CRISE EUA I: Produtor ainda não sentiu efeitos da crise
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O momento sólido da economia brasileira minimizou os efeitos da crise norte-americana dos últimos dias no agronegócio. A quebra de uma grande instituição financeira e o socorro governamental a outras duas empresas, que afetaram economias no mundo, não causaram impacto no mercado dos produtos agrícolas e os preços permaneceram estáveis. A soja e milho não tiveram alteração no mercado interno após a turbulência no mercado americano. A soja esta semana ficou no patamar dos R$ 46,00 a saca. O milho oscilou entre R$ 20,00 e R$ 21,00, também estável.
Demanda deve diminuir - Para os analistas, a crise preocupa vários setores e repercute em economias em todo o mundo, seja nos países centrais ou nos emergentes. Segundo Flávio Turra, gerente técnico econômico do Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), produtores vão se ressentir da redução no ritmo de crescimento no mundo."Haverá diminuição pela demanda de alimentos e isso vai impactar as economias dos países produtores", avalia. A curto prazo, o Brasil não deve sentir efeitos negativos, em função da boa situação econômica e de reservas cambiais. Mas segundo Turra, os impactos vão atingir o setor em dois ou três meses, sobretudo no mercado externo. "Nessa época haverá a percepção da retração da economia dos países compradores dos produtos brasileiros", diz o técnico.
Preços menores - Dessa forma, os preços serão menores, o que acabará neutralizando os ganhos que os exportadores terão com a movimentação do câmbio dos últimos dias. Nesta semana, o dólar teve altas significativas, chegando a alcançar R$ 1,90, maior valor desde setembro de 2007. A médio prazo poderá haver também evasão de recursos, com reflexos no câmbio. A crise norte-americana pode afetar também os rumos da próxima safra. Flávio Turra avalia que poderá haver diminuição nos investimentos, o que interferiria diretamente na produtividade. Isto porque, segundo ele, parte dos recursos é captada no exterior e terá custo maior, o que fatalmente irá aumentar a dívida dos produtores.
Cooperativas - O especialista afirma que o setor se ressente menos de oscilações da economia global por uma mudança de comportamento dos produtores brasileiros. Ele destaca o papel das cooperativas que têm desenvolvido um trabalho para assessorar os associados no planejamento estratégico da atividade.
Empreendedorismo - Opinião semelhante tem a técnica da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Gilda Bozzi. Para ela, os produtores atualmente são mais empreendedores, organizam planilha de custos, cronograma de comercialização e viabilizam o uso das tecnologias. "Hoje a Faep treina os produtores a proteger seus produtos, principalmente na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuro)", exemplifica. (Folha de Londrina)