CRISE FINANCEIRA II: Governo avalia ampliar vencimento de ACCs
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A crise financeira e os efeitos sobre o agronegócio também foi a pauta de uma segunda reunião, ontem (11/11), em Brasília, e que contou com a presença do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, do secretário-adjunto de Microfinanças e Política Econômica do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, do presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski, além de representantes de tradings e bancos.
Governo busca solução mais abrangente - Diante do cenário de elevação nos custos de produção, sinalização de preços ruins para a comercialização e restrições cadastrais provocadas por dívidas com fornecedores, o governo busca uma solução mais abrangente para a crise de crédito que prejudica principalmente os produtores de soja e algodão do Centro-Oeste. Durante a reunião, foi solicitado ao ministro Stephanes mais rapidez na solução desses entraves. Uma alternativa seria aumentar de 180 para 360 dias o prazo dos Adiantamentos de Contratos de Câmbio (ACCs) e reduzir as taxas de juros cobradas pelos bancos.
Redução na oferta de crédito - Antes da piora da crise financeira global, os produtores tinham acesso a várias linhas de "pré-pagamento" operadas por bancos internacionais ao custo de variação cambial mais um juro fixo e prazo de até 420 dias. A linha servia como custeio, sobretudo para produtores de algodão. Com o recuo desses bancos, a fonte secou e a disputa por outras linhas, aliada à aversão por riscos, fez desaparecer a oferta de novos créditos. Em Mato Grosso, por exemplo, estima-se a necessidade de US$ 500 milhões em ACCs para garantir o plantio da atual safra e o conseqüente cumprimento de contratos de entrega assumidos há duas safras. "Vamos ter uma redução de 30% na área plantada", estima o vice-presidente da Ampa, Carlos Augustin. Na dúvida, boa parte dos produtores deve migrar para a soja, que tem mais liquidez, mas que não cobre os custos gerados por safras anteriores de algodão.
Injeção de recursos - Sem caixa para garantir os investimentos feitos até aqui, as cooperativas agropecuárias pediram "medidas urgentes" ao governo para garantir uma injeção de ao menos R$ 10 bilhões no segmento. As sociedades querem leilões "carimbados" de ACCs e a garantia de até R$ 2,5 bilhões para uma linha de capital de giro.
Capitalização - As cooperativas também pediram uma linha exclusiva de R$ 1 bilhão para capitalização nos ramos agropecuário e de crédito. Também exigiram uma participação mais decisiva do governo na comercialização da nova safra, com elevação de R$ 3 bilhões em recursos para a Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM). As empresas querem, ainda, a liberação das garantias reais oferecidas em financiamentos anteriores, além de um aumento das aplicações do BNDES no setor rural, limitada a 3,5% do orçamento do banco até 2014.
"Crédito encolheu" - Nas conversas de ontem, dirigentes de instituições financeiras, entre elas Bradesco, Santander e Banco do Brasil, defenderam sua posição ao afirmar que "o mercado de crédito encolheu" e reclamar que o Banco Central fez "apenas dois leilões" de ACCs com prazos curtos de 180 dias. As tradings, representadas por executivos de ADM, Bunge, Dreyfus e Cargill, informaram ao governo ter emprestado ao setor o mesmo volume de recursos da safra anterior. Os produtores, representados por Ampa, Aprosoja, Aiba e Ocepar, reclamaram crédito adicional, já que os custos de produção aumentaram de forma violenta na comparação com a safra passada.
Confira AQUI a íntegra do documento entregue pelo Sistema Cooperativista ao Ministro Stephanes.
(Com informações Valor Econômico)