CRÉDITO RURAL: Governo alavanca mais R$ 5,5 bi para a agricultura

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O Conselho Monetário Nacional aprovou na terça-feira (14/10) mais duas propostas do Banco Central que mudam as regras do depósito compulsório. As alterações vão injetar R$ 3,6 bilhões na economia e também vão direcionar mais R$ 5,5 bilhões para crédito rural. Anteriormente, o Banco Central havia informado que os valores para o crédito agrícola seriam da ordem de R$ 4,5 bilhões. A estimativa, no entanto, foi alterada para R$ 5,5 bilhões. O compulsório é a parcela do dinheiro depositado pelos clientes que os bancos precisam recolher junto ao BC. Esse mecanismo ajuda a autoridade monetária a controlar a quantidade de dinheiro que circula na economia.

Mais dinheiro para o crédito - A primeira mudança é a redução na alíquota do compulsório sobre depósitos à vista, de 45% para 42%. A medida terá efeito a partir do dia 1º de novembro deste ano até o dia 30 de junho de 2009 e vai colocar mais R$ 3,6 bilhões nos caixas dos bancos, aumentando o dinheiro disponível para crédito na economia brasileira.

Crédito rural - A segunda mudança é um aumento na alíquota no direcionamento dos depósitos à vista para crédito rural. Por meio da Resolução nº 3.623, o Banco Central elevou a exigibilidade de aplicação em crédito rural das instituições financeiras de 25% para 30%. A mudança valerá do dia 1º de novembro deste ano até o dia 30 de junho de 2009. "O objetivo do governo é alavancar recursos para compor os R$ 78 bilhões anunciados no Plano Safra. Em função da crise financeira mundial, o governo vem tendo dificuldades para conseguir o montante prometido", explica o gerente técnico e econômico do Sistema Ocepar, Flávio Turra.

Pleito da Ocepar - A preocupação da Ocepar neste momento é que os recursos oriundos das mudanças de regras nos depósitos compulsórios sejam aplicados realmente no setor produtivo e não para compra de títulos. Diante do agravamento da crise financeira internacional, a Ocepar encaminhou um ofício a diversas autoridades, entre os quais, os ministros Reinhold Stephanes (Agricultura), Paulo Bernardo (Planejamento) e Guido Mantega (Fazenda), solicitando que não faltem recursos para atender a demanda dos produtores rurais para custeio da safra 2008/09, para comercialização da safra (AGF, EGF e PEP), recursos para investimentos e também para adiantamento de contrato de câmbio (ACC) para exportações. Como resposta, o governo anunciou três medidas para injetar recursos no sistema de crédito rural, visando atender a demanda no período de plantio da safra 2008/2009, que vai até novembro.

Medidas - A primeira medida foi a antecipação de R$ 5 bilhões das exigibilidades do Banco do Brasil que seriam aplicadas em 2009, mas que serão direcionadas para o crédito rural deste ano. A segunda medida foi a resolução do 3.607 do Bacen que permitiu às instituições financeiras aplicar recursos adicionais de até R$ 2,76 bilhões em suas carteiras agropecuárias na safra 2008/09. Segundo Flávio Turra os recursos são originários da exigibilidade bancária e estavam retidos no Banco Central, por não terem sido emprestados ao setor no período de 1º de julho de 2007 a 30 de junho de 2008. "Somando todos os valores, o governo já direcionou mais de R$ 13 bilhões para o crédito rural. Não atende toda a demanda, mas pelo menos oferece algum recurso a juros mais baixos (6,75% ao ano) na fase de início do plantio", diz Turra.

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