CRISE FINANCEIRA: Koslovski participa de reunião da OCB com Stephanes
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Preocupado com os efeitos que a crise financeira vem causado no agronegócio brasileiro, o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas e o presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski, e outras lideranças do setor cooperativista se reúnem nesta terça-feira (11/11), com o ministro da Agricultura Reinhold Stephanes para discutir o cenário internacional e avaliar impactos negativos já causados pela turbulência internacional. Os dirigentes cooperativistas vão aproveitar a oportunidade para entregar ao ministro uma Agenda Positiva do Cooperativismo Agropecuário, contendo propostas que podem amenizar os efeitos da crise no agronegócio. As medidas sugeridas pelo setor cooperativista visam, principalmente, ampliar a oferta de recursos para custeio e comercialização, diminuir o risco sobre os empréstimos concedidos através de garantia de renda e fazer com que os agentes financeiros sintam confiança no setor produtivo para operacionalizar as linhas de financiamento, e, por conseqüência, reduzam as atuais restrições de acesso a crédito.
Impactos no Brasil - A crise financeira vem causando impactos negativos sobre as economias de países e empresas no mundo todo, devido, principalmente, à redução da oferta de crédito e, conseqüentemente, retração no consumo. No Brasil, o agronegócio também sente os efeitos da crise. Além dos problemas com as receitas de exportação, existem impactos provenientes da elevação das taxas de juros e da redução da oferta de recursos para financiamento do custeio, comercialização, exportação e investimento. Segundo o presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, o governo está sendo competente na adoção e anúncio de medidas, sendo que o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes tem um papel importante neste contexto e na articulação com o Ministério da Fazenda. "O problema é a que, apesar dos esforços do governo em disponibilizar mais recursos para apoiar o setor produtivo, o dinheiro não está chegando na ponta", frisa Koslovski, lembrando que as incertezas geradas pela crise mundial estão fazendo com que uma significativa parcela dos agentes financeiros seja seletiva na liberação de crédito. "A combinação de menor oferta de crédito, seletividade e aumento dos juros comerciais estão provocando aumento de custos de produção, prejudicando a rentabilidade do setor. O apelo que faremos ao ministro Stephanes na reunião desta terça-feira é para que haja uma forte atuação do governo junto aos agentes financeiros para que o dinheiro realmente chegue ao produtor rural", afirma o dirigente.
Alocação de recursos - Uma das sugestões do setor cooperativista é que o governo disponibilize recursos adicionais de crédito para custeio no montante de R$ 20 bilhões, visando atender à demanda não atendida dos produtores. Outra sugestão refere-se à liberação de recursos do FAT para aplicação em crédito rural com taxas de juros controladas e reduzir para zero as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras - IOF nos financiamentos de crédito rural.
Preços mínimos - As propostas que serão entregues ao ministro Stephanes e que tratam de temas diretamente ligados à crise financeira internacional, incluem ainda medidas como a correção dos preços mínimos dos produtos agrícolas estipulados pelo PAP - Plano Agrícola e Pecuário 2008/09. De acordo com levantamento feito pela OCB, e que contou com o apoio da Ocepar, os atuais preços mínimos não cobrem os custos operacionais de produção. Outro problema é que o início da vigência dos preços mínimos da safra 2008/09 ocorrerá a partir de janeiro de 2009, o que significa que para os produtores que estão comercializando a safra neste momento, os preços mínimos em vigência, são os da safra 2007/08. Portanto, além da necessidade de correção dos preços mínimos, faz-se necessária a sua antecipação para início de novembro de 2008.
Comercialização - Outra medida que pode auxiliar o setor produtivo envolve a oferta de recursos para financiamento da comercialização da safra em montante suficiente para viabilizar o seu escoamento, especialmente, para o trigo e o milho através dos seguintes instrumentos de comercialização: PEP, contrato de opção e EGF. O setor cooperativista sugere ainda alocar recursos para a comercialização do leite cujos preços estão em queda ao longo dos últimos meses.
Confira a seguir outras propostas que serão entregues pelos dirigentes cooperativistas ao ministro Stephanes:
Programas do BNDES
Os investimentos das empresas, previstos para os próximos anos, devem ser reavaliados, devido aos riscos de desaceleração da economia mundial nos diferentes setores. Já ocorre retração nos investimentos em andamento e suspensão dos projetos previstos, principalmente, os investimentos programados com a alavancagem de recursos externos e provenientes do mercado acionário.
Propostas:
•Garantir recursos para dar continuidade aos projetos de investimento enquadrados nos programas previstos no Plano Agrícola e Pecuário 2008/09.
•Disponibilizar às empresas do agronegócio, via BNDES, 30% do montante dos recursos do depósito compulsório dos bancos junto ao Bacen (R$ 100 bilhões), que foram liberados como medida de atenuação da crise visando dar liquidez ao mercado financeiro.
Capital de giro
Com o agravamento da crise financeira, o comércio internacional está fluindo em ritmo bem mais lento que o habitual. Desta forma, para as empresas com receitas baseadas em exportação, grande quantidade de produto tem permanecido em estoque por mais tempo, o que gerou dificuldade para capital de giro nas empresas. Desta forma, o agravamento da crise e a falta de disponibilidade de crédito geraram séria dificuldade para obtenção de capital de giro pelas empresas.
Propostas:
•Destravar as linhas de crédito para capital de giro e viabilizar a renovação das operações existentes.
•Prorrogar os vencimentos dos financiamentos de capital de giro, investimentos (FINAME, BNDES Agropecuário, BNDES Automático, FINEM - Financiamento a Empreendimentos, dentre outros) e comercialização das empresas do setor produtivo que vencerão nos próximos 120 dias até normalizar a situação de aperto de oferta de recursos.
•Criar linha para financiamento do capital de giro para as cooperativas nos moldes da Resolução nº 3.629/2008 que disponibiliza recursos para a construção civil no montante de R$ 2,5 bilhões.
•Renegociar a parcela de financiamento do Programa FAT - GIRO RURAL a vencer em 2008 e 2009 para pagamento a partir de 2010.
Apoio à exportação
O dólar mais caro é prejudicial para os importadores. Para as exportações, a desvalorização do Real é benéfica, principalmente por que o setor exportador estava sofrendo com o Real valorizado. Como o agronegócio brasileiro exporta cerca de 60 bilhões de dólares e importa cerca de 8 bilhões, a valorização do dólar frente ao real é positiva. Para a agropecuária o ganho cambial na exportação, decorrente da desvalorização do real, foi anulado pela queda nas cotações dos produtos nos mercado internacionais. Metade das exportações brasileiras - o equivalente a US$ 100 bilhões - é financiada por bancos no exterior. Com isto as empresas brasileiras, principalmente as exportadoras, vêm sentindo as conseqüências da escassez de crédito no mercado bancário internacional, o que preocupa governo e empresários e o que vem trazendo, portanto, dificuldade no financiamento das exportações. Como decorrência, em agosto, o volume de crédito para exportação revelou-se 32% menor do observado em abril do ano passado.
Propostas:
•Garantir recursos para ACC para exportação de produtos agrícolas, através dos bancos públicos e privados.
•Abrir Linha de Crédito com recursos das reservas internacionais, para compensar as empresas exportadoras do agronegócio, em razão da desvalorização do câmbio.
•Avaliar as posições tomadas com moeda estrangeira e elaborar programas de recomposição dessas dívidas.
•Criar linha específica de ACC, CPR e Penhor para as cooperativas.
•Permitir o alongamento dos prazos de pagamento de ACC's contratados com prazo inferior a 360 dias.