CRISE NO CAMPO VII: Grito não resolve

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Joelmir Beting

O Grito da Terra, buzinado nesta ter ça-feira pelos trabalhadores rurais, da Contag, na Esplanada dos Ministérios e nos gabinetes da Câmara e do Senado, e o Grito do Ipiranga, movimento liderado por governadores de nove Estados agrícolas em transe e recebidos pelo presidente Lula - esses Gritos não vão mudar o curso da política cambial negativa - para quem anda exportando mais câmbio ruim do que preço bom.

O governo reafirma que o câmbio é flutuante e vai continuar flutuando em regime de oferta e de entrada bem maior que o de demanda e de saída. A tal ponto que o próprio governo, no corte do Orçamento da União para este ano, reprojetou o dólar médio deste ano para R$ 2,16, abaixo dos R$ 2,43 do ano passado. O que significa dizer que as lavouras de grãos, tripuladas pela soja, vão continuar perdendo dinheiro, trabalho e tempo nesta safra já injetada no mercado - tal como ficaram no prejuízo na safra passada.

Para evitar que haja nova quebradeira na próxima safra, o governo limita-se a prometer para a semana que vem um pacote de bondades verdes dentro do Plano de Safra 2006/2007, com medidas compensatórias nos créditos, nas dívidas e nos contatos. Mas nada a fazer, por enquanto, nos transportes e no câmbio.

Ou, como já foi dito aqui: se os preços não reagirem de fora para dentro, a Crise do Campo 2006 vai virar a Crise da Cidade 2007.

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