que a cultura atravessa no Paraná (leia reportagem nesta página).
Crise - A Cooperativa Intregada nasceu de uma crise. Em 1995, com a falência da gigante Cotia, que atuava em vários estados e tinha forte presença no Norte do Paraná, um grupo de produtores de Londrina decidiu criar uma organização própria. Investiu inicialmente na estrutura de recebimento e armazenagem da produção dos cooperados. Agora, segundo Hashimoto, a meta é a industrialização dos demais produtos recebidos dos cooperados: soja e trigo. Embora a soja represente 40% do recebimento, toda essa produção ainda deixa a cooperativa in natura. A verticalização (industrialização da produção recebida) total está contemplada em um plano de investimentos para os próximos cinco anos, cujo valor não é revelado. A atual crise da agricultura ? agravada pelo valorização do real e a seca que afetou a safra passada ? poderá retardar esses planos. Pela primeira vez, a Integrada terá redução de faturamento em 2005, com um recuo de 25% sobre os valores do ano passado. (Gazeta do Povo)