COPENHAGUE: Brasil já admite contribuir com fundo verde global
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Na reta final das negociações, o Brasil passou a estudar a hipótese de contribuir para o fundo de combate ao aquecimento global. Até agora o país havia descartado essa possibilidade, uma exigência dos países ricos para aumentarem sua participação. Se for o caso, a proposta brasileira será apresentada no limite, especialmente se ela servir para constranger os países desenvolvidos a apoiar um acordo mais amplo em Copenhague. "Eu só falo quando tiver tudo acertado", disse Lula ao final de um dia de encontros no hotel D´Angleterre, um dos mais luxuosos da Dinamarca. "Tem muita gente para conversar ainda", disse o presidente, ao se despedir do primeiro-ministro da Dinamarca, Lars Rasmussem, presidente da conferência do clima. Lula parecia cansado.
Lula falou ainda, por telefone, com o presidente dos EUA, Barack Obama, mas não foram divulgados detalhes da conversa.
Negociação política - A CoP-15 entrou nesta quarta-feira (16/12) na fase da negociação política, após mais de uma semana de discussões técnicas. O presidente Lula encontrou-se com governadores brasileiros da Amazônia e líderes estrangeiros, entre os quais Gordon Brown, primeiro-ministro do Reino Unido. A ministra Dilma Roussef também teve reuniões bilaterais. No final do dia, deu entrevista na qual voltou a negar a possibilidade de o Brasil tomar a iniciativa de contribuir para o fundo verde a fim de facilitar as negociações. Segundo a ministra, o Brasil já contribui com US$ 5 bilhões em financiamentos concedidos a outros países para investimentos em obras que ajudam a reduzir a emissão de gases do efeito estufa. A ministra enfim anunciou os números que o Brasil deve gastar nos próximos anos nas ações de mitigação: cerca de US$ 166 bilhões.
Compromisso voluntário - Esse valor refere-se ao compromisso voluntário do Brasil de diminuir as emissões de gases de efeito estufa entre 36,1% e 39,8% até 2020, de acordo com o projeto aprovado pelo Congresso há menos de duas semanas. Dilma e o ministro Carlos Minc criticaram a proposta dos países mais ricos em relação à parte que deve caber a cada um no fundo de combate ao aquecimento global. "Somos a favor de compromissos comuns, mas diferenciados. Esses países [ricos] têm 200 anos de desenvolvimento e de acúmulo de riqueza, por isso não concordamos", disse Dilma. Minc acrescentou: "Daqui a pouco, os EUA vão dizer que são um país em desenvolvimento."
Análise - Embora Dilma insista em negar a contribuição voluntária do Brasil, por entender que essa deve ser uma iniciativa dos países ricos, fontes ligadas às negociações disseram ao Valor que o governo brasileiro efetivamente analisa a hipótese de contribuir para o fundo, uma das exigências feitas pelos mais ricos aos países em desenvolvimento como o Brasil e a China. O assunto foi tema da reunião de Lula com os governadores dos Estados que integram a bacia amazônica. Esteve presente também o governador de São Paulo, José Serra. (Valor Econômico)