CRISE FINANCEIRA VI: Apreciação do dólar é uma proteção para o setor agrícola
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Os efeitos da crise financeira não têm sido tão intensos para o agronegócio paranaense. A apreciação do dólar e o cumprimento de contratos já firmados são alguns dos fatores que tornam o segmento mais ''blindado''. As exportações, por exemplo, de produtos derivados do setor devem crescer mais de 20% neste ano, comparado com 2007, atingindo US$ 1,3 bilhão, segundo projeções do Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Já a indústria avícola deve fechar o ano com aumento de 20% no volume exportado sobre 2007. Este resultado, inclusive, irá elevar o Paraná ao topo do ranking do comércio, ultrapassando Santa Catarina.
Buscar novos mercados - ''É claro que o momento é de por as barbas de molho. Mas temos que administrar bem, fazer o dever de casa, buscar novos parceiros no mercado internacional e rever o posicionamento no mercado interno'', diz Martins. No último mês o setor exportou cerca de 360 mil toneladas. Já o presidente da Corol, Eliseu de Paula, lembra que a apreciação do dólar reflete em mais reais no bolso dos exportadores. ''O único problema é que o custo de produção pode subir, mas os produtores já fizeram aquisição de insumos e, portanto, estão preparados'', comenta.
Exportações - Do total de negócios firmados pela Corol, 20% são de exportação. No entanto, o índice pode chegar a 50% se for considerado negócios indiretos, firmados com tradings exportadores. São negociados suco de laranja, café, açúcar e soja. Por enquanto, o problema está na restrição de crédito. As instituições financeiras já subiram suas taxas de juros mesmo sem o aumento da taxa Selic. ''Há menos dinheiro no mercado e o dinheiro está mais caro. Mas acredito que a crise é temporária, momentânea; as soluções virão até o final do ano'', estima ele. Eliseu de Paula acrescenta que uma crise chega ao setor de alimentos mais tarde, com exceção das indústrias que dependem de importações de trigo.
Preços internos - Já o gerente do Departamento de Operações de Mercado da Cooperativa C. Vale (com sede em Palotina), Valentim Squisatti, comenta que os preços internos da soja estão se desvinculando das cotações externas. ''Devido ao período de entressafra negócios domésticos oferecem, nesse momento, melhor remuneração que as exportações, tendo em vista o maior custo com frete para transferir a soja para Paranaguá'', diz Squisatti. Segundo ele, a cooperativa utiliza parte da sua produção de soja - de 14.160 milhões de sacas - para a produção de rações para frango. ''Assim, poucos contratos de exportação estão sendo fechados e, portanto, a alta do dólar pouco está interferindo na rentabilidade desses negócios'', justifica. (Com informações Folha de Londrina)