CRISE II: Diretores do BC dos EUA acham que o pior da recessão já passou

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Dois dos principais membros do Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos EUA) sugeriram no sábado (17/04) que o pior da crise financeira já passou no país. Donald Kohn, vice-presidente do Fed, e William Dudley (diretor da unidade regional do banco em Nova York) defenderam os cortes de juros e as injeções de capital na economia como forma de reativar o crescimento americano. Os diretores foram questionados sobre a crise durante uma conferência na Universidade de Vanderbilt, em Nashville (no Estado do Tennessee). Para eles, a economia real ainda vai demorar algum tempo para mostrar os efeitos das medidas anticrise, mas o Fed e o governo têm sido bem-sucedidos em agir para retomar o crescimento.

Recuperação do mercado de crédito - Para Kohn, o "número dois" do Fed, a política em direção a uma taxa inflacionária de 2%, mais que um valor mais baixo, dá ao banco mais espaço para atuar em tempos de crise. "Essa flexibilidade poderia nos ajudar a facilitar ainda mais o crédito se a economia se mostrar resistente aos estímulos fiscais e monetários que já foram concedidos", disse. Ele afirmou que, até agora, têm funcionado as tentativas do BC dos EUA para restaurar os mercados de crédito e recuperar a economia. Entre as decisões já tomadas pelo Fed está a redução da taxa de juros do país para algo entre zero e 0,25%. William Dudley, presidente da unidade regional mais importante do Fed, afirmou que os programas emergenciais estão funcionando, apesar de muitos investidores ainda estarem assustados com os altos gastos propostos pelo governo para salvar bancos e as montadoras --no total, os pacotes do governo americano podem passar de US$ 1 trilhão. A disputa política sobre os bônus dos bancos fez com que alguns investidores repensassem sobre colaborar com as medidas do Fed, disse. "É bom enfatizar que o que leva os investidores a correr determinados riscos, especialmente em um cenário de crise como esse, é o poder de garantir de crédito a taxas de juros interessantes."

Fluxo de crédito - Kohn destacou, no entanto, que qualquer expectativa por uma recuperação duradoura depende do sucesso do governo em estabilizar os mercados financeiros e fazer com que o fluxo de crédito seja restabelecido. "A situação nos mercados financeiros e na economia poderia ter sido muito pior se o Fed não tivesse agido como agimos", afirmou. O vice-presidente do Fed foi questionado por Paul Volcker, ex-presidente do Fed e chefe do conselho assessor para a recuperação da economia do governo. Conhecido por seus cortes agressivos nas taxas de juros para conter a inflação nos anos 80, Volcker afirmou que a queda brusca na atividade econômica americana no fim de 2008 --marcado com a quebra do banco Lehman Brothers, em setembro-- pode não ter levado os EUA a uma "grande depressão", mas colocou o país em uma grande recessão com certeza. "Nenhum de nós havia presenciado uma diminuição da atividade econômica com a velocidade vista no ano passado", disse.

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